Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Pensilvânia, Wisconsin e Nevada foram em 2020, os sete estados que decidiram as eleições. Na altura, Biden logrou vencer em 6 desses estados: em dois deles por menos de 12 mil votos, em dois outros, por menos de 35 mil e finalmente nos outros dois com uma vantagem de cerca de 235 mil votos. Já Trump apenas venceu na Carolina do Norte, mas por uma diferença de cerca de 80 mil votos.
Continuará a ser nestes estados que estarão concentradas todas as atenções para se saber quem será o 47º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA). São os swings states.
Nos estados que contribuem com maior número de votos para o colégio eleitoral, Califórnia, Texas, Florida e Nova York, o saldo eleitoral foi favorável a Biden por cerca de 4,8 milhões de votos, traduzidos em 17 delegados a mais. E isto porque este processo é conhecido como “winner-takes-all” (o vencedor leva tudo). Tanto faz ganhar por um milhão de votos ou por apenas um, que todos os votos do colégio eleitoral são para o vencedor.
Alcançar o número mágico de 270 delegados (metade mais um) é o que torna possível a eleição. Este sistema faz com que a eleição não dependa diretamente do voto popular nacional, mas sim dos resultados dos swing states, se quisermos, estados-pêndulo. É este sistema que torna possível que o candidato que obtenha mais votos populares, possa não ser o eleito. Aconteceu em 2016 com Hillary Clinton / Trump e em 2020 com Gore / Bush, com a eleição dos candidatos republicanos.
21 de julho poderá ser a data que marcará estas eleições. Foi nesse dia que Biden desistiu da corrida presidencial. Deixando caminho livre à sua vice, Kamala Harris. Esta conseguiu dar um novo élan à candidatura democrata, que poderá ser expresso por em apenas 24 horas após a desistência do ainda presidente, ter angariado 81 milhões de dólares e de ter obtido o apoio de potenciais adversários, como Nancy Pelosi, a líder do Partido Democrata na Câmara dos Representantes entre 2011 e 2023.
Os apoios sonantes a ambas as candidaturas fazem também manchetes. Nos últimos atos eleitorais a importância dos famosos fez-se notar pelo aumento dos eleitores inscritos. Beyoncé, Springsteen, Julia Roberts, o basquetebolista Magic Johnson, o rapper Eminem, Taylor Swift e Bill Gates alinham na equipa azul (democratas) enquanto os vermelhos (republicanos) têm o apoio dos músicos country Jason Aldean e Lee Greenwood, o ator Zachary Levi, o rapper Kanye West, mas apresentam como maior estrela Elon Musk, o CEO da Tesla e da Space X. Pelos nomes, ganha Harris. Pelos votos, teremos de aguardar.
Economia, aborto, imigração, alterações climáticas e habitação têm sido temas dominantes. Os candidatos têm posições opostas relativamente ao conflito no Médio Oriente e à guerra Rússia-Ucrânia; Harris é uma ferrenha defensora dos direitos reprodutivos, Trump é manifestamente antiaborto; Kamala fez da luta pela classe média uma questão central da sua campanha e tem como palavra-chave a criação de uma “economia de oportunidades”, enquanto Trump atribui a inflação aos gastos desmesurados da administração Biden e promete criar empregos, aumentar salários e diminuir impostos. A imigração esteve sob a alçada de Kamala enquanto vice-presidente. Criticada por não ter feito o suficiente, promete agora assinar um projeto de lei que reforça a tecnologia para detetar e intercetar estupefacientes e reforçar o contingente policial fronteiriço. Já Trump acena com a maior operação de deportação da história dos EUA. No que ao clima diz respeito, Trump mantém a posição negacionista face às alterações climáticas e retirará os EUA do acordo de Paris. Pretende retirar subsídios à energia eólica e incrementar a exploração de petróleo. Já Harris, entre outras medidas, pretende apostar na energia limpa e respeitar o acordo para o aumento médio da temperatura global, em relação à era pré-industrial, abaixo dos 2ºC. Há uma questão que poderá afetar a Europa com a vitória de Trump: a postura americana face à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Exige que todos os signatários cumpram com um mínimo de 2% do PIB para a defesa. Ameaça os incumpridores de não merecerem proteção, em caso de ataque. Uma nova e perigosa ordem internacional, pode emergir sob o auspício de Donald Trump.
Nos últimos dias as coisas complicaram-se para Kamala. Parecem ser inúmeros os americanos que optarão pelo que consideram um mal menor ou uma crença maior.
Irá Trump para um segundo mandato ou teremos, mesmo perante as dificuldades de última hora, a primeira mulher a liderar os EUA?
Encostem-se no sofá, apertem o cinto, respirem fundo, pois a corrida vai começar!
NOBEL DA PAZ
Este ano, o Nobel da Paz foi atribuído à associação japonesa Nihon Hidankyoa, constituída por sobreviventes das bombas atómicas de Hiroxima e Nagasáqui. Receberam a distinção pelo esforço para alcançar um mundo livre de armas nucleares e demonstrar por meio de depoimentos de testemunhas que as armas nucleares nunca deverão voltar a ser usadas.
Esta associação é composta por sobreviventes da bomba, conhecidos por Hibakusha, que “ajudam a descrever o indescritível, a pensar o impensável e, de alguma forma, a compreender a dor e o sofrimento incompreensíveis causados pelas armas nucleares” lê-se no anúncio do galardão.
Estas testemunhas da história, brevemente deixarão de estar entre nós, mas a memória perdurará e a recordação baseada em testemunhos perdurarão no tempo, a bem da Humanidade.
Nos tempos que vivemos, com o conflito latente no Médio Oriente e na já longa guerra entre Rússia e Ucrânia, agora também com a participação da Coreia do Norte, país detentor de armas nucleares, a escalada poderá ser outra. Putin, ao dar palco a Kim Jong-un poderá estar a escalar o conflito, permitindo a intervenção de terceiros, ainda para mais detentor de armas nucleares. Ora, esta atribuição do Nobel da Paz, pode bem ser um alerta para a possibilidade de um conflito nuclear, chamando a atenção para a via pacifista, recordando as atrocidades e as cicatrizes ainda bem visíveis por todos quantos viveram os acontecimentos de agosto de 1945.
ORÇAMENTO DE ESTADO
Inicia-se esta semana a discussão do Orçamento de Estado. Desde já se sabe que irá ser aprovado. Trata-se de um orçamento apresentado pelo Governo, apoiado pela coligação de centro-direita, mas que se assemelha a um orçamento apresentado por um qualquer partido situado mais à esquerda do espetro político. Daí, nada de mal vem ao mundo. Só duas notas que não mereceram paragonas jornalísticas: uma boa, oriunda do Fundo Monetário Internacional (FMI) que prevê um decréscimo da dívida pública em % do PIB(Produto Interno Bruto), sendo que em 2026, estima-se um rácio da dívida pública em % do PIB de 86,2 %, contra 88%, na Zona Euro; uma menos boa, divulgada por Vítor Gaspar, ex-governante e atual diretor do Departamento de Assuntos Fiscais da mesma instituição, que alerta para o perigo de uma dívida não identificada (escondida) de cerca de 16 mil milhões de euros. A origem da mesma, em Portugal, estará sustentada em avales bancários e encargos ou passivos adicionais com Parcerias Público-Privado (PPP).
Para quem tem uma dívida próxima dos 100% do PIB, esta realidade poderá configurar uma situação complicada, na medida em que cava um fosso face à meta dos 60%.
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