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Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 30 Janeiro 2025
Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Voto e voz: a importância da participação cidadã nas autárquicas

Importa aos famalicenses saber o que prospetivam e como perspetivam os candidatos o futuro famalicense.

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Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Famalicão

1.Dentro de sensivelmente oito meses, o país será novamente chamado às urnas, desta vez para as décimas quartas eleições autárquicas.

As primeiras tiveram lugar no já longínquo ano de 1976 e saldaram-se por uma participação massiva do eleitorado.

Uma curiosidade é o facto de nestas primeiras eleições, apenas 5 mulheres terem sido eleitas para presidirem a Câmaras Municipais: Maria Judite Abreu, em Coimbra; Francelina Chambel, no Sardoal; Maria Lurdes Breu, em Estarreja; Alda Victor, em Vagos; e Maria Odete Isabel, na Mealhada.

Atualmente, nos 308 municípios, apenas 29 têm como presidente, uma mulher.

Em 2021, foram 80 as candidatas comunistas, 45 as socialistas e 31 as social-democratas. O número tem crescido, pois das 162 candidatas em 2013, passou-se para 237 em 2017 e para cerca de 270 em 2021. Daí resultou a eleição de 23 presidentes em 2013, 31 em 2017 e as já referidas 29, em 2021.

Há uma tendência no aumento do número de candidatas, mas que nem sempre é espelhado nos resultados finais.

Sofia Fernandes poderá desejar ser a primeira mulher a gerir o município famalicense.

Em Famalicão foi eleito José Carlos Marinho, sob a bandeira do PPD. Daí para cá, o município teve mais 5 presidentes, quatro do PSD e um socialista. Todos eles foram reeleitos, como tem sido habitual por esse país fora.

Em Famalicão apenas é conhecido o candidato socialista. Eduardo Oliveira protagoniza pela segunda vez a pretensão do regresso ao poder, decorrido 24 anos após a saída do último presidente do partido da rosa. Que fez para merecer ganhar? Nada de nada! Provavelmente por estar deslocado na capital, não acompanhou devidamente o pulsar do concelho. Não se lhe vislumbraram rasgos inovadores, paixão e sobretudo dedicação. Ficou calado quando deveria ter falado. Falou quando o silêncio seria recomendável. A que se deveu não ter sido incisivo, duro, esclarecedor? Nunca foi um agitador do status quo. Manteve-se impávido e sereno quando se exigia compromisso e empenho. Nunca foi o rosto de uma alternativa!

Se Sofia Fernandes cumprir a sua palavra, Mário Passos será o candidato do PSD em Famalicão. E estatisticamente, o candidato a um segundo mandato vence invariavelmente. É este o prognóstico matemático!

Na senda de Odete Isabel, curiosamente também farmacêutica, Sofia Fernandes poderá desejar ser a primeira mulher a gerir o município famalicense, escassos meses após ter sido a primeira líder laranja do concelho. Apesar do presidente da distrital bracarense assegurar a coesão e a aparente normalidade para os lados da Adriano Pinto Basto, vão-se ouvindo rumores de algum mal-estar entre presidente e vereadores.

Para lá dos atores, o que também nos deverá interessar e merecer atenção, serão as propostas, desafios, projetos e sonhos que serão apresentados pelas forças concorrentes.

Em Famalicão apenas é conhecido o candidato socialista Eduardo Oliveira.Que fez para merecer ganhar? Nada de nada!

Sabe-se já que no início do estio, o PS apresentará o seu “programa de governo local”.

Importa aos famalicenses saber o que prospetivam e como perspetivam os candidatos o futuro famalicense. Que Famalicão anseiam, desejam e projetam para daqui a 25 anos? Que compromissos pretendem assumir? Que projetos serão galvanizadores? Que terra pretendem que sejamos? Que prioridades serão assumidas? Que eixos de desenvolvimento serão prioritários?

A demografia, as mudanças climáticas, a mobilidade e o transporte, a habitação, a saúde pública, com ênfase na geriátrica e na mental, a sustentabilidade ambiental, a segurança, o urbanismo e o planeamento, a cultura, a educação nas suas múltiplas vertentes, a inclusão, o crescimento e a expansão, a atração de investimento deverão receber uma abordagem integrada e multidisciplinar de modo a possibilitar a interligação entre os diferentes aspetos da vida urbana.

Planeamento urbano sustentável, inovação tecnológica e participação ativa da população serão essenciais para fazer face aos inúmeros desafios que nos serão colocados nos próximos anos e que poderão garantir um futuro próspero e auspicioso aos vindouros.

Apesar do presidente da distrital assegurar a coesão, vão-se ouvindo rumores de mal-estar entre presidente e vereadores.

As restantes candidaturas, que obviamente respeito, serão meramente para fazer “prova de vida”. Nada acrescentarão. Pelo contrário, servirão para pulverizar votos. Estranho o facto de nunca se terem conseguido entender. Ou melhor, de nunca terem feito a tentativa para tal. De mostrar um projeto comum. De construírem uma alternativa. De gizarem acordos abrangentes.

No país, para além de Lisboa e Porto, serão de seguir os combates que serão travados em Braga, Aveiro, Sintra, Gaia e Setúbal.

Poderá ser interessante seguir os protocandidatos independentes que poderão causar mossa nos ditos partidos do poder. Jonet, em Cascais, Vieira de Carvalho, na Maia e Filipe Araújo, no Porto, são para já, os rostos destas hipotéticas candidaturas.

Interessante será saber qual o desfecho para o CDS nestas eleições. Ressuscitou nas legislativas, ancorado na AD. E agora como se comportarão nas 6 presidências (Ponte de Lima, Vale de Cambra, Albergaria-a-Velha, Oliveira do Bairro, Velas, Açores, e Santana, Madeira) que detêm?

Outra situação a merecer acompanhamento é a do Bloco de Esquerda (BE) para se saber se continuará a ter expressão autárquica significativa. Em 2021 perdeu 19% dos votos expressos, oito vereadores, 25% de deputados municipais e de representantes nas Assembleias de Freguesia. Quo vadis BE?

2. O tempo corre. Os dias vão passando. Momentos reais passam a memórias. Os protagonistas desaparecem. Foi assim com Olivero Toscani e David Lynch. Duas personalidades disruptivas nas respetivas áreas. O primeiro, italiano, fotógrafo, publicitário foi um genial provocador. As campanhas para a Benetton, iniciadas na década de 80, permanecerão ad eternum nas nossas memórias. O segundo foi o cineasta que dirigiu Twin Peaks. Afinal quem matou Laura Palmer? Era a grande incógnita que nos prendia ao ecrã da televisão.

 

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