É de consenso geral que o associativismo genericamente é uma forma relevante de participação cívica, que promove o desenvolvimento cultural, desportivo e social. Contudo, o associativismo não é todo relevante para a sociedade.
Há associativismo que surge para responder a interesses muito particulares, constituído por meia dúzia de indivíduos, que não traz nenhum valor acrescentado para a maioria dos famalicenses e, nesse caso, deveriam ser os próprios a assumir as despesas dessas associações, sem recorrer aos apoios do estado.
Aqui o clientelismo funciona de duas formas: a primeira, o município distribui dinheiro por todas as associações, garantindo o apoio destas, nas eleições seguintes; e a outra forma, é financiar associações de “amigos”, que ninguém conhece, cujo valor social é no mínimo duvidoso.
Há pelo menos uma associação que não é conhecida, ninguém conhece o seu plano de atividades, não tem registo de qualquer atividade nas redes sociais e recebe cerca de 300 mil euros por ano. É obra! Tudo isto pago com o dinheiro dos contribuintes de Famalicão.
O muro do compadrio é muito fácil de explicar, cujo facto relatado anteriormente é bem elucidativo.
Mas existem mais casos: foi denunciado e publicado neste jornal, que há pelo menos um caso de uma avença de cerca de 50 mil ano, com alguém que está politicamente ligado à coligação PSD/CDS e inclusivamente já foi vereador, num executivo anterior.
Quantos mais casos não existirão escondidos, pelo facto da comunicação social local não escrutinar e investigar todos os contratos por ajuste direto, realizados pelo executivo?
O papel da imprensa é de ser contrapoder, acompanhando e questionando as decisões de quem gere os recursos públicos, resultantes dos impostos cobrados aos munícipes (nesse aspeto o Notícias de Famalicão tem cumprido o seu papel).
Por ano, são gastos com contratos e avenças de serviços especializados, cerca de 8 milhões de euros. É muita massa!
Por fim o muro do medo!
Foi publicado por um jornal local, o mais antigo do concelho, uma denúncia de pressão e tentativa de censurar notícias menos abonatórias para o poder que atualmente gere o município. Uma situação gravíssima do ponto de vista da liberdade de expressão.
Curiosamente as explicações que ouvimos por parte da Câmara Municipal só confirmaram o hábito, que consideram normal, que é ligar aos jornais para definir os aspetos estéticos e de conteúdo que estes devem seguir.
Vergonha alheia, mas isto é o comportamento do atual executivo em Famalicão.
Por fim, o medo também existe nos cidadãos para criticarem o que está errado nas decisões municipais, e também em participarem em soluções alternativas. A não participação dos munícipes nas reuniões do executivo, para além da hora e do formato em que decorrem, indicia receio de represálias.
Não quero acreditar que os munícipes considerem normal a forma como os passeios da cidade estão a ser substituídos por esplanadas e rampas metálicas, diminuindo assim a mobilidade dos cidadãos.
Alguns comentários que aparecem nas redes sociais, até são de aplauso, colocados por aqueles que dependem da Câmara Municipal ou tem favores a pagar, seja por empregos aí conseguidos, seja por serem os diretamente beneficiados. É estranho que os prejudicados por estas decisões (os que circulam a pé na cidade), fiquem caladinhos!
E se houvesse dúvidas de que não estar do lado do poder municipal, pode ser prejudicial para os próprios, foram os Presidentes das Juntas de Freguesia de Joane e Castelões que o comprovaram, ao renunciarem às listas do seu partido (PS) para irem como independentes apoiados pela atual coligação PSD/CDS.
Foi o Presidente da Junta de Castelões que disse preto no branco, que ter o apoio dos partidos que atualmente gerem o Município, facilitava muito as suas tarefas.
A continuidade ou não deste muro da vergonha em Famalicão depende de si e dos restantes eleitores famalicenses. Por mim, no próximo outono, o muro vai cair!
Comentários