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Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 21 Novembro 2024

“Temos uma governação despesista. Gastos duplicaram com Paulo Cunha”

Entrevista com José Bilhoto, candidato do Iniciativa Liberal à presidência da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.

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Famalicão

É filho de figuras histórias do CDS de Famalicão, mas aparece na cena autárquica como candidato da Iniciativa Liberal.

 A minha mãe e o meu pai foram militantes do CDS e o meu tio Almeida Pinto foi durante muitos anos presidente do CDS. A minha mãe foi candidata à Câmara nos anos 80. Na família sempre tivemos esta esta ligação à política, esta necessidade de fazer a intervenção pública e tentar melhorar um pouco a vida na nossa cidade e até do nosso país. A minha candidatura surge de um convite que me fizeram porque eu tenho alguma intervenção não oficial, mas oficiosa, e tenho também algumas preocupações em relação ao futuro da nosso do nosso concelho e ao futuro do nosso país. Em relação ao nosso concelho, tenho reparado que as coisas podiam estar muito melhor. Acho que Famalicão e os famalicenses merecem bastante mais do que o que tem.

Que problemas é que Famalicão tem que precisam da sua candidatura para serem resolvidos?

Somos o terceiro concelho mais exportador do país e devíamos ser um concelho em que as pessoas vivessem bastante melhor. Só para dar uma ideia em relação aos municípios que estão aqui à nossa volta – estou a falar de Braga, Guimarães, Barcelos, Santo Tirso, Trofa, Vila do Conde, Póvoa – só estamos à frente de Santo Tirso e de Barcelos em termos de poder de compra. Todos os outros estão à nossa frente e nós não podemos estar a viver pior que todos esses municípios. Para além disso, Famalicão têm taxas e impostos que dependem da Câmara e que são dos mais altos de todo o distrito de Braga. Nós estamos em penúltimo lugar em termos de taxas e impostos municipais, nomeadamente no IRS e no IMI. Eh e isso é uma coisa que urge resolver. Nós não podemos ter impostos tão altos e um poder de compra abaixo dos outros municípios.

Quais são as suas três principais propostas?

A primeira proposta é a redução de impostos, que é uma medida administrativa. No dia que entrarmos para a Câmara é um objetivo que nós podemos cumprir. Nós podemos reduzir a taxa de participação no IRS que está quase na taxa máxima (4,5%) e reduzi-la para zero no próprio dia em que entrarmos para a Câmara. Isto vai significar que as pessoas vão ficar com mais dinheiro no seu bolso e usufruir uma parte maior do seu rendimento. Outra medida é sobre o IMI. Nós pretendemos baixar de 0,35% para 0,3%, que é a taxa mínima, e também vai significar que as pessoas vão ter mais do seu rendimento.

Também temos uma proposta no sentido da liberdade de escolha nos serviços de saúde e de educação. O Estado, por insuficiência económica, está a transferir competências para as autarquias, nomeadamente na área da saúde e da educação, e nós pretendemos aceitar essas essas competências. Pretendemos que as pessoas possam escolher aquilo que é melhor para elas e também ter o direito a dar uma palavra acerca dos nossos serviços. Nós não podemos ter o hospital degradado como está e não ter uma palavra acerca disso. Com os centros de saúde acontece exatamente o mesmo. Nós temos centros de saúde que estão muito degradados e as e a câmaras municipais têm poucas competências a esse nível. A nível da educação, somos, como toda a gente sabe, um município que foi muito prejudicado com o fim dos contratos de associação. Quero lembrar às pessoas que há quatro partidos que se apresentam estas eleições que em 2016 votaram favoravelmente ao fim dos contratos de associação: PS, BE, CDU e PAN. Com essa medida perdemos escolas que eram muito importantes para Famalicão.

Temos também a questão também da transparência. Assinamos um compromisso de transparência de acordo com normas que internacionais. Tem uma série de itens, entre eles, um que diz que a partir do momento que as eleições são marcadas não se fazerem mais inaugurações. Isto também faz parte da transparência. Temos visto nós temos visto inaugurações em tudo e mais alguma coisa.

É um homem de direita. Presumo que, nos últimos 20 anos, votou na coligação PSD/CDS-PP que nesse período foi governada por dois presidentes: Armindo Costa e Paulo Cunha. Qual é a diferença que vê entre os dois?

Sim, e nesse aspeto sou uma pessoa desiludida. O meu apoio não foi durante 20 anos porque a minha desilusão não começou ontem.

Quando é que começou a sua desilusão?

Eu vi a mudança que foi feita, por volta do ano 2000, com a entrada do arq. Armindo Costa. Foi como uma lufada de ar fresco para a nossa cidade. A cidade revolucionou-se. Houve obras, obras que vimos que foram feitas porque eram tremendamente necessárias. A cidade estava bonita. Foi feito o Parque da Devesa. A Casa das Artes tinha uma programação que trazia gente de todo de todo o norte do país a Famalicão.

Entretanto, o Dr. Paulo Cunha entrou e é curioso notar uma coisa. O poder de compra em Famalicão subiu até 2015 porque ainda estava alavancado pelo trabalho do arq. Armínio Costa, que é uma pessoa que vem da indústria e que tem noções de gestão de estratégia e de futuro. A partir de 2015, o poder de compra dos famalicenses estagnou, deixou de melhorar, e até caiu um bocadinho. Isso também é fruto do tipo de governação que é feita. Temos uma governação despesista. Passamos de um orçamento 67 milhões, em 2015, para um de 133 milhões, em 2021. Os gastos da nossa autarquia duplicaram durante o mandato de Paulo Cunha. E as pessoas não veem nas suas vidas o que é que melhorou com o rolo da despesa da Câmara. Temos uma cidade que é deixada em obras…

Vamos falar sobre as obras. Se fosse presidente da Câmara, o que estaria a fazer igual e o que é que estaria a fazer diferente?

Faria muita coisa diferente. Em primeiro lugar não podemos gastar dinheiro a melhorar o que já é bom quando temos coisas que estão más e que fazem falta. Temos que dar prioridade aquilo que não está bem e só depois é que podemos gastar dinheiro com aquilo que já está bem ou está mais ou menos bem. Nós não podemos fazer as obras que estamos a fazer no centro da cidade, quando andamos 500m para um lado, 500m para o outro encontramos passeios esburacados. As pessoas hoje em dia, que se fala tanto de ecologia, de mobilidade, saúde, de desporto, de ar livre as pessoas, têm que andar a pé. As pessoas têm que andar a pé, mas não podem andar a pé no meio dos carros. As estradas em qualquer das nossas freguesias não têm passeios. Isso para mim é inconcebível.

E sobre a questão do estacionamento?

Nós estamos a viver tempos em que as pessoas estão a querer que acabem os carros nas cidades e a justificação é a questão ecológica, mas temos que pensar que as pessoas nem todas têm 20 anos. Estamos com um problema de envelhecimento da população, mas também há casais que têm crianças pequenas, etc. O automóvel é fundamental para a maior parte das pessoas. Temos que ter uma cidade em que o acesso ao seu núcleo urbano seja facilitado, mas não vamos ter estacionamento. Estas obras são um gasto enorme e uma oportunidade perdida. O dinheiro que nós estamos a gastar nestas obras podia ser usado para fazer o parque de estacionamento na Praça D. Maria II. Mas, na verdade, vai haver é um parque de estacionamento menos do que o que lá havia antes.

O comércio vai ficar muito prejudicado e próprias pessoas que vivem no centro da cidade também vão ficar prejudicadas. Além disso, o mandato de um autarca são quatro anos. As obras não têm que ser feitas todas no último ano. Ainda para mais tivemos dois anos em que houve de pandemia que tem sido uma desgraça. Os nossos comerciantes sobretudo aqueles que estão no centro da cidade eles passaram da pandemia para o pandemónio.

Sobre as decisões relacionadas à construção do CeNTI no Parque da Devesa. Enquanto candidato à presidência da Câmara Municipal, se fosse presidente tomaria as mesmas decisões?

Eu acho que foi mal feito e naquilo que nós seríamos realmente diferentes seria na comunicação às pessoas. Eu acho que aí é que as coisas falharam porque é fundamental que sejam explicadas. Se fizéssemos como se faz na Suíça, em que as coisas as decisões são tomadas por referendo. Estou convencido que, dada a importância do CeNTI, as pessoas concordariam que esta decisão tivesse sido tomada, seria uma decisão não nossa, mas das próprias pessoas.

Qual é a grande diferença que distingue a Iniciativa Liberal da coligação que governa o município de Famalicão?

Não conseguimos elencar de forma breve porque as diferenças são tantas que estaríamos aqui muito tempo a conversar. Eu falo com pessoas do PS, do PSD e do CDS que apoiam a nossa candidatura, mas não o fazem abertamente porque têm receio. Até aí temos uma diferença muito grande. Não podemos fechar a porta à discussão nem à partilha de ideias e, muito menos, passado tanto tempo de democracia, as pessoas terem receio de falar. E estamos a falar de pessoas, mas também estamos a falar de órgãos de comunicação. Isso é uma coisa que é maior do que aquilo que se vê publicamente.

As expectativas para os resultados eleitorais também são boas?

Não temos acesso a sondagens, mas temos a as melhores expectativas. Estamos a fazer um esforço muito grande para que as coisas melhorem e que mudem. Mas uma coisa é certa, no caso de sermos eleitos nós nunca fecharemos a porta a opiniões contrárias às nossas e muito menos decidiremos o que quer que seja em função da opinião das pessoas. Porque eu acho que a opinião das pessoas é sagrada nós temos que respeitar porque é precisamente no confronto de ideias, no confronto de opiniões, que se podem tomar as melhores decisões.

Imagine que sou uma eleitora indecisa. O que é que me vai dizer para me convencer a votar em si?

Para além daquelas que eu já enumerei, é que não podemos ter um município centrado na cidade e vamos pelas freguesias e há um esquecimento total, umas mais do que outras. As pessoas estão a sair no nosso município porque têm precisamente a falta de infraestruturas básicas, como escola em Riba d’Ave ou uma ligação direta entre Riba d’Ave e Joane.

Um apelo ao voto do eleitor de todo o concelho…

Duas razões. A primeira razão é que assumimos o compromisso da transparência. Nós não podemos ter listas à Câmara com pessoas que estão a ser investigadas do ponto de vista judicial. Isto é uma quebra da transparência. Quem se candidata à Câmara tem que ter a noção da realidade e do alcance daquilo que poderá eventualmente acontecer. Isso é uma coisa que é importante as pessoas pensarem.

Temos muito assunto, mas temos que temos que ficar por aqui.

Eu só queria, para terminar, dizer que o que me deixava feliz é que as pessoas analisassem as propostas, as nossas e dos outros partidos, e que vissem aquilo que é melhor para todos nós e que votassem em consciência.  Pedia que fossem votar porque nós não podemos deixar a decisão na mão das outras pessoas. Nós temos que exercer esse direito. Por isso, vejam as propostas, analisem tudo e vão votar.

 

 

 

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