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Quarta-feira, 27 Novembro 2024
Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Só não adiam o futuro porque é impossível!

Adiamos o aeroporto, adiamos o TGV, adiamos a ferrovia, adiamos a construção de centrais de dessalinização. Em suma, adiamos o País!

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Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Famalicão

Fosse este um ano bissexto e estaríamos a 29 de fevereiro de 2023. A um escasso mês dos vinte cinco anos da inauguração da Ponte Vasco da Gama. À data, a maior ponte da Europa tinha, sete dias antes, recebido a megafeijoada que conquistou o prémio de maior Mesa do Mundo com 15.000 pessoas e 5.050 metros de comprimento.

Ultrapassada em cerca de 1 Km pela Ponte da Crimeia, entretanto semidestruída na guerra da Ucrânia, a Vasco da Gama, tornou-se uma infraestrutura importante na travessia do Tejo e na ligação das suas margens. Esta obra emblemática do cavaquismo, proporcionou uma maior facilidade do acesso à capital, incrementou o crescimento demográfico na margem Sul e felizmente não teve o impacto ambiental que muitos temiam.

A referência à ponte deve-se ao facto de podermos hoje, quase um quarto de século depois, podermos estar às portas da inauguração do novo aeroporto. Março de 2023 era o prazo previsto quando em 2015, o governo de Pedro Passos Coelho apontava a opção “Portela+1” como a que serviria de forma adequada o país e se vislumbrava como a solução mais realista face à situação de Portugal e dos portugueses. Nada foi feito!

Não sei, nem para tal tenho conhecimentos, para opinar sobre qual seria a melhor opção. Sei, exclusivamente, o que como utilizador me agrada quando tenho a necessidade de passar por um aeroporto: estacionamento, segurança, conforto e sobretudo boas e rápidas acessibilidades. A localização deverá ficar para os especialistas e decisores políticos. O tempo esbanjado e o dinheiro derretido nos inúmeros estudos efetuados, confirmam a indecisão e o contínuo adiar do País.

Adiamos o aeroporto, adiamos o TGV, adiamos a ferrovia, adiamos a construção de centrais de dessalinização. Em suma, adiamos o País!

Roald Dahl. Sabem quem é? Conhecem-no? É um escritor britânico, já falecido, aclamado pela crítica e com uma obra virada sobretudo para um público infantil. A editora da sua obra lançou numa nova coleção após ter revisto os seus textos. Segundo a mesma, procurou editar, cortar, alterar e acrescentar de acordo com as “sensibilidades contemporâneas”. Face às críticas e celeuma provocadas, irá também editar os originais, deixando a opção de compra ao livre-arbítrio do público.

No seguimento desta demanda, Casino Royale de Ian Fleming, autor de 007 já está na fila. E tem a provecta idade de 70 anos!

Discordo de todo, desta censura. Os autores escreveram o que escreveram. Utilizaram as palavras que bem entenderam. Contaram a história que idealizaram. Respeitemos a originalidade. Respeitemos a genialidade. Deixemo-nos do politicamente correto balofo e da pseudohigienização intelectual.

Há 100 anos e um mês, estreou-se em Lisboa, no Eden-Teatro da Praça dos Restauradores, o mais antigo filme de desenho animado sobre papel.

Um século depois, João Gonzalez poderá, com Ice Merchants, tornar a madrugada de 13 de março inesquecível para a cultura nacional. É candidato ao Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação. Independentemente do resultado ficará sempre como um marco da cinematografia portuguesa. Poderá o Urso de Prata, conquistado por João Canijo no Festival de Berlim, ser um bom augúrio?

No início deste ano, João Afonso Machado e David Vieira de Castro deram à estampa o livro “Famalicão através da sua Toponímia”. Livro interessante que nos permite efetuar alguns percursos citadinos e arrabaldes. Foi o que fiz percorrendo um desses percursos sugeridos. Vieram-me à memória alguns estabelecimentos e outros tempos. O antigo BPA, o Marajá, o Grilo, o Café Mário, o Cardoso da Saudade, o Stand Matos, as filhas do Tanoeiro e o velho Tanoeiro. Mas afinal ainda faltava um…o Zé das Fontes também já fechou!

Ainda em relação a 2023, gostaria de deixar aqui dois apontamentos que acredito deverão ser temas este ano.

Eva Sousa e Sofia Delgado, duas jovens engenheiras que poderão ter encontrado solução para o que de indesejável se obtém após a dessalinização da água – a salmoura.

Esta, com uma percentagem de 7% de sal, não deve ser lançada no oceano devido a essa alta concentração, a que acresce o facto de poder conter resíduos tóxicos provenientes do próprio processo de dessalinização. Para ficarem com uma ordem de grandeza, estima-se que sejam 42 milhões de metros cúbicos de salmoura todos os dias, para produzir 95 milhões de metros cúbicos de água doce. O descarte e deposição destes resíduos onera de forma significativa toda a operação.

Ora, estas jovens propõem-se conseguir obter água limpa e minerais com interesse económico a partir desse subproduto indesejável. O processo pode aumentar em 1,5 vezes a capacidade de produção de água numa central e conseguir compatibilizar com a produção de hidrogénio, poderá ser a cereja no topo do bolo.

Vetting. Não será por certo escolhida para palavra do ano. Mas deverá estar presente no léxico político do país, após as recentes e consecutivas trapalhadas.

O escrutínio atempado de todos quantos são indicados para cargos políticos, será uma lufada de ar fresco no ar bafiento que se vai respirando.

 

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