Mais de meio século depois, os painéis de azulejos que revestem o exterior da Fundação Cupertino de Miranda (FCM), os maiores da Europa, ganharam uma nova vida. A obra-prima de João Charters de Almeida, que hoje é um dos ex-libris da cidade de Vila Nova de Famalicão e da região, recuperou o esplendor e a frescura de outros tempos, graças a um trabalho de restauro “minucioso e complexo” que permitiu recuperar 97% dos azulejos originais.
O resultado final foi apresentado no passado sábado, 12 de novembro, numa sessão pública que contou com a presença de Charters de Almeida.
O artista plástico recordou o convite lançado na época para a sua conceção. “Num curto espaço de tempo, eu, que nunca tinha feito cerâmica, apanho dois trabalhos icónicos nesta área – o edifício da FCM, aqui em Famalicão, e o do Jornal de Notícias, no Porto. Foi uma responsabilidade terrível”, lembrou.
Recorde-se que a intervenção arrancou em julho do ano passado com o objetivo de preservar a memória e história dos cerca de 54 mil azulejos. Com um orçamento global na ordem dos 500 mil euros, a obra contou com um apoio municipal de 150 mil. Para a realização da intervenção, a Fundação Cupertino de Miranda contou com a empresa Signinum e com o apoio científico do Instituto Politécnico de Tomar/Universidade de Aveiro.
O presidente da Câmara Municipal enalteceu o enorme contributo da Fundação Cupertino de Miranda para o dinamismo cultural do município famalicense. Mário Passos salientou a importância do restauro dos azulejos que revestem o exterior da FCM, apontados pelo edil como um dos melhores cartões de visita do concelho. “O trabalho que aqui foi realizado é um bom exemplo de recuperação e preservação do património”, disse.
O presidente do Conselho de Administração da FCM, Pedro Álvares Ribeiro, agradeceu o envolvimento da sociedade famalicense neste processo. “A reabilitação mobilizou cerca de 5 mil cidadãos, empresas e instituições, entre elas a Câmara Municipal, que contribuíram de forma decisiva para o financiamento desta intervenção”.
Recorde-se que a Fundação lançou o movimento “Azulejos com Memória” para permitir que todos deixassem a sua marca e contribuíssem para a preservação da memória e história dos azulejos de Charters de Almeida. “A campanha mostrou como se pode envolver toda uma cidade na recuperação do património”, acrescentou Pedro Álvares Ribeiro.
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