Quando pensamos que não podia ser pior, basta assistir a uma Assembleia Municipal e logo se percebe que não estamos mal, estamos muito, mas mesmo muito mal.
Na passada sexta-feira, eis que mais uma sessão teve lugar naquela sala típica, em que se percebe que manter as pessoas num espaço pouco agradável, com uma luta constante com as cadeiras vazias que mais não servem para dificultar a circulação, com discursos populistas, aos berros por um lado, em contraste com outros que mais parecem diálogos com o seu “eu” interior, onde se murmuram palavras carregadas de preconceitos, ou ataques lembrando o tempo da outra senhora, com pedidos de palavra contínuos, qual jogo de ténis em Roland Garros, convictos que é assim que deputados de uma Assembleia Municipal se devem comportar, e que é assim que se envolvem as pessoas na vida ativa e política do concelho. (Ups! Se calhar não é isso que “eles” querem).
A ordem de trabalhos, com assuntos mais ou menos consensuais entre bancadas, como é seu habitual, haveria de culminar na discussão de uma petição levada àquela Assembleia há mais de 1 ano.
Sim, é verdade! Uma petição que deu entrada nos serviços a 28 de abril de 2023, só 28 de junho de 2024 é discutida em sede de Assembleia Municipal. Agora imagine-se que era um documento complexo onde se exigia uma pormenorizada análise técnica, jurídica, quiçá de direito comparado com a República de Trinidad e Tobago.
Mas seguimos! Seguimos para saber que afinal o assunto do Monte de Santa Catarina, Outiz, Gemunde, Monte do Facho ou como queiram chamar, pois o mais grave e sério, como todos sabemos, menos aquelas vozes que tendem a fazer desta questão um número de folclore, foi o abate de centenas de sobreiros, a destruição massiva de uma área verde que deveria de ter sido protegida, e no entanto, acaba por valer zero para alguns, e nalgumas ocasiões, só algumas, estrategicamente pensadas, para outros, serve como bandeira de “ambientalista” de ocasião.
Se dúvidas existissem, ficou muito claro a posição dos partidos que apoiam o executivo da maioria PSD/CDS, este executivo que tudo sabe e tudo vê e tudo quer de melhor para o concelho, desde que isso signifique construir, construir, construir, pois é na construção que está a sustentabilidade do município.
E como é possível, que nós, os incultos, não saibamos que nada supera o “ar puro” do sem fim de carros e camiões, que entram e saem das centenas de pavilhões industriais, que nascem como cogumelos no concelho, estes que fazem o deleite de qualquer um de nós assim que abrimos as janelas das nossas casas, ou quando subimos a uma zona mais elevada do nosso concelho e contemplamos as vistas (não) fantásticas que o nosso concelho tem.
Aliás, toda a organização do nosso território é de uma capacidade de visão futurista, que tenho para mim, alguém foi buscar ideias a outro planeta. E nós, todos leigos, estamos a anos luz de perceber esta visão.
E, é assim, de forma completamente desprendida de qualquer pudor, vergonha, responsabilidade pessoal e até institucional que são proferidas declarações que nos fazem sentir vergonha alheia, pois além de ofensivas ao trabalho, conhecimento dos e das famalicenses, tentam passar um atestado de estupidez às pessoas.
Mas seguimos! Lembrando-nos que se ontem éramos meia dúzia, hoje já somos mais.
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