“A falta de informação e transparência está a marcar o processo de ampliação do hipermercado Auchan, em Vila Nova de Famalicão, com a maioria PSD-CDS da Câmara Municipal a reconhecer que o grupo francês de distribuição vai fazer concorrência cultural à Casa das Artes”, acusa o Partido Socialista em comunicado.
“Em segredo perante os famalicenses”, a Câmara Municipal prepara-se para licenciar obras de ampliação da Galeria Comercial do Auchan, referem os socialistas, salientando que “o próprio Presidente da Câmara Municipal, na proposta que levou à reunião do executivo municipal, reconheceu expressamente que a operação urbanística prevista executar implica impactos socioculturais concorrenciais a equipamentos de referência do concelho, nomeadamente a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão”.
Porém, diretamente instado pelo vereador Paulo Folhadela, do PS, para esclarecer quais os concretos equipamentos deste grupo privado que vão fazer concorrência direta à Casa das Artes, o presidente da Câmara “nada esclareceu”.
“Ora, não se concebendo que o autarca da coligação PSD-CDS não saiba nada sobre tal matéria só se pode concluir que, deliberadamente, quer esconder dos famalicenses e dos vereadores do PS o impacto negativo que a Casa das Artes vai sofrer com a ampliação do hipermercado Auchan”, consideram os socialistas.
“ESTE NEGÓCIO NÃO ESTÁ DEVIDAMENTE EXPLICADO”
O PS destaca ainda que “o mais surpreendente é que a própria Câmara Municipal de Famalicão vai assumir a realização de obras para servir o Auchan e perdoar espaços verdes para o crescimento da zona comercial do hipermercado”.
“Os factos são simples e os famalicenses facilmente tirarão as suas conclusões: o hipermercado Auchan vai fazer obras de ampliação, mas será a Câmara de Famalicão a assumir todas as responsabilidades na reabilitação da rede viária envolvente” refere o PS.
Além disso, o grupo Auchan fica desonerado de implantar espaços verdes públicos, equipamentos de utilização coletiva e infraestruturas que deveriam integrar o domínio municipal. Em troca, a Câmara Municipal aceita receber do Auchan cerca de 700 mil euros em três prestações.
Para o PS, “este negócio não está devidamente explicado”. Paulo Folhadela ainda instou o presidente da Câmara a explicar porque considera, na proposta que apresentou em reunião, que o projeto de expansão do Auchan de “elevado impacto positivo ao nível socioeconómico” para o concelho de Famalicão, mas não obteve resposta.
Os socialistas consideram que “Câmara escondeu dos famalicenses o que pensam os comerciantes locais (de comércio tradicional) acerca do crescimento desta superfície comercial”.
“Mais curioso ainda é o facto de o perdão dado ao grupo privado para a implantação de espaços verdes na nova área de crescimento se justificar, no dizer da Câmara, pela proximidade ao Parque da Devesa!”, destaca o PS.
A este propósito, o vereador socialista Sérgio Cortinhas criticou a Câmara Municipal por ter prescindido da implantação de espaços verdes públicos, correspondentes a um pedido de licenciamento de obras de ampliação da grande superfície comercial Auchan, situada na Avenida do Brasil.
Sérgio Cortinhas alertou para uma “contradição deliberativa da Câmara Municipal”, pois tinha sido aprovada a criação de uma equipa para acompanhamento da estratégia municipal de adaptação às alterações climáticas e, logo a seguir, foi decidido, com votos contra do Partido Socialista, prescindir dos referidos espaços verdes, tão importantes para a regeneração do ambiente”.
“Na prática, este é um exemplo demonstrativo da pouca sensibilidade deste executivo para tomar decisões que mitiguem o aquecimento global e respondam às alterações climáticas”, referiu o vereador Sérgio Cortinhas.
Comentários