“O povo chama a isto descaramento e caça ao voto”. É assim que o Partido Socialista de Famalicão define a agenda de Paulo Cunha e Mário Passos que, no último fim de semana, passaram por oito freguesias com uma agenda de visita a obras, lançamento de primeira pedra e inaugurações.
O PS recorda que foi decretado luto nacional de três dias pela morte do antigo Presidente Jorge Sampaio e que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa referiu que deviam “ser cancelados ou adiados os eventos organizados ou promovidos por entidades ligadas ao Estado”
“No entanto, no sábado e no domingo o presidente da Câmara e o vereador com os pelouros das Freguesias e do Desporto e Tempos Livres (não por acaso, o mesmo cidadão que foi escolhido por Paulo Cunha para lhe suceder) continuaram com o seu roteiro de inaugurações, visitas e lançamentos de primeiras pedras”, acusa o PS.
Em comunicado, a concelhia do Partido Socialista de Famalicão lamenta que a Câmara Municipal “não tenha estado à altura das suas responsabilidades e cumprido com os deveres a que, como órgão executivo de uma autarquia local, institucionalmente está obrigada”, considerando que a atitude “é falta de nível e défice de cultura democrática”.
“Com efeito, qualquer autarca consciente dos seus deveres perante as leis da República e o povo que representa teria, logo na sexta-feira, adiado ou cancelado a reabertura do Cineteatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave”, considera Paulo Folhadela, porta-voz do PS-Famalicão.
O partido considera ainda que “mais grave” foi o que veio a passar-se sábado e domingo, destacando que “enquanto, em Lisboa, eram rendidas as últimas homenagens a Jorge Sampaio, inclusive com a presença de dirigentes do PSD e do CDS-PP, em Famalicão, Paulo Cunha e Mário Passos não pararam a campanha eleitoral”.
Os socialistas destacam que, em dois dias, Paulo Cunha e Mário Passos passaram por oito freguesias: Outiz, Cavalões, Castelões e Carreira, no sábado, e Oliveira Santa Maria, Lagoa, Avidos e Ribeirão, no domingo.
Os socialistas famalicenses também fazem referência à comunicação da Câmara Municipal que, “talvez para iludir o escrutínio da Comissão Nacional de Eleições”, criou um novo “léxico político-eleitoral”, substituindo na informação enviada à comunicação social a palavra “inauguração” por “visita às obras concluídas” e “entrega simbólica à população”. “O descerramento da placa da ordem, esse, é que não podia faltar”, afirmam.
TEATRO ELEITORAL
Para a concelhia socialista, quando a direção de campanha da coligação PSD/CDS-PP fez saber, no sábado, via Facebook, que suspendia as ações de promoção eleitoral previstas para os três dias de luto nacional, tratava-se de “refinada produção teatral”.
“Pudera! Para quê fazer campanha e ter de pagar para isso se se podem conseguir os mesmos objetivos, e sem custos, aparecendo nas freguesias como presidente Paulo Cunha e vereador Mário Passos?”, destaca Paulo Folhadela, acrescentando que “os famalicenses não se reveem neste tipo de comportamentos”.
COMPORTAMENTOS “REPROVÁVEIS”
O PS faz também alusão as diversas fotografias publicadas durante o fim de semana pelo fotógrafo oficial e já disponíveis no banco de imagens digital do município.
“Para vergonha de todos os famalicenses, numa delas, referente à visita às obras concluídas na zona envolvente ao cemitério de Cavalões, segundo nota do Gabinete de Comunicação e Imagem camarário, aparece o presidente da Junta de Freguesia local com uma bandeira nacional dobrada debaixo do braço, depois de mais um corta-fitas virtual”, refere o Partido Socialista no comunicado, acrescentando que “se não fosse politicamente indigente, era caso para termos pena”.
Os socialistas afirmam que o presidente da Junta da União de Freguesias de Gondifelos, Cavalões e Outiz “não tem idoneidade cívica e política para a função” e por isso “não merece a reeleição”.
O Partido considera que “o mesmo se passa” com o presidente da Junta de Freguesia de Castelões “que é funcionário público de profissão e não pode ignorar os seus deveres enquanto tal” e, por isso, “ao organizar e estar presente na visita ao novo Memorial aos Escuteiros da freguesia com o presidente da Câmara e o vereador Mário Passos protagonizou um comportamento moral ilícito e eticamente reprovável”.
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