A Comissão Política Concelhia do PAN, no seguimento das informações publicadas na imprensa local, e perante a ausência de um cabal esclarecimento por parte do presidente da Câmara Municipal naquilo que se está a revelar mais um projeto com pouca transparência, solicitou esclarecimentos ao executivo liderado pela maioria PSD/CDS.
Em causa está uma deslocação e presença do presidente da Câmara, Mário Passos, numa reunião com o Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, no âmbito da construção do eco parque, em Cabeçudos. Reunião essa que terá contado com a presença do responsável pela empresa construtora do novo parque industrial e o antigo Presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha. [ver aqui Mário Passos faz viagem secreta a Lisboa para defender projeto imobiliário em reserva ecológica ]
“Para nós, esta situação, a confirmar-se, é no mínimo estranha, para não falar numa total ausência de fundamentos para que esta reunião tenha ocorrido nos moldes anunciados”, refere Sandra Pimenta, porta-voz concelhia.
“Acresce que estamos a falar de um projeto que foi aprovado durante o mandato do Dr. Paulo Cunha, que aparece agora como advogado da empresa em causa. Isto é o que se pode chamar de manter as coisas “controladas”, salienta a responsável. [ver aqui PDM foi alterado por Paulo Cunha em 2015 e passa a permitir construção em terreno agrícola e florestal]
O partido solicitou, igualmente, informação sobre os fundamentos que levaram o presidente da Câmara a anunciar a intenção de processar o jornal local NOTÍCIAS DE FAMALICÃO pela informação veiculada. [ver aqui Mário Passos retira proposta e diz que vai apresentar queixa-crime contra jornal]
“A ser verdade esta intenção, diríamos que estamos ansiosos por saber as razões. A liberdade de imprensa está garantida na nossa Constituição, algo que por vezes o poder político esquece. Por isso aguardamos com expectativa as alegações de tal processo”, critica Sandra Pimenta.
Paralelamente, o partido considera uma total “falta de visão a longo prazo”, considerando os atuais desafios climáticos, continuar a levar avante a “destruição ambiental do concelho”, para o “transformar num parque industrial gigante, assente numa total desorganização territorial”.
A realidade de hoje não se coaduna com visões de há 5 ou 10 anos, alerta o partido. “É impossível continuar com esta retórica do crescimento económico a todo o custo, desconsiderando que o território tem um limite, que se chama capacidade ambiental”, defende Sandra Pimenta, referindo ainda que “a total despreocupação com o futuro dos nossos jovens é alarmante e assustadora e a visão deste executivo para o concelho está completamente defasada das nossas necessidades atuais”.
PROPOSTA REAGENDADA
Refira-se que a proposta que foi retirada por Mário Passos sem explicações na última reunião do executivo municipal, realizada no dia 31 de agosto, está na agenda da reunião camarária de amanhã, 13 de setembro. De acordo com declarações do presidente da Câmara na última reunião, desta vez, a proposta será apresentada com a presença de técnicos do Urbanismo.
Trata-se uma proposta de atribuição de “declaração de relevante interesse público municipal” para permitir uma intervenção urbanística em terrenos agrícolas e florestais, que outrora foi propriedade do Grupo Sonae, na área adjacente ao nó de acesso às autoestradas A3 e A7.
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