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Vila Nova de Famalicão
Domingo, 9 Março 2025

Ópera “18 Months” apresenta-se em Famalicão nos dias 21 e 22 de fevereiro

Espetáculo do Quarteto Contratempus estreia na Casa das Artes.

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Famalicão

Antes de se converter num objeto artístico, num artefacto estruturado, a ideia de “18 Months”, a peça operática multimédia que agora está prestes a apresentar-se ao público na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão pela mão do Quarteto Contratempus, começou por ser, bem na sua génese, um tributo à jornada dos refugiados que fazem longas e tumultuosas jornadas de travessia marítima desde a sua terra natal até a um outro destino, como forma de escaparem à devastação dos respetivos territórios de origem causada pela guerra.

É disto que trata “18 Months”, uma criação do Quarteto Contratempus que em regime de coprodução com a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão (21 e 22 de fevereiro, sexta e sábado) e o Centro Cultural de Belém (récita marcada para o dia 10 de abril).

Da expressão temporal “18 Months” pode retirar-se talvez uma outra aceção, a de um somatório metafórico que pode assumir um significado mais amplo: o tempo de Renascer… para os protagonistas deste infortúnio, os refugiados. De resto a esperança é também uma das coordenadas no GPS desta narrativa.

Em conformidade com a exploração desta abordagem para o trabalho sobre esta ópera de câmara multimédia no domínio da encenação está a visão de Nuno M Cardoso.

E se a conceção de 18 Months é um labor tributário de múltiplas contribuições, importa também salientar que o libreto é da autoria do professor sírio radicado nos EUA, Fadi Skeiker, cuja recolha de histórias da vida real deu origem ao fio condutor desta narrativa operática. O libretista recolheu depoimentos de refugiados afegãos, sírios e ucranianos que vivem em Portugal.

No capítulo das contribuições internacionais, importa ainda referir que a composição original criada especificamente para esta ópera ficou a cargo do músico grego radicado em Portugal, Dimitris Andrikopoulos. Como singela curiosidade, acrescente-se a colaboração ao nível dos figurinos e cenografia por parte de Nuno Carinhas, ex-diretor artístico do Teatro Nacional São João.

O Quarteto Contratempus tem norteado a sua ação artística com um cunho de preocupação social, a título de exemplo, e não há muito tempo, a ópera “Lugar Comum” apresentada um pouco por todo o país espelhava com veemência a questão da violência doméstica, um tópico também ele perene de atualidade. Daí que a aposta numa temática que marca o tempo presente, como a questão dos refugiados, faça todo o sentido na agenda desta estrutura sediada no Porto.

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