O candidato do Partido Socialista à presidência da Câmara Municipal de Famalicão, Eduardo Oliveira, acha o atual executivo autárquico revela “uma grande insensibilidade social” ao optar por anunciar “obras eleitoralistas quase todos os dias” sem que tivesse inaugurado um “único equipamento social novo na área da saúde ou infraestrutura vocacionada para o combate ao isolamento social dos nossos idosos”, nos últimos meses.
“É triste e evidencia alguma falta de respeito pela inteligência dos famalicenses”, afirmou o também líder da Concelhia do PS Famalicão em quase todas as apresentações dos candidatos do seu partido às nove juntas de freguesia e uniões de freguesias realizadas no último fim de semana.
Em vez de “reforçar e melhorar as respostas sociais às pessoas, às famílias e às comunidades”, a Câmara tem privilegiado os “anúncios de obras que dão no olho”, lamentou Eduardo Oliveira, que censurou também a “conclusão apressada” de projetos que tiveram financiamento europeu ao abrigo do Portugal 2020.
“Mesmo que para isso seja preciso atamancar e fazer as coisas a correr, o que parece ser valorizado é o timing do descerramento da placa, como foi o caso do mercado municipal, que foi inaugurado em abril e ainda está em obras”, verberou o candidato do PS à presidência da Câmara, adiantando que os famalicenses “voltam a assistir com surpresa a reabilitações e intervenções estéticas para ganhar votos e pouca ou nenhuma obra nova, quando o que é preciso é tratar das pessoas, da sua saúde e das suas condições de vida”.
Esta observação crítica do candidato socialista esteve presente nos discursos que proferiu durante todo o fim de semana, num roteiro de pré-campanha eleitoral que começou em Avidos, na sexta-feira à noite, e terminou no domingo, também à noite, em Esmeriz.
Pelo meio, passou em Pedome, Vale São Cosme, Vale São Martinho, Vilarinho das Cambas, Requião, Castelões e Lemenhe.
Eduardo Oliveira quis, assim, realçar as diferenças quanto ao “modo de fazer política” que, no seu entender, o separa do atual governo municipal. “Fico revoltado que isto continue a acontecer, ainda para mais numa pandemia”, comentou na apresentação de António Ferreira, candidato socialista à presidência da Junta da União de Freguesias de Vale São Cosme, Telhado e Portela.
Na conjuntura atual, prosseguiu, “as obras de fachada para tentar caçar votos são o que menos devia importar. O mais importante é a vida das pessoas e a Câmara tem um papel fundamental na melhoria da vida das pessoas, a começar pelos mais idosos e vulneráveis. O futuro devia ser dar-lhes condições dignas de vida e de saúde”.
CENTRO DE GERIATRIA MULTIVALÊNCIAS
Em lugar de “obras de interesse questionável como aquelas que viraram do avesso o centro da nossa cidade”, o líder concelhio do PS defende “projetos estruturados e respostas a necessidades coletivas sentidas na comunidade”, como seja, adiantou em Vilarinho das Cambas, no sábado, um centro de geriatria, multivalente e a funcionar em rede com as IPSS e as associações do sector social do concelho, onde possam coexistir uma estrutura residencial para pessoas idosas, um centro de dia, uma universidade sénior, infraestruturas adaptadas para a prática desportiva numa lógica de envelhecimento ativo, um centro de atividades ocupacionais e espaços propícios à interação entre pessoas de diferentes gerações, para combate ao isolamento social e estimulação cognitiva e física de idosos em isolamento ou solitários. “Seria um projeto a debater e burilar com todos os agentes do terceiro sector do concelho, no âmbito do Conselho Local de Ação Social”, deixou claro.
“Isso sim. Isso seria investir nas pessoas e com reflexos positivos na vida das pessoas”, afirmou, pouco antes de confirmar a candidatura da dirigente concelhia do PS Sandra Moreira a presidente da Junta de Freguesia de Vilarinho das Cambas, como aconteceu há quatro anos.
Em projetos deste tipo – aclarou mais tarde, em Lemenhe, na apresentação de Bruno Domingues como n.º 1 da lista do seu partido na União de Freguesias de Lemenhe, Mouquim e Jesufrei –, o papel da Câmara deverá ser o de “agregador territorial”, “facilitador e promotor do diálogo” entre agentes sociais e económicos com “interesses comuns ou complementares que operem dentro ou fora do concelho”.
Uma Câmara governada pelo PS vai ter uma atitude positiva e de grande proximidade com as instituições e as pessoas, afirmou, para que “as respostas sociais no concelho se modernizem e sejam alargadas e reforçadas”, na base de parcerias e de projetos conjuntos tanto ao Plano de Recuperação e Resiliência como ao Portugal 2030, elucidou.
Até domingo passado, o PS tinha apresentado 30 candidatos à presidência das juntas de freguesia e uniões de freguesias do concelho. Nas últimas nove sessões, oficializou: Bruno Fonseca, 26 anos, Avidos e Lagoa; Xavier Silva, colorista têxtil, 55 anos, Pedome; António Ferreira, operário têxtil aposentado, 68 anos, Vale São Cosme, Telhado e Portela; Simão Mendes, técnico operador de manutenção, 44 anos, Vale São Martinho; Sandra Moreira, solicitadora, 40 anos, Vilarinho das Cambas; Bárbara Barros, psicóloga, 29 anos, Requião; Álvaro Machado, empresário têxtil, 70 anos, Castelões; Bruno Domingues, contabilista, 40 anos, Lemenhe, Mouquim e Jesufrei; Óscar Mendes, operário químico, 40 anos, Esmeriz e Cabeçudos.
Já nesta segunda-feira, à noite, apresentou Helena Fernandes, n.º 1 da lista do PS em Oliveira São Mateus. Até quinta-feira, os socialistas apresentam os seus últimos três cabeças de lista nas freguesias. Trata-se dos candidatos a presidentes das juntas de Freguesias de Seide (ontem), Bairro (hoje) e Fradelos (amanhã).
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