O Sr. João todos os dias gosta de ir à praça beber o seu café. Todos os dias luta para levar o café à boca. A mão treme como um galho ao vento, mas o olhar permanece firme, determinado. É um quadro silencioso daquilo que tantos enfrentam dia após dia: a Doença de Parkinson.
O Parkinson é traiçoeiro. Não chega de uma vez, não anuncia sua presença. Começa com um leve tremor que se confunde com o cansaço da vida corrida ou com a idade que se acumula como poeira sobre os móveis. Depois, avança, silencioso e persistente, tirando aos poucos a naturalidade dos movimentos mais simples.
Mas o que mais impressiona não é a doença em si, mas a coragem daqueles que a enfrentam.
Porque cada botão abotoado, cada chávena levantada, cada passo dado ainda que trêmulo é uma pequena vitória sobre um corpo que já não obedece como antes.
As pesquisas avançam, os tratamentos melhoram, mas a verdade é que a maior força continua vindo de dentro de cada um de nós.
Vem da teimosia de não se render, da paciência em reaprender gestos esquecidos, da esperança que, mesmo trêmula, não desiste de permanecer em pé.
Há uma beleza crua nessa resistência. É como se a vida, mesmo sabendo dos seus limites, insistisse em florescer. Porque, no fundo, somos todos um pouco assim: tentando segurar o tempo com as mãos, mesmo quando ele escapa.
Que olhemos para estas pessoas com respeito, mas, mais do que isso, com inspiração. Elas ensinam-nos que viver é, acima de tudo, um ato de coragem.
Comentários