Lembrou-se, uma vez mais, no passado dia 25 de novembro, a violência que ainda existe contra as mulheres.
As formas de violência são várias: física, que muitas vezes resulta em morte, psicológica, sexual, difamação, coação e ainda recentemente foi tornada pública a existência de um grupo na plataforma Telegram, no qual cerca de 70.000 pessoas (essencialmente homens) partilham fotos (de forma não consentida) de mulheres em diferentes contextos e acompanhadas de mensagens depreciativas e ofensivas.
Segundo dados divulgados pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), foram assassinadas em Portugal, entre 1 de janeiro e 15 de novembro, 25 mulheres, sendo que 20 foram vítimas de femicídio (ou seja, de um assassinato da mulher em contexto de violência doméstica ou no âmbito do ódio ao seu género) e a esmagadora maioria dos crimes foi cometida em contexto familiar, ou seja, no núcleo mais próximo das vítimas e que deveria ser o seu porto seguro.
As falhas estão há muito identificadas: falta uma forte aposta em projetos e ações de sensibilização, educação e formação, por um lado. Por outro lado, o reforço de recursos humanos, a disponibilidade de estruturas de apoio e acolhimento, os meios técnicos e financeiros continuam a ficar no campo das ideias e nas gavetas dos decisores políticos. Diria que está na hora de termos mulheres nos cargos de decisão!
No terreno, as associações, mais ou menos estruturadas, fazem o que podem. Milagres? Não há.
Se as respostas vão sendo dadas, isso significa, na esmagadora maioria das vezes, um esforço hercúleo das equipas técnicas de apoio social, psicólogas, juristas, agentes de segurança pública, que se desdobram em mil para dar resposta a um problema sistémico, cujas raízes estão presas, ainda, a uma ideia de inferiorização, controlo e discriminação do género feminino. Pois, a verdade é que são as mulheres – jovens e adultas -, o género que mais sofre nesta questão.
Assim, não posso deixar de sinalizar e parabenizar o evento organizado pela Associação de Moradores das Lameiras, com o apoio do INATEL, que contou com a presença da Associação famalicense PSI-ON, entre outras entidades. Nele, numa sala cheia, foi debatido este tema-problema e que precisa de ser urgentemente resolvido. Para que mais nenhuma mulher morra às mãos daquele que escolheu para partilhar a sua vida familiar. E para que mais nenhuma mulher se sinta culpada por um crime que não cometeu.
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