Por pouco tempo, mas durante um certo período, duas mulheres tornaram-se pela primeira vez líderes das suas nações: Magdalena Andersen ocupou por efémeras horas o cargo de primeiro-ministro. Nomeada após um difícil período negocial, a retirada de um dos partidos que sustentava a coligação que a apoiava, levou-a a demitir-se. Foram umas singelas oito horas que a tornaram a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro da Suécia.
Já em paragens mais ocidentais, Kamala Haris para além de ser a primeira mulher e primeira negra vice-presidente norte-americana, tornou-se a primeira figura do género feminino a deter poderes presidenciais. Uma colonoscopia do presidente Biden, sob sedação, obrigou a que durante esse período os poderes fossem transferidos. Foram 85 minutos de história!
Quando nos íamos habituando ao regresso à nossa vida normal, às rotinas quotidianas, ao café sem sobressaltos, às visitas tranquilas e serenas aos restaurantes, ao ar frio e refrescante deste final de Outono, eis que soam os alarmes. Portugal fica de novo, até 22 de março, em estado de calamidade: a pandemia volta a dar sinal de si e com fatores que se poderão não ser alarmistas de momento, são por si só, de preocupação imediata.
A situação europeia é preocupante e que se poderá estribar nas duras palavras do ministro da saúde alemão, no apelo que lançou para o reforço da vacinação dos germânicos. Referiu que “até ao final do inverno os alemães estarão vacinados, curados ou mortos”. Difícil ter sido mais explicito!
Por cá, atingidas as taxas que nos colocam no topo da vacinação europeia, desmantelou-se, aparentemente a destempo, a estrutura da task force que tão bom resultado deu. Gouveia e Melo deixou de ser o responsável, alguns dos centros de vacinação foram inativados, aparentemente a organização passou a ser quase caótica e a toma da 3ª dose está longe dos parâmetros exigidos e desejados. Qual a razão para o reforço vacinal tardio dos profissionais de saúde? Por que insistimos em não manter aquilo que fizemos de bom e bem? Que razões assistiram a este aparente relaxamento? O Coronel Penha Gonçalves, ex número dois da task force, traçou novas e ambiciosas metas. Quero acreditar na capacidade de recuperação e na vontade de cumprimento de objetivos.
Não fosse isto suficiente para gerar perturbação num período que se desejava de paz e tranquilidade e mais duas notícias surgem: as vacinas previnem a doença grave e a morte, mas não previnem, no tempo, a infeção e a transmissão do vírus. A taxa terá diminuído de 60 para 40%. Por outro lado, o aparecimento de uma nova variante denominada Ómicron. À data, ainda não se sabe se será mais transmissível, se implicará uma forma mais severa da doença, se poderá incrementar o número de reinfeções ou maior risco de resistência às vacinas. Sabe-se que apresenta um maior número de mutações e questiona-se se poderá colocar em causa a eficácia das vacinas.
Independentemente desse conhecimento mais profundo, esta nova variante é mais uma prova da adaptação às adversidades, obviamente na perspetiva do vírus, e da crescente preocupação que é a baixíssima taxa de vacinação no continente africano (cerca de 10% entre totais e parcialmente vacinados, com 0,1% na República Democrática do Congo). Certo é que a velocidade do surgimento de novas variantes será tanto maior quanto menor for a resistência que os humanos oferecerem ao vírus, fruto da vacinação.
Aguardei com expetativa fundada o novo canal CNN Portugal. Grande desilusão! Pouca dinâmica, pouco grafismo, parca novidade. É quase uma TVI 24 pós-crisma. Quase só o nome mudou.
Foi, no entanto, esta estação que proporcionou mais um episódio inusitado do Professor e Presidente Marcelo: o de responder a um arguido, condenado e foragido à justiça portuguesa. João Rendeiro, entrevistado pelo canal, afirmou que regressaria ao país caso o Presidente o indultasse. Marcelo teve a amabilidade de lhe responder…. Alguém percebeu a razão?
Em maré de estações televisivas, de lamentar o fim do único programa de jornalismo de investigação dos media portugueses: o “Sexta às 9”. Sandra Felgueiras, com o estilo que lhe é peculiar, trouxe à coação programas com temas acutilantes, incomodativos, mas sobretudo atuais. João Galamba, o Secretário de Estado Adjunto e da Energia chegou a classificá-lo de “estrume” e “coisa asquerosa”. Por que seria?
Felgueiras abordou uma panóplia de assuntos entre os quais se incluíam a corrupção em Portugal, a violência escolar, o escândalo do lítio em Montalegre, o negócio de golas à portuguesa (na altura dos incêndios de Pedrogão), anabolizantes fora de controle (aquando do internamento do ator Ângelo Rodrigues), a joia da “coroa” de Joe Berardo, Pedrogão Grande, a atribuição pela CML de uma habitação social a uma embaixatriz, as construções ilegais no Gerês, a Antral e João Rendeiro, entre muitos outros. A estação pública terminou com este programa. O jornalismo fica mais pobre!
A central do Pego encerrou. Finalmente e com alguns anos de antecedência, Portugal abandonou as centrais termoelétricas. Acabou a produção de energia proveniente da queima de carvão. A energia produzida no nosso país passa a ter origem, na sua totalidade, em fontes renováveis. Uma medida que se saúda.
Numa altura em que nos deveríamos estar a congratular pelas vitórias de Leonardo Jardim como campeão asiático de clubes e de Abel Ferreira, na Libertadores, assistimos a um espetáculo pobre, triste, escandaloso e degradante. Em suma, inqualificável. Benfica e Belenenses SAD foram os protagonistas de uma farsa num hipotético jogo da I Liga de futebol.
Existem regulamentos que devem ser cumpridos, há normas a seguir face à situação pandémica, há entidades responsáveis por eventos desta natureza e outras que os tutelam, há responsáveis pelos clubes, mas não deveria haver também diálogo, decisões atempadas, previsibilidade, razoabilidade e sobre tudo bom senso! Assim sendo, seríamos poupados a tamanha vergonha!
Rui Rio foi reeleito presidente do PSD. Este resultado terá porventura, surpreendido vários comentadores, mas por certo o aparelho laranja. Foi, no entanto, a vitória da clarificação. Rio defraudou algumas das expetativas criadas aquando da sua primeira candidatura. Ficou aquém do que muitos dele esperavam. Este (pseudo) afastamento da linha definida foi mais resultado da postura e orientação que entendeu imprimir à sua liderança, do que incumprimento ou desvio da sua linha orientadora. E acredito que este facto, foi percebido e entendido pela maioria dos votantes laranjas do passado sábado.
Rio mostrou-se com postura de Estado. Rio revelou perfil de estadista. Rio demonstrou responsabilidade. Rio coloca o país à frente das suas ambições pessoais e dos interesses partidários. Rio apresenta um discurso de missão. Rio quer um país governável. Rio permite, mesmo a todos quantos pretendem votar no PSD, perceber que não contribuirão para uma situação confusa e cinzenta. Ganhando quer governar. Perdendo, viabilizará e permitirá a governabilidade do país. Foi claro em todas estas premissas. E a votação dos militantes refletiu isso mesmo. A responsabilidade, tenacidade, resiliência e coerência foram premiadas. A 30 de janeiro, haverá um candidato que já disse claramente ao que vai. Sabe-se o que esperar dele. É o que precisamos de momento.
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