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Sexta-feira, 22 Novembro 2024

Jacques. Morreu um dos maiores craques da história do FC Famalicão

Jacques era um exímio praticante de futebol, um “rato” de área, muito veloz e tecnicista, que fazia as delícias do público da bancada central e do antigo peão do Estádio Municipal de Famalicão, onde, antigamente, nas tardes dos grandes jogos de domingo, os adeptos se acotovelavam em pé durante 90 minutos de futebol.

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Famalicão

Jacques Pereira (1955-2020) jogou apenas três temporadas no Futebol Clube de Famalicão, entre 1976 e 1979. Mas aqueles que têm mais de 50 anos de idade, ainda se lembram dele como futebolista de eleição.

Quando chegou, vindo do Farense, que atuava na I Divisão, o então Estádio dos Bargos estava em transformação: deixava de ser pelado para ganhar um relvado natural. O que favorecia a velocidade e a técnica do pequeno avançado.

Na época, o relvado era um investimento no desporto por parte da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e, sobretudo, um investimento no futebol, num quadro de melhoria das infraestruturas para que o clube chegasse à I Divisão, onde tinha estado apenas em 1946-1947.

Jacques na equipa do FC Famalicão que disputou a I Divisão em 1978-1979.

A equipa do FC Famalicão jogava para o meio da tabela na competitiva Zona Norte do Campeonato Nacional da II Divisão. E Jacques Pereira, apenas com 21 anos, foi um reforço importante, pois já tinha mostrado no Farense as suas credenciais de predestinado.

No ano seguinte, 1977-1978, Jacques fazia uma dupla atacante temível com o guineense Reinaldo e o FC Famalicão, treinado por José Carlos – um antigo defesa-lateral direito do Sporting Clube de Portugal e da seleção de Portugal, que tinha estado no Mundial de Inglaterra, em 1966 –,  chegou ao título de campeão nacional da II Divisão, tendo disputado a fase final com o Beira Mar e o Barreirense.

 

UM “RATO DE ÁREA”

Jacques Pereira era um exímio praticante de futebol, um “rato” de área, muito veloz e tecnicista, que fazia as delícias do público da bancada central e do antigo peão do Estádio Municipal de Famalicão, onde, antigamente, nas tardes dos grandes jogos de domingo, os adeptos se acotovelavam em pé durante 90 minutos de futebol.

Para ser um avançado completo, faltavam a Jacques alguns centímetros de altura e um bom jogo de cabeça, mas era um craque com a bola nos pés.

Para ser completo, faltava-lhe mais altura e um bom jogo de cabeça.

No ano seguinte, então na I Divisão, o treinador foi embora – o argentino Mário Imbelloni substituiu José Carlos –, a equipa famalicense foi desmantelada e Jacques – então sem a companhia de Reinaldo na frente de ataque, que rumara ao Benfica –, já não brilhou como antes numa equipa que andou sempre pelos fundos da classificação. A descida de divisão, contudo, só seria sentenciada nas últimas jornadas do campeonato.

Depois, Jacques esteve dois anos em Braga. Uma promoção na carreira. Na primeira época, marcou dois golos em 24 jogos. Já na segunda, fez o gosto ao pé por 18 vezes, em 30 jogos disputados.

 

MELHOR MARCADOR EM 1981-1982

Seguiu-se o FC Porto, onde o avançado português nascido em Casablanca, a capital de Marrocos, em 3 de fevereiro de 1955, esteve quatro anos, entre 1981 e 1985. Logo no primeiro ano conquistou a Bola de Prata, troféu dos melhores marcadores do campeonato. Marcou 27 golos e venceu um despique com o consagrado Rui Jordão (26 golos), do Sporting.

No FC Porto, Jacques venceu um campeonato, uma Taça de Portugal e duas Supertaças. Troféus que juntou ao título da II Divisão conquistado em Vila Nova de Famalicão. Em 84 partidas com a camisola portista, marcou 48 golos.

Jacques foi mesmo decisivo na Supertaça de 1981, ao fazer um “hat-trick” (três golos num só jogo) no triunfo dos portuenses sobre o Benfica, por 4-1, na segunda mão, após uma derrota por 2-0 em Lisboa.

Na sua primeira época no antigo Estádio das Antas, em 1981-1982, conseguiu a impressionante marca de 34 golos em 41 jogos, que lhe valeu uma chamada à seleção nacional – jogou a segunda parte num jogo particular em que Portugal perdeu 5-2 com a Bulgária, em 1981.

Jacques, uma estrela entre os campeões famalicenses de 1977-1978.

Em 1985 regressou a Braga para fazer mais duas épocas. E com o final da carreira a chegar, deixou o Norte do país para representar o Sporting da Covilhã, ainda na I Divisão, em 1987-1988. Até pendurar as botas em definitivo, ainda representou o Lusitano Futebol Clube, na II Divisão e na II Divisão de Honra, e o Castromarinense, durante quatro anos, nos Distritais da Associação de Futebol do Algarve.

 

ATAQUE CARDÍACO FULMINANTE

Deixou o futebol aos 39 anos e não experimentou a carreira de treinador. Fixou-se discretamente em Vila Real de Santo António, a sua terra, até morrer, em 3 de novembro de 2020, com 65 anos de idade.

Na segunda-feira, dia 2, Jacques tinha confidenciado a amigos que não se sentia bem e, ao fim da tarde do dia seguinte, faleceu na sua casa, em Vila Real de Santo António, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) deslocou-se ao local, ainda tentou a reanimação, mas sem êxito.

“De origem humilde foi daqueles homens que nunca se esqueceram das suas raízes nem dos seus amigos, mesmo quando a fama e o estrelato fizeram dele uma figura de referência do desporto rei”, escreveu o “Jornal do Algarve”.

O Futebol Clube de Famalicão, numa nota emitida no site da SAD (sociedade anónima desportiva), manifestou “profundo pesar pela morte de Jacques Pereira”, lembrando que “o antigo internacional português foi uma das figuras do Futebol Clube de Famalicão durante as três épocas em que vestiu a camisola do clube, tendo ajudado à conquista do título da II Divisão Nacional em 1977-1978 e à consequente subida ao patamar superior do futebol português”.

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