O NOTÍCIAS DE FAMALICÃO está online há quase três meses e, apesar da obviedade do nome do jornal, estamos a causar alguma agitação por, pasmem, escrever notícias sobre Famalicão.
Há quem pense que publicar cópias de comunicados enviados à comunicação social é fazer notícia. Mas não é. É necessário desfazer esse equívoco.
Os comunicados e notas de informação à imprensa não são notícias, são fontes de informação que o jornalista pode ou não transformar em notícias.
Um jornal não pode limitar o seu trabalho à transcrição de comunicados ou notas de imprensa, sem a necessária interpretação do conteúdo ou a audição de terceiros, para confirmar informações.
Um jornal não pode dar voz a alguns, enquanto outros são simplesmente ignorados. Um jornal tem de ouvir todas as partes. Além disso, uma notícia não divulga ou ignora informações consoante a conveniência de pessoas ou instituições.
Alguns episódios ocorridos, que seriam caricatos, caso não tivessem sido reais, revelam que há pessoas em Famalicão que precisam urgentemente de compreender que fornecer informação de interesse público quando solicitada por um jornal não é um favor. É uma obrigação!
Quem tem responsabilidades públicas – por eleição ou nomeação política – tem por obrigação a prestação de contas à sociedade. Uma das formas de sonegar à população acesso aquilo a que ela tem direito é negar, restringir ou dificultar o acesso da comunicação social a informações de interesse público.
Autarcas, presidentes de conselhos de administração de instituições ou empresas públicas e seus assessores (grande parte nomeados por confiança política) estão ao serviço da população.
Por isso, é inadmissível que instituições como a Câmara Municipal ou o Hospital de Famalicão ignorem pedidos de informação ou se neguem a responder. É ainda mais escandaloso quando há profissionais cuja função é o contacto com os meios de comunicação social. Ou seja, não é preciso desviar ninguém das suas funções habituais para atender jornalistas; há quem é pago justamente para isso.
Há exemplos de pedidos de informação extremamente simples como em algumas das situações que ocorreram com o NOTÍCIAS DE FAMALICÃO. Cito duas situações: perguntamos à Câmara Municipal se já há novo terreno para receber as hortas urbanas até agora localizadas no Parque da Cidade e ao hospital quantos bebés nasceram em 2020.
Aliás, por falar em hortas urbanas, há meses que o desaparecimento das hortas é assunto nas redes sociais, no Parque da Devesa e nas ruas da cidade. O que leva a pensar que se o assunto tivesse sido bem gerido com a comunidade, talvez não tivesse chegado a ser notícia.
É necessária uma reflexão sobre a importância de comunicar com a sociedade. No que concerne às instituições públicas não é uma opção, é uma obrigação. Uma comunicação contínua e transparente, de todos os assuntos e não apenas os que geram aplausos e likes.
No caso das hortas urbanas, a realidade revela que faltou eficácia na comunicação e transparência na gestão. A sociedade famalicense – incluindo não apenas utentes das hortas, mas também instituições e até autarcas – obteve informações sobre o assunto ao ler o NOTÍCIAS DE FAMALICÃO, que consultou documentos e ouviu utentes das hortas, pessoas que criaram petições, dirigentes associativos, etc.
Com cada notícia publicada reafirmamos, na nossa prática diária, o que foi escrito no primeiro editorial: o NOTÍCIAS DE FAMALICÃO nasceu com o propósito maior de oferecer a Vila Nova de Famalicão um meio de comunicação que fará do rigor, da pluralidade e da independência um verdadeiro tripé que irá sustentar a sua existência.
Noutros tempos Famalicão foi berço de muitos jornais. Nesta terra nasceram muitos meios de comunicação, grande parte deles em tempos difíceis, inclusive em alturas que rareavam pão, direitos e liberdade.
Uma comunicação social forte é essencial em toda a parte. Em Famalicão é uma tradição que deve ser mantida e honrada.
Plural e independente não é só um slogan.
Plural e independente é o que somos e continuaremos a ser.
Post Scriptum: A Câmara Municipal enviou hoje à tarde informação à comunicação social sobre as hortas urbanas. É caso para dizer, antes tarde do que nunca.
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