A pré-campanha para as eleições autárquicas na vila de Ribeirão está ao rubro. Naquela que é uma das maiores freguesias do concelho de Vila Nova de Famalicão, onde normalmente se decidem as eleições municipais, o desfecho das próximas autárquicas é, também, uma das grandes incógnitas da contenda eleitoral.
Por isso mesmo, parece valer tudo nesta pré-campanha. O último episódio tem o pároco de Ribeirão como protagonista e parece indicar um envolvimento claro da Igreja católica nas autárquicas famalicenses.
O padre Manuel Joaquim revela-se um apoiante da candidatura da coligação PSD-CDS e até está a divulgar um evento na sua página do Facebook para convidar os paroquianos para a sessão de apresentação da candidatura de Leonel Rocha à presidência da Junta de Ribeirão que será realizada neste domingo.
Leonel Rocha, recorde-se, andou a estudar para padre, mas não chegou a ser ordenado, concluindo os seus estudos com a licenciatura em teologia.
Na história das autárquicas no concelho de Vila Nova de Famalicão não há registo do envolvimento de padres nas campanhas eleitorais.
BOLETIM SEMANAL
A mais recente edição do Boletim Semanal da Paróquia de Ribeirão (que pode ser consultado na íntegra aqui) traz o texto “Dizer obrigado”, no qual o pároco de Ribeirão diz que as comemorações do 35º aniversário da vila “devem ficar marcadas pela nossa gratidão a estas duas personalidades: Presidente da Junta e Presidente da Câmara” que “terminam os seus mandatos e não se recandidatam”.
“Olhando para a nossa vila, temos muitos motivos para dizer: obrigado!”, escreveu o pároco, que reiterou a gratidão ao presidente da Câmara Municipal dizendo que “as obras que se realizaram em Ribeirão, nestes últimos anos, só foram possíveis com a colaboração da Câmara Municipal. Sem essa colaboração era impossível tanta obra”.
Por isso, o pároco faz no boletim semanal um apelo aos paroquianos: “É bom que não tenhamos memória curta: já houve tempos em que essa colaboração foi difícil e o resultado foi ‘estagnação’ em Ribeirão!”
“Não posso nem sei fazer um elenco de todas as obras realizadas na Vila”, refere o padre Manuel Joaquim no texto, que prossegue com referências a inúmeras obras: piscinas, escolas, etc. No entanto, algumas das obras referidas são fruto dos mandato de outros autarcas na Junta de Freguesia e na Câmara Municipal.
Nas referências a obras, esmiúça detalhes do que está a ser feito: “Ao longo da presidência da atual Junta de Freguesia foram pavimentadas mais de 30 ruas… Atualmente, estão a ser construídos mais passeios na rua de Santa Maria”. Também dedica parte do texto a anunciar o que vai ser feito. Exemplo disso é o parque de lazer junto ao rio Veirão, prometido há vários mandatos, e que “vai começar a ser construído”.
O texto termina com um agradecimento “por todas as obras realizadas e as que não referimos neste apontamento”, lembrando que “nunca é demais sublinhar a boa colaboração existente entre a Junta de Freguesia e as diversas Instituições da vila, nomeadamente aquelas que representamos”.
QUATRO CANDIDATOS
Feudo do PSD desde os tempos em que José Reis Moreira conquistou a Junta, em 1997, a freguesia de Ribeirão vive agora uma divisão sem precedentes, na sequência da escolha do vereador Leonel Rocha como candidato da coligação de direita, que foi uma imposição de Paulo Cunha, líder da concelhia social-democrata.
Leonel Rocha enfrenta a ex-líder do núcleo do PSD de Ribeirão, Cristina Santos que decidiu avançar com uma candidatura independente que está a baralhar o jogo eleitoral.
À direita, avança também o Chega, que se estreia nestas autárquicas. Entretanto, neste sábado, entra em campo o PS, que faz um evento para a apresentação pública da advogada Vera Rocha.
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