O Hospital de Santo Tirso vai deixar de integrar a Unidade Local de Saúde do Médio Ave, passando a ser gerido pela Misericórdia. O anúncio foi feito pelo Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, na sequência do protocolo assinado, esta quinta-feira, entre a União das Misericórdias Portuguesas e o Ministério da Saúde, tendo em vista a transferência do Hospital de Santo Tirso.
Refira-se que a Unidade Local de Saúde do Médio Ave (ULS do Médio Ave) iniciou funções em janeiro deste ano agregando os hospitais de Famalicão e Santo Tirso (ex-Centro Hospitalar do Médio Ave) e os centros de saúde dos concelhos de Famalicão, Santo Tirso e Trofa.
Desde a criação do Centro Hospitalar, os hospitais de Famalicão e Santo Tirso partilham profissionais e serviços. Em alguns casos, como o internamento em medicina, o serviço está disponível em ambos os hospitais. Noutros, como a cirurgia, está dividido. No bloco operatório de Famalicão são realizadas apenas cirurgias que necessitam de internamento. As demais cirurgias são realizadas em Santo Tirso e representam cerca de 70% da atividade cirúrgica do Centro Hospitalar.
Recorde-se que recentemente o Hospital de Santo Tirso recebeu um investimento superior a cinco milhões de euros. Há cerca de um ano foi inaugurado um edifício com três pisos: no primeiro funciona o ambulatório, a consulta e o hospital de dia da saúde mental; no segundo o internamento de medicina; e no terceiro um internamento de saúde mental.
Em entrevista ao NOTÍCIAS DE FAMALICÃO em dezembro do ano passado, António Barbosa, presidente da conselho de administração da ULS do Médio Ave, referiu que a instituição já tinha “uma candidatura aprovada no PRR para instalar nesse novo edifício uma unidade da rede nacional de cuidados continuados com 28 camas” [clique aqui para ler a entrevista].
O NOTÍCIAS DE FAMALICÃO contactou o presidente da Câmara de Famalicão, Mário Passos, e o presidente do conselho de administração da ULS do Médio Ave, António Barbosa, para obter uma reação sobre os impactos dessa mudança no Hospital de Famalicão, mas até ao momento não obtivemos resposta.
MEDIDA “INCOMPREENSÍVEL”
O presidente da Câmara de Santo Tirso já reagiu e pediu uma audiência urgente à ministra da Saúde.
A Câmara Municipal de Santo Tirso “lamenta” ter sido informada pela comunicação social de uma medida com “enorme impacto” para população do concelho, “sem que tenha sido chamada a dar o seu contributo para o processo de decisão”, refere a autarquia em comunicado enviado às redações.
Destacando não ter “nada contra” a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, a quem reconhece “um papel fundamental na prestação de serviços de assistência social no concelho”, a Câmara de Santo Tirso acredita que a transferência do hospital para a União das Misericórdia “é uma medida político-partidária” e defende a manutenção do Hospital no SNS “por acreditar que é o modelo que melhor garante a qualidade e equidade de acesso”.
A autarquia liderada por Alberto Costa considera “incompreensível que esta medida seja tomada depois de terem sido cumpridos os investimentos, de cinco milhões de euros, anunciados pelo anterior Governo, na qualificação do Hospital de Santo Tirso e de, há precisamente um ano, ter sido inaugurado um novo edifício construído para albergar a Unidade de Apoio ao Serviço de Urgência e Cuidados de Saúde Primários na Área da Saúde Mental do Centro Hospitalar do Médio Ave”.
“Desconhecendo por completo os contornos do acordo celebrado entre a União das Misericórdias Portuguesas e o Ministério da Saúde”, a Câmara de Santo Tirso está “solidária” com todos os colaboradores do Hospital de Santo Tirso e considera “urgente” a “garantia de que esta decisão não vai colocar em causa os postos de trabalho”.
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