No passado dia 17 de maio, foi celebrado o Dia Mundial da Hipertensão com o objetivo de promover a consciencialização pública sobre o perigo desta doença.
A hipertensão arterial, frequentemente chamada de “assassino silencioso”, continua a ser um dos maiores desafios de saúde pública em Portugal. Esta condição, caracterizada pela elevação persistente da pressão sanguínea, afeta cerca de 42% da população adulta portuguesa, segundo os dados mais recentes.
Num país onde a dieta mediterrânica é rica em vegetais, frutas, azeite e peixe, pode parecer paradoxal que tantas pessoas sofram de hipertensão. No entanto, a realidade é mais complexa, o estilo de vida moderno, com níveis elevados de stresse, sedentarismo e uma alimentação frequentemente rica em sal e gorduras, contribui significativamente para esta estatística alarmante.
Os impactos da hipertensão são devastadores. Esta condição é um fator de risco maior para doenças cardiovasculares, incluindo ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, que são as principais causas de morte em Portugal. Além disso, a hipertensão mal controlada pode levar a danos nos rins, problemas de visão e insuficiência cardíaca.
A doença afeta pessoas de todas as idades, géneros e classes sociais. No entanto, os idosos são particularmente vulneráveis. A prevalência aumenta com a idade, e muitos idosos portugueses enfrentam a hipertensão como uma parte inevitável do envelhecimento, muitas vezes sem estarem conscientes dos riscos associados.
O Sistema Nacional de Saúde (SNS) tem realizado esforços para combater a hipertensão através de campanhas de sensibilização, rastreios regulares e programas de tratamento. Os médicos de família desempenham um papel crucial, monitorizando a pressão arterial dos pacientes, aconselhando sobre as mudanças no estilo de vida saudável e a prescrição da medicação.
No entanto, a luta contra a hipertensão é uma batalha que deve ser travada em cada lar e escolas. A educação sobre hábitos alimentares saudáveis e a importância da atividade física é essencial.
Os portugueses têm uma relação complexa com o sal, um dos principais vilões da hipertensão. A gastronomia portuguesa, embora deliciosa, é muitas vezes rica em sal. O bacalhau, os enchidos e muitas outras iguarias tradicionais são exemplos disso. Reduzir o consumo de sal é um desafio cultural e culinário que requer mudanças na mentalidade coletiva e na forma como preparamos e consumimos alimentos.
Por fim, enfrentar a hipertensão em Portugal requer uma abordagem multifacetada, combinando educação, prevenção e tratamento eficaz. Somente através de um esforço coletivo, que envolva o governo, profissionais de saúde e a sociedade como um todo, poderemos reduzir o impacto desta doença e melhorar a saúde e bem-estar da população portuguesa.
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