A comissão política do PS de Vila Nova de Famalicão acusa o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, de já não estar “concentrado nos problemas dos famalicenses”, colocando em primeiro lugar as suas ambições políticas no PSD nacional.
A estrutura política liderada por Eduardo Oliveira – que será o candidato do PS nas eleições autárquicas que se realizam no próximo outono – defende que “Famalicão e os famalicenses precisam de um presidente da Câmara de corpo e alma, que assuma um compromisso diário na procura do bem-estar comum”.
Estas considerações, feitas em comunicado enviado aos meios de comunicação, surgiram esta sexta-feira, 15 de janeiro, após Paulo Cunha ter sido notícia na imprensa nacional, imiscuindo-se no processo de escolha do candidato do PSD à câmara municipal do Porto.
“MOÇO DE RECADOS”
Paulo Cunha, recorde-se, é um dos autarcas do PSD mais votados do país e tem conhecidas ambições nacionais na estrutura do seu partido. No último congresso foi o candidato à presidência do Conselho Nacional do PSD, proposto por Luís Montenegro.
Adversário interno de Rui Rio, Paulo Cunha – que é líder do PSD-Famalicão, da Distrital de Braga do PSD e membro do Conselho Nacional do partido –, desafiou o líder nacional dos social-democratas a não apresentar candidato próprio à Câmara Municipal do Porto e a apoiar o atual edil Rui Moreira.
De imediato, as estruturas portuenses do PSD, alinhadas com Rui Rio, saíram a terreiro para atacar o dirigente partidário de Famalicão, acusando Paulo Cunha de “ingerência”, de “canalhice” e de ser “um moço de recados” dos opositores internos à liderança nacional do PSD.
O FOCO E AS AMBIÇÕES
“O Dr. Paulo Cunha volta a demonstrar que Famalicão não é o seu principal foco de ação política e os Famalicenses não estão no centro das suas preocupações”, afirma o PS local num comunicado intitulado “Paulo Cunha põe a sua ambição à frente de Famalicão”.
A comissão política liderada por Eduardo Oliveira justifica a sua posição lembrando “diversas notícias veiculadas por diferentes órgãos de comunicação, onde o atual presidente da Câmara Municipal de Famalicão é acusado de ‘ingerência’ política por parte dos seus companheiros partidários”, os quais “lhe endereçam conselhos para ‘não meter a foice em seara alheia’ por, alegadamente, tentar interferir e decidir o futuro da candidatura do PSD ao Município do Porto”.
O PS de Famalicão conclui que Paulo Cunha “não parece concentrado nos problemas diários dos famalicenses”, pelo que o seu o trabalho político para este ano “não é Vila Nova de Famalicão e muito menos os Famalicenses”.
O CASO DA URGÊNCIA HOSPITALAR
“Os famalicenses encontram-se órfãos de uma liderança política local adequada aos desafios da pandemia”, sustenta a comissão política do PS local, recordando que, durante o primeiro confinamento, em março de 2020, e durante longas semanas, “o atual presidente da Câmara de Famalicão não conseguiu corresponder com o mínimo que se exige de um governante municipal: estar presente, desde o início, com a população, no terreno”.
O caso da ampliação da urgência do hospital para atender doentes com a covid-19 é, na ótica do PS-Famalicão, “o melhor resumo da atuação política” do autarca Paulo Cunha: “Surgiu nas televisões nacionais quase que a afirmar-se como o obreiro do projeto, atacou o Governo por nada fazer, mas esqueceu-se de dizer que foi um investimento conjunto entre a autarquia e o Governo central. Mas depois veio o pior: bastou surgir um problema grave com as condições do edifício e nada mais se soube dos lados da Câmara Municipal.”
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