“O concelho de Vila Nova de Famalicão sofreu uma perda irreparável do seu património ambiental, paisagístico e cultural no Monte do Facho, também conhecido como Monte de Santa Catarina, na encosta voltada para a Freguesia de Outiz”. A afirmação é da Famalicão em Transição, associação de cariz ambiental que, em comunicado, lamenta o abate de árvores no Monte de Santa Catarina para a construção de uma central fotovoltaica. A informação sobre a construção da central fotovoltaica foi avançada em primeira mão pelo NOTÍCIAS DE FAMALICÃO no mês de julho. [ver aqui Central fotovoltaica será construída em terreno com “perigosidade de incêndio florestal muito alta”].
“No final de outubro deste ano foi arrasada uma extensa mancha de Sobreiros e alguns Carvalhos Alvarinho, numa área incluída em Reserva Ecológica Nacional e que abrange as ‘cabeceiras das linhas de água’ e ‘áreas com risco de erosão’”, refere a Associação, salientando que “essa é a descrição da área em documentação disponível na página online do Município de Vila Nova de Famalicão”.
A Associação cita o Decreto-lei nº 169/2001 de 25 de maio que obriga a que o corte ou poda de Sobreiros e Azinheiras sejam requeridos e autorizados, previamente, pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Para além da legislação, a Famalicão em Transição destaca ainda que “trata-se de uma área com uma orografia muito sensível, devido ao grande declive e exposição às massas de ar marítimas carregadas de humidade”.
“Qualquer intervenção nesta área deveria ser cuidadosamente gerida. Infelizmente, no local verifica-se que o solo foi totalmente revolvido, pontuando crateras em resultado do arranque das raízes de árvores adultas. Deste modo, o solo ficou totalmente desprotegido às portas do Inverno”, referem os ambientalistas.
A Associação Famalicão em Transição informa que vai colocar um conjunto de questões à Câmara de Famalicão “para perceber o enquadramento dos factos e quais as medidas de compensação ambiental”. No entanto, acrescenta que “independentemente da argumentação que a autarquia possa apresentar, tendo em conta os elementos expostos, “exige que se suspenda de imediato os trabalhos no local” e que logo que seja possível se inicie a recuperação ambiental e paisagística da área.
Refira-se que a Famalicão em Transição “tem como visão tornar Vila Nova de Famalicão uma comunidade mais sustentável e resiliente, centrada nas pessoas e na natureza”.
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