Numa das primeiras crónicas falei de uma figura conhecida mundialmente (arquiteto Siza Vieira) e que este sim podia trazer mais visitantes a Famalicão. Não consigo compreender como nos querem contar a “história” que o Mercado Municipal é um projeto premiado e centro das atenções dos críticos da arquitetura. Pergunto: premiado por quem? Foi o publico que numa plataforma comercial que o escolheu. Lamento dizer que este não é projeto premiado, é um disparate. Este disparate está plasmado no Boletim Municipal nº 01/22.
Álvaro Siza Vieira é um dos principais rostos exportados por Portugal para fora, sendo facilmente reconhecido pela comunidade artística internacional como um dos mais relevantes nomes da arquitetura.
Siza destaca-se por fazer uma arquitetura sempre em função do espaço onde se insere, a sua grande preocupação: é melhor o o território onde vai intervir, pelo menos não o destruir. As sua obras nunca são arrogantes nunca se impõem submetem-se (atitude muito rara numa grande parte dos arquitetos)
O seu valor está também na sua humildade e simplicidade (sem ser simplista).
Cada obra sua só tem sentido no local para onde foi projetada, dado que ele sabe ver/ler (no sentido de adquirir conhecimento). Esta característica nota-se nas primeiras obras.
É neste sentido de relação com a envolvente e a forma particular como como seleciona pontos estratégicos fazendo com que estes “entrem” nos edifícios havendo uma relação entre interior e exterior. Podemos observar essa relação em muitas obras, como a biblioteca da Universidade de Aveiro (transporta a ria de Aveiro para dentro do edifício), e a igreja de Marco de Canavezes, com uma janela horizontal ao nível dos olhos para quem está sentado.
Voltando ao Centro de Estudos Camilianos, para além da sua integração no espaço que é excelente, e para que o impacto fosse menor um dos pisos é “enterrado”.
Mas reparem agora neste pormenor importante neste edifício, a entrada não é feita pela fachada junto à rua principal (capricho de arquiteto). Não, é por isso e muito mais que este senhor é reconhecido mundialmente. É a forma genial que Siza relaciona os dois edifícios. “Obriga-nos” a ver a Casa de Camilo logo ao entrar no edifício.
Não sei quem foi o génio que faz este aumento da Casa de Camilo com “a casa do caseiro”. Não foi nenhum arquiteto, suponho, porque isto não é arquitetura. É um atentado a Siza e à memória de Camilo. Quando se intervém num edifício de uma determinada época não se faz um pastiche, faz-se uma obra com uma linguagem contemporânea, vejam o exemplo no mosteiro de Santo Tirso.
Isto é uma foto do interior da casa do caseiro (paredes em pedra e cobertura em madeira – lindo) não é arquitetura é um disparate, faz lembrar uma senhora bem intencionada que tentou recuperar uma pintura.
Não contentes com as paredes interiores a “emitir” o antigo, pintam a casa toda de um amarelo fluorescente amarelo limão. Senhores se querem imater alguma coisa, façam-no. A casa de Camilo quando foi construída foi rebocada e pintada com tintas naturais não com cores fluorescentes. Se é para “dar vistas” estão de parabéns.
Por fim quando restauram o Centro de Estudos Camilianos?
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