A partir deste sábado, dia 28, e até 13 de outubro, o novo “Espaço Memória” da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Médio Ave, na Alameda D. Maria II, no centro da cidade de Famalicão, acolhe a exposição do fotojornalista Marques Valentim “E Depois do Adeus – Fotografias com História”.
A iniciativa é da Casa da Memória Viva e precede uma outra mostra, centrada nos acontecimentos vividos em Vila Nova de Famalicão nos primeiros dias de agosto de 1975, de contestação à governação político-militar do país de então, que a associação famalicense pretende realizar no próximo ano.
Aos olhos do público estarão meia centena de fotografias que documentam episódios e protagonistas marcantes da implantação da Democracia em Portugal.
Marques Valentim, atualmente com 75 anos, estava em Moçambique a cumprir o serviço militar aquando da revolução do 25 de Abril. Fez o curso de Fotografia e Cinema nos Serviços Cartográficos do Exército, em Lisboa, e foi requisitado pelo general Kaúlza de Arriaga, comandante em chefe das Forças Armadas em Moçambique, para fazer a cobertura fotográfica das suas deslocações pelo território da ex-colónia. Regressado a Portugal, tornou-se fotojornalista e pôde registar as transformações do país nos primeiros anos vividos em liberdade.
“Esta exposição não é tanto sobre o 25 de Abril, mas sobre os principais obreiros da implantação da Democracia e os acontecimentos mais marcantes que ficam na nossa História do séc. XX e, de alguma forma, justificam a revolução. Por isso, preocupei-me em fazer acompanhar as fotografias expostas com uma legenda, para facilitar o entendimento das pessoas e o contexto, onde constam data, identificação e de uma descrição sucinta do retrato ou momento captado”, adianta o autor.
“E Depois do Adeus – Fotografias com História” reúne fotografias alusivas à guerra colonial (1972), às primeiras eleições livres (1975), às movimentações político-militares contra e a favor dos sucessivos governos provisórios, à Assembleia Constituinte, ao processo de descolonização, ao acidente aéreo de Camarate, à adesão de Portugal à então CEE e, até, ao incêndio do Chiado. Mas, também propicia um outro olhar, “menos formal e mais intimista, nalguns casos”, sobre figuras maiores da Democracia portuguesa, como António de Spínola, Melo Antunes, Otelo Saraiva de Carvalho, Salgueiro Maia – “o meu herói”, para Marques Valentim –, Mário Soares, Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, Freitas do Amaral, Pinto Balsemão, Ramalho Eanes, Maria de Lourdes Pintasilgo, entre outras personalidades.
“Sinto-me um jornalista realizado. Quase toda a História de Portugal dos últimos 50 anos passou pela minha objetiva”, declara o antigo editor de fotografia do “Correio da Manhã” e de outros jornais.
A exposição está patente ao público, deste sábado até 13 do próximo mês, entre as 10 e as 18 horas, com exceção do dia 11, em que estará fechada.
Já neste sábado, às 15h30, haverá a primeira de três visitas guiadas pelo autor. As outras têm lugar nos dias 12 e 13 de outubro, às 11 horas.
A Casa da Memória Viva foi criada há cinco anos e tem como propósito essencial a “salvaguarda e valorização da memória na, da e pela comunidade famalicense”. Em conformidade, tem privilegiado as ações de sensibilização e informação da opinião pública local sobre a prevenção e os impactos das formas mais comuns de demência, assim como a capacitação de cuidadores e familiares de pessoas em défice cognitivo. Vem pugnando igualmente pela salvaguarda e valorização da memória identitária de Vila Nova de Famalicão.
A exposição conta com o apoio do Município de Famalicão e a colaboração do Crédito Agrícola do Médio Ave.
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