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Vila Nova de Famalicão
Sábado, 21 Dezembro 2024

Estádio Municipal: FC Famalicão acusa Câmara de “violação de compromisso” e adeptos pressionam Mário Passos

Adeptos estão "fartos de promessas adiadas". Projeto apresentado em 2018 pela Câmara Municipal ficou no papel. E nova solução ainda não avançou.

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Famalicão

Miguel Ribeiro, presidente da sociedade anónima desportiva (SAD) que gere o futebol profissional do Futebol Clube de Famalicão, está farto das promessas do município quanto à construção do novo estádio e já não acredita no presidente da autarquia, Mário Passos, da coligação PSD-CDS.

As relações estão tão extremadas que o dirigente do FC Famalicão já admite a construção de um novo estádio fora do concelho de Vila Nova de Famalicão, alegando que “há claramente uma violação de um compromisso” por parte da Câmara Municipal.

“Quando esta SAD entrou comprometeu-se a fazer do FC Famalicão um clube de topo e isso está à vista. Em troca, o Município de Famalicão comprometeu-se a fazer um estádio municipal”, clarifica Miguel Ribeiro, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de apresentação dos jogadores para a temporada 2024-2025, que decorreu na noite de 27 de julho, numa praça da cidade.

“Quase que me atrevo a dizer que estou conformado com a nossa realidade, até ao dia em que a SAD do FC Famalicão entender que, se calhar, o Município de Famalicão não faz tudo para que o FC Famalicão jogue em Vila Nova de Famalicão”, atirou o dirigente desportivo em tom de desabafo.

Para Miguel Ribeiro, o prazo para o lançamento do concurso público internacional para a construção do novo estádio “já passou”. “Neste momento, nós temos é que arranjar uma solução para o estádio. Se não for ali [nos terrenos do estádio atual], será noutro sítio qualquer. Quando digo ’um sítio qualquer’ é mesmo um sítio qualquer. Não precisa de ser em Vila Nova de Famalicão”, revelou.

Para o presidente da SAD do Futebol Clube de Famalicão a questão do estádio é muito preocupante. A equipa famalicense tem um dos estádios mais pequenos e desconfortáveis do campeonato português, onde só o relvado cumpre os padrões de exigência da Liga Portuguesa e da UEFA.

Entretanto, no dia do primeiro jogo da pré-época realizado na terça-feira, 30 de julho, contra o Desportivo da Corunha, apareceram tarjas, colocadas por adeptos do clube, com frases críticas direcionadas à autarquia face à questão do estádio municipal.

Também nas redes sociais adeptos do FC Famalicão têm vindo a mostrar o seu descontentamento.

 

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O jogo teve como resultado um empate e deu para matar as saudades, mas um insólito episódio com abelhas obrigou os adeptos espanhóis a desocupar a bancada dos visitantes.

É neste contexto, com mais dúvidas do que certezas, que pairam dúvidas sobre o futuro…

SAD TENTOU “SER SOLUÇÃO”

Considerando estar perante um processo que lhe deixa a alma atormentada, Miguel Ribeiro confessa que não entende o impasse e as promessas não cumpridas relativamente ao projeto de reabilitação do Estádio Municipal de Vila Nova de Famalicão, mais a mais “estando o FC Famalicão na rota em que está, com a maior pujança de sempre, dado que, em 90 anos de história, nunca esteve seis épocas consecutivas na I Liga”.

Para explicar o que lhe vai na alma, Miguel Ribeiro relembra que, quando assumiu a presidência da SAD, em 2018, o objetivo era fazer do FC Famalicão um clube de topo. E um estádio com todas as condições era uma das condições fundamentais.

Miguel Ribeiro presidente da SAD do FC Famalicão. Fotografia ARQUIVO

Agora, o dirigente escolhido pelo magnata israelita Idan Ofer para liderar a SAD do FC Famalicão, alega o cumprimento da sua parte, lembrando que o clube “está no top 6 nacional, com classificações nunca abaixo do oitavo lugar”. Porém, “isso não se reflete na casa que temos, que é uma casa que nos embaraça”.

Miguel Ribeiro revela que foram apresentadas “soluções” e que a SAD do FC Famalicão tentou “ser solução”: “Passamos uma mensagem muito clara de que queremos ser solução, mas não poderemos ser solução daquilo que não tem solução.”

CONCURSO INTERNACIONAL AINDA FOI NÃO LANÇADO

Recorde-se que, em 10 de abril de 2023, após uma reunião com o presidente da SAD do Futebol Clube de Famalicão, Miguel Ribeiro, e com o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, Mário Passos afirmou que o novo Estádio Municipal de Famalicão iria localizar-se no mesmo sítio do atual, mediante um projeto que pode chegar a 20 milhões de euros.

“Um edifício com o estádio dentro” foi a imagem verbalizada por Mário Passos para que todos entendessem o que ele pretende para os terrenos do estádio municipal.

Mais recentemente, em 20 de fevereiro de 2024, Mário Passos chamou José Pina Ferreira, presidente do clube, e Miguel Ribeiro, presidente da SAD, para uma conferência de imprensa nas instalações da autarquia.

Todos estariam à espera de mais trabalho de casa, nomeadamente da apresentação do projeto do novo estádio municipal e de compromissos com datas de execução, mas o presidente da Câmara Municipal pouco mais acrescentou ao que já se sabia.

Afirmando que novo estádio municipal vai ser construído a custo zero para a Câmara Municipal e para o Futebol Clube de Famalicão, Mário Passos dissertou sobre a estratégia adotada pelo município, apontando o início do segundo semestre deste ano para o arranque do procedimento concursal, adiantando ainda que “é vontade da Câmara Municipal que a construção de todo o empreendimento comece ainda no ano de 2025”.

“O Estádio não vai custar nada à Câmara Municipal. Vamos lançar um concurso público internacional, para que os ‘players’ do mercado possam trazer soluções. Não somos nós que dizemos qual vai ser o projeto. Podem desenvolver o projeto como entenderem desde que cumpram as premissas indicadas pelo município”, afirmou Mário Passos.

E que premissas são essas? “Não abdicamos de o estádio permanecer no mesmo local. Queremos um estádio moderno e funcional, com capacidade para nove ou 10 mil lugares. Queremos um parque de estacionamento subterrâneo e um espaço polivalente, para a Câmara Municipal poder desenvolver atividades para a comunidade e para complementar a Casa das Artes”, indicou Mário Passos.

Quanto aos terrenos, que são municipais, o edil garantiu que não haverá alienação, mas sim uma concessão a privados por um determinado período.

Falta ainda fazer as contas ao investimento, de que ainda ninguém falou. E, aqui, é que a porca pode torcer o rabo. Pouca gente acredita que o negócio, pela grandeza do seu desenho, seja atrativo para os investidores.

Aparentemente, só Mário Passos acredita que é. E por isso deixou cair em definitivo um projeto que tinha sido apresentado pelo ex-presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, em 2018.

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