Educação: A importância dos primeiros anos de vida

Grande parte dos problemas que nos afetam só podem ser melhorados com uma aposta forte em educação. Mas há um período da educação que costumamos negligenciar – os primeiros anos de vida.

“Aos três anos, já se observam diferenças significativas no desenvolvimento cognitivo entre crianças de diferentes contextos socioeconómicos, com crianças de famílias mais favorecidas apresentando um avanço de cerca de 20 meses em relação às de famílias menos favorecidas.”

Esta afirmação de Miguel Herdade, um especialista em educação que atualmente dirige uma escola no Reino Unido, levou-me a aprofundar o estudo sobre este assunto, acreditando que podemos fazer de Famalicão uma referência nesta área.

OS GAPS EDUCACIONAIS NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA

Um estudo coordenado por Sarah Cattan, aponta que o desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida é fundamental não apenas pelo impacto imediato, mas porque influência de forma decisiva o percurso de vida futuro. Sendo possível avançar que:

1. As desigualdades começam cedo, quer seja ao nível do desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças, estas revelam-se logo a partir dos três anos de idade;
2. Existe impacto a longo prazo, visto que as condições nos primeiros cinco anos de vida influenciam diretamente o rendimento, o bem-estar e as oportunidades na idade adulta.
3. O investimento público não chega, sendo necessário trabalhar o envolvimento dos pais em simultâneo com o crescimento do acesso a creches.
4. O ambiente familiar e social é mais importante que a genética, visto que são as interações com o ambiente familiar e social que moldam de forma decisiva os resultados.

Assim, este e outros estudos deixam uma mensagem clara: políticas públicas eficazes para a infância precisam de ir além da creche ou do apoio pontual. O foco deve estar também na criação de ambientes familiares equilibrados e na formação dos pais, reconhecendo o contexto económico, cultural e social de cada família.

A IMPORTÂNCIA DOS AUTARCAS NA EDUCAÇÃO

A Educação tem sido das áreas abrangidas pela transição de competências para as autarquias, que atualmente fazem a gestão de edifícios e assistentes operacionais das escolas. Mas uma autarquia inteligente pode ir mais além.

As autarquias têm políticas interessantes, sendo por exemplo determinantes na alimentação das crianças, onde ao contrário do que possa parecer Portugal tem bons registos à escala global. Contudo podemos ir mais longe, fazendo de quem está próximo do território um catalisador importantíssimo da qualidade da educação dos seus munícipes.

O problema é que este trabalho só será visível em uma ou duas décadas, algo difícil de encaixar para quem vive em ciclos de 4 anos…

Assim, é necessário fazer mais, primeiro diagnosticando as carências de vagas em creches e depois trabalhando, em conjunto com o setor social e privado, para que rapidamente se consiga acrescentar essas vagas. Mas como vimos isso não é suficiente, é necessário que estas vagas sejam de qualidade e o envolvimento e formação dos pais.

Necessitamos de trazer especialistas no setor a Famalicão e construir as bases de um sistema de ensino de excelência desde os primeiros anos, envolver a comunidade e sonhar em conjunto, ambicionando que em Famalicão sejam formados os melhores profissionais e cidadãos do país.

CONCLUSÃO E REGISTO DE INTERESSES

Concluindo, investir na educação nos primeiros anos de vida é mais eficaz na promoção da igualdade de oportunidades do que em qualquer outra fase da vida, podendo as autarquias ser um dinamizador por excelência deste investimento. Este será um dos eixos fundamentais da candidatura que encabeço à Câmara Municipal, acreditando que os famalicenses se vão juntar a mim para Construir Vila Nova, um Famalicão “champions” na educação.

Por este facto, de estar já anunciado como candidata à Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, o leitor deve ter cuidado acrescido ao ler o que escrevo.