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Vila Nova de Famalicão
Sábado, 21 Dezembro 2024
José Ferreira
José Ferreira
Famalicense, natural de Jesufrei, concelho de Vila Nova de Famalicão, frequentou a licenciatura em Humanidades na Universidade Católica Portuguesa. Gosta de escrever sobre o que o rodeia e observa. E adora poesia.

É bom recordar… fazer memórias!

É bom recordar e fazer memórias dos belos momentos vividos e partilhados com pessoas amigas.

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José Ferreira
José Ferreira
Famalicense, natural de Jesufrei, concelho de Vila Nova de Famalicão, frequentou a licenciatura em Humanidades na Universidade Católica Portuguesa. Gosta de escrever sobre o que o rodeia e observa. E adora poesia.

Famalicão

Ainda a propósito da última edição da Feira de Artesanato e Gastronomia de Famalicão…

Passei por lá algumas vezes, mas retenho a visita do dia 07/09/2024(sábado). Desloquei-me ao recinto para ver de novo alguns stands/expositores e para ouvir um pouco o grupo musical que atuava.

Passando na zona do palco, encontrei um conterrâneo (de Jesufrei), acompanhado de um amigo.

Permanecemos parados, à conversa. Depois, dizíamos: Nas últimas duas décadas, não é só no futebol, também na música têm aparecido inúmeros cantores e músicos, etc… e continuando: Temos um país recheado de talentos , mas não é só na música ou futebol… até aqui se vê a riqueza do país, com tantas tradições e com tão rico artesanato!

Pouco depois, o amigo conterrâneo afirmava: “Se alguém fosse vivo (de Jesufrei), andaria certamente por estas Feiras de Artesanato…”

Vinha logo à baila o nosso conterrâneo, o nosso querido AMIGO (e ainda meu primo), o tão conhecido QUIM MANQUINHO de Jesufrei, o grande embalsamador e que ele próprio dizia, exibindo com gosto a carta e o alvará, ser um TAXIDERMISTA (a pessoa especialista em taxidermia, ou seja, a arte ou técnica de preparar cadáveres de animais para resistirem à decomposição e de os empalhar para que ganhem poses semelhantes às que tinham em vida).

Este grande ARTISTA era muito mais, era um Ser humano multifacetado: um exímio trabalhador da madeira, um mestre no jogo da malha, um perito nos matraquilhos e um excelente treinador de futebol, não de bancada, mas do banco, do terreno…a dizer aos pupilos como jogar, como entrar e estar em campo para vencer!

Mesmo com a mobilidade reduzida e com problemas na coluna, nunca desistiu, nunca deixou de enfrentar as dificuldades com garra e luta contínuas…

Quando o meu filho mais velho tinha poucos meses, disse-me o Quim Manquinho: ” Não compres nenhum brinquedo para ele aprender a andar…eu vou fazer o tradicional de madeira, com uma roda à frente, duas atrás e com um varão para ele se apoiar.”

E eu assim fiz…e passado pouco tempo, já me avisava que o podia ir buscar! Que maravilha! Que recordação!

Nas malhas, todos gostavam de o ver jogar, mas poucos ou quase ninguém apreciava o confronto porque era quase garantido não terem sucesso… As patelas pareciam ter olhinhos e mesmo com o meco escondido (até atrás de um carvalho), nada afligia a sua mestria.

Nos matraquilhos, quase adormecia o adversário e os golos sucediam-se. Eu e outros miúdos aprendemos a jogar com este Mestre. Ele brincava connosco, mas no fundo ensinava. Jogávamos, aprendíamos e quantas vezes, mesmo a ganhar, era o Mestre que metia a moeda para nova partida!

Hoje fala-se muito de treinadores, cursos e mais cursos… Se dissesse a um adolescente que muitos da sua idade tiveram o Quim Manquinho por treinador, não acreditariam…ou melhor, se lhe dissesse como era o Homem, diria ser impossível esse cargo!

Como é que um Homem que nunca correra atrás de uma bola, nunca pôde jogar (e numa altura sem vídeos ou filmes de jogos ou táticas), poderia ser capaz de orientar um treino ou jogo de futebol?! Mas era verdade, somos testemunhas, muitos rapazes, dessa altura em Jesufrei se orgulharam de jogar numa equipa orientada pelo querido Quim!

Ele sabia falar, dizer como queria o jogo, os passes, os remates, etc. Um autêntico Senhor do Futebol! E mais poderia elencar, das suas habilidades e mestrias!

É bom recordar e fazer memórias dos belos momentos vividos e partilhados com PESSOAS AMIGAS que nos marcaram, de forma indelével e de quem muito recebemos, inúmeros ensinamentos, como modelos para as nossas vidas, em diversos setores.

Decorridos anos sobre o desaparecimento físico desses AMIGOS, ainda é com alegria que passamos longos momentos a recordar esses dias, esses convívios e nem damos pelo tempo a passar quando nessas conversas preenchemos de alegria essas memórias que nos encantam de emoção!

E para concluir, deixo uma sincera e merecida HOMENAGEM a todos os artesãos de Jesufrei, desse cantinho que me viu nascer e crescer!

É bom fazer memórias e foi bom ter ido outra vez (perto do final) à Feira de Artesanato e Gastronomia de Famalicão porque no encontro com o conterrâneo pudemos lembrar este nosso Amigo Quim Manquinho que me inspirou a escrever esta crónica.

Há conversas que produzem frutos e esta foi uma delas, garantidamente!

 

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