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Sábado, 23 Novembro 2024
Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

É bom parir aqui!

5 min de leitura
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Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Famalicão

Circulou nas redes sociais uma publicação onde se reproduzia um outdoor com o lettering e as cores idênticas às utilizadas pela autarquia, referindo-se aos escândalos que pairaram sobre o nome do concelho nos últimos tempos: investigações sobre eventual corrupção na autarquia, escândalos/abusos sexuais no futebol feminino, na igreja da paróquia da vila de Joane ou aqueles que são atribuídos a um professor de uma escola da cidade. Não vou alimentar polémicas depois de tudo quanto já foi dado à estampa. Prefiro, ao invés, realçar um outro aspeto que reputo de particularmente positivo, e que, como compreendem, não tem enchido as primeiras páginas dos jornais, pois, infelizmente, o escândalo, a desgraça, o infortúnio, o escabroso e a aberração é que continuam a alimentar alguma imprensa. Mas vamos ao que interessa.

A SIC transmitiu uma reportagem intitulada “a natureza do parto” que dá a conhecer o trabalho meritório, sério, profissional e competente que se realiza na maternidade e no bloco de partos do Hospital da nossa terra. A humanização do parto é o grande lema da equipa que aí labuta. É respeitar a natureza. É minimizar a intervenção médica desnecessária. É respeitar o processo fisiológico de parir. É, afinal, dar protagonismo à mãe e ao bebé.

Em Portugal têm sido relatados episódios que podem configurar violência obstétrica, onde se encaixam episódios de violência quer física, quer verbal e que são o reflexo do perpetuar de ações que se entendem normalizadas. Um estudo recente publicado numa conceituada revista científica, dá a conhecer números que merecem reflexão: no nosso país, em relação aos outros que foram alvo do estudo, o parto vaginal instrumentalizado é 3 vezes superior; a episiotomia tem o dobro da prevalência; a manobra de Kristeller supera em 50% a média e o abuso físico emocional verbal é da ordem dos 22%. Estes números parecem ser suficientes para que se alterem práticas, comportamentos e metodologias. E parece ser isso que se faz por aqui.

Sarita Nápoles, médica responsável pelo bloco de partos da Maternidade do Hospital de Famalicão, defende uma menor instrumentalização e medicalização no ato do nascimento, apostando no reforço da informação na elaboração do plano de parto.

No entanto, a urgência e o bloco de partos estão em risco de fechar, pese o facto de prestarem um serviço de excelência. A concentração de recursos é, segundo Ayres de Campos, professor de Ginecologia/Obstetrícia e coordenador da Comissão de Acompanhamento de Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Parto, essencial para a sobrevivência do sistema.

Será porventura isso que Fernando Araújo, o novo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde procurará indagar na visita que efetuará no próximo dia 2 de novembro ao Centro Hospitalar famalicense.

A questão deixará sempre de ser técnica e será naturalmente política. O Município pode manter o slogan, na senda de anteriores: É bom parir aqui! Tem a palavra o ministro.

A propósito dos 125€ que foram devolvidos a inúmeros portugueses e que na vox populi são os 125 do Costa, lembrei-me de uma crónica do MEC – o exímio mestre da pena, Miguel Esteves Cardoso, pois claro – de 2010.

Um Bom Sistema era o seu título. Iniciava assim: “Vinte escudos era muito dinheiro em 1964. Era uma nota. Até um escudo era dinheiro: perfazia dez tostões. Com um tostão comprava-se um rebuçado de hortelã-pimenta, embrulhado em papel de prata. Gelavam a garganta, sobretudo quando se acompanhava com água fria.(…)”.

Versava sobre a difícil e atribulada negociação para acordar a retribuição parental face às notas conseguidas no desempenho escolar.

E coincidentemente MEC, em 1964, também recebeu 125, mas como é bom de ver, escudos na altura: “(…) Mas eu lembro-me é dos 125 de 1964. Estabeleci logo que estavam ali três quantias diferentes. Havia a nota de cem escudos para fazer uma grande aquisição. Havia a moeda de cinco escudos para as despesas normais (tremoços, matraquilhos, gasosas). Mas a nota de 20 era para estourar. Era por ela que eu começava, derretendo dinheiro onde me apetecesse. A nota de cem ficava em casa, a proteger-me e a incitar-me. A nota de 20 desaparecia imediatamente, substituída por um bolso cheio de moedas. Nem olhava a preços nem contava o dinheiro que ficava. Quando acabasse, acabava. Assim financiei grandes paródias com os meus irmãos e amigos. (…). Vale a pena ler o resto!

Sua majestade, a rainha Elisabeth II, teve como último ato formal, dar posse a Liz Truss como primeira-ministra britânica. Imagino quantas voltas deve ter dado no túmulo, perante a Robin Hood, versão up-side down, que pretendia tornar os ricos mais ricos, na esperança do aumento do investimento. Os mercados puniram de forma veemente esse desastroso plano, executado por Kwasi Kwarten, seu ministro das finanças e levou-a a apresentar a demissão passados pouco dias. Rishi Sunak é a nova aposta dos conservadores. O Reino Unido perdeu uns meses num devaneio sem história. Perante as circunstâncias geopolíticas atuais, deseja-se um Reino Unido coeso, estável e tranquilo, mas a coroação do novo monarca, a nova casa real, o pedido insistente de eleições gerais e a vontade de alguns movimentos independentistas, poderão ser o princípio do fim do Reino Unido, tal como o conhecemos.

Da vizinha Itália e do longínquo Brasil, espera-se para ver: Meloni constituiu governo e apresentou o seu programa. Parece querer dar um sinal de estabilidade, de compromisso com a Europa e de cumprimento firme dos acordos internacionais. Não se prevê grande agitação de águas nos tempos mais próximos.

No Brasil, a fratura parece iminente. A vitória de qualquer um dos candidatos será renhida. O país ficará dividido e fragmentado. Continuará, como dizia De Gaulle, a ser um “país de futuro”.

 

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