Neste voltar à vida dita normal, após o período de “Il dolce far niente”, o tempo de ócio que deverá ter sido aproveitado para descansar e nada fazer, deixando o planeamento, o relógio, o telemóvel e a caixa de correio ao abandono, permitindo o espraiar do pensamento para onde quisesse ir… Sabemos da importância do limpar da cabeça, do desligar do tempo, do trabalho e do compromisso, dos afazeres e da lufa-lufa diária. Quer-se e deseja-se que este parar e desligar tenha sido retemperador e se traduza num retomar da vida de forma energética e positiva.
Posto isto, há meia dúzia de apontamentos que gostaria de aqui deixar.
A nostalgia atacou. A 10 de agosto, o eterno 10 deixou-nos. Chalana partiu. O pequeno grande genial ficará definitivamente nas nossas memórias. O virtuosismo, a genialidade, a finta mortífera, o gingar irrepetível, a suavidade e leveza dos seus movimentos deixam-nos pesarosos e a desejar que pudéssemos continuar a ver essas imagens repetidas vezes sem conta. Acabou! Ficámos com as memórias do cabelo ao vento do bigodaça que encheu os estádios e as televisões com a sua magia no Euro 84. Chalana foi arte, espetáculo e liberdade. Foi poesia escrita na página verde de cada estádio!
Inicia-se esta semana mais um ano letivo. Muita tinta ainda poderá correr a propósito da colocação de professores, das habilitações para o ensino, do número de assistentes operacionais, da recuperação de aprendizagens, mas só quero deixar duas notas. Uma referente ao facto de o Governo ter gastado mais de três milhões de euros em conectividade, mas a faturação do serviço prestado se ter quedado por meros 1,6 milhões.
Este desperdício teve origem no âmbito do programa de digitalização das escolas, decidido pelo Governo para responder à pandemia e ao ensino à distância. Acrescente-se o facto de inúmeros alunos só utilizarem o kit informático em casa, por não terem autorização dos respetivos encarregados de educação para se fazerem acompanhar do mesmo nas deslocações para a escola. O receio de assaltos e da eventual deterioração do equipamento durante a deslocação, obstam a uma utilização mais eficaz e eficiente.
A outra nota prende-se com a utilização do Escola 360. Este é, como referenciado no próprio sítio, “um sistema do Ministério da Educação que centraliza os processos de gestão do aluno, desde a educação pré-escolar ao ensino secundário. O objetivo é disponibilizar numa só plataforma toda a informação de caráter administrativo relativa aos alunos. Com o E-360 pretende-se ainda facilitar a interação de todos os intervenientes no processo educativo do aluno (encarregados de educação, professores, dirigentes escolares e pessoal administrativo e organismos da administração educativa) o que resultará numa maior colaboração e numa troca de informação mais célere e eficaz, garantindo a segurança de informação”.
Este projeto, iniciado em 2018, integra-se no Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa – SIMPLEX. É, pois, a plataforma do Estado para promover a eficiência da gestão do sistema escolar. Até aqui nada a obstar. Apesar de necessitar de alguns aperfeiçoamentos, mas já com um investimento de 2,5 milhões de euros, até dezembro de 2021, começa a ser estranho existirem inúmeras escolas a pagarem outros sistemas existentes no mercado tendo em vista o mesmo desiderato.
Na política internacional duas situações a seguir. Angola, após se ter despedido de Zedu, o ex-presidente, aguarda a divulgação dos resultados eleitorais. Sopraram ventos de mudança, mas parece que não foi, ainda, o tempo de o galo cantar. Deseja-se que prevaleça a verdade e que sejam reconhecidos os resultados eleitorais, independentemente do vencedor. Seria uma prova do robustecimento da democracia angolana.
No Reino de sua Majestade, Lis Truss ou Rishi Sunak? Um deles será o próximo líder dos conservadores e primeiro-ministro. Aguardemos pelo dia 5 de setembro.
Num plano mais estratosférico, dois acontecimentos relevantes e que decorrerão ainda hoje.
No US Open, uma das maiores tenistas de sempre poderá, em caso de derrota, pisar pela última vez um court de ténis. Retratada no filme King Richard, a possante Serena Williams, dirá adeus ao desporto que a guindou a patamares de excelência. Aos 40 anos e com 23 majors no pecúlio. Um portento!
Ártemis é, na mitologia grega, deusa da Lua e irmã de Apolo. Foi este o nome dado ao programa espacial da NASA que tem como objetivo, em 2024, pousar a primeira mulher e a primeira pessoa de cor na Lua, o que não acontece desde dezembro de 1972, quando Harrison Schmitt se tornou o último Homem no satélite natural da Terra. O Ártemis I será hoje, às 13h33 (hora em Portugal), lançado do Centro Espacial Kennedy, na Florida. A missão terá uma duração total de 42 dias, 3 horas e 20 minutos. A NASA pretende usar “o que aprender na Lua e ao redor dela para dar o próximo salto gigante: enviar os primeiros astronautas a Marte”. Será o primeiro passo para a colonização do espaço…
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