Dances With Wolves, no título original, é um filme de 1990, protagonizado por Kevin Costner.
Este “western” que a academia de Hollywood premiou com sete óscares e em que Kevin Costner foi realizador, co-produtor e ator, passa-se no período da Guerra Civil e conta a história de um tenente que tendo-se destacado por um ato ousado, meio louco e meio heroico, é considerado herói e vai servir por autoescolha, para um posto localizado nos territórios da última fronteira, onde conhece um lobo com quem faz amizade, tornando-se seu amigo inseparável, passando a receber a dedicação do animal. Os Sioux, índios da região, observam-no nessa cumplicidade com o animal e dão-lhe o nome de “Danças com Lobos”. Daqui nasce a integração do tenente nessa tribo. Rapidamente começa a venerar aqueles que antes temia e onde acaba por compreender de outra forma este povo que acabaria destruído pelo avanço civilizacional.
Patrice Lagisquet foi o tenente “luso”, no comando dos Lobos, nesta jornada épica para o desporto nacional e especificamente para o rugby português. A participação histórica no Rugby World Cup France 2023 e o triunfo épico frente ao quinze das ilhas Fiji, constituiu um momento inolvidável para o desporto português.
Após os desafios disputados com Gales e Austrália, dois colossos do rugby internacional, e com o sabor amargo do empate frente à Geórgia (a vitória esteve ao alcance da seleção das “quinas“ através de um pontapé de penalidade já para além dos 80 minutos) o adiamento deste feito inédito para a última jornada, fará perdurar o 8 de outubro de 2023 na memória de todos quantos apreciam e seguem esta modalidade.
O novo timoneiro da seleção deste “jogo de bárbaros praticado por cavalheiros” será Sébastien Bertrank, ex-internacional pela seleção militar gaulesa, mas com grande experiência na formação de treinadores e que terá como primeiro grande desafio o Euro 2024. Contudo, será o apuramento para o próximo mundial, a ter lugar na Austrália, a que apontam os horizontes nacionais.
Paladinos da Terra?
Há um grupo de jovens, alguns dos quais se sucedem em diferentes ações, que pretendem passar para a opinião pública, como se fossem a última bolacha do pacote, serem os verdadeiros guardiães do nosso planeta.
Nessa senda de sensibilizar, abrir os olhos, agitar consciências e angariar seguidores, têm levado a cabo diversas ações que publicitam no seu sítio, de que deixo alguns exemplos:
5 de setembro: Desta vez pintaram de vermelho a sede da REN em Lisboa;
7 de setembro: duas apoiantes do Climáximo estilhaçaram a fachada de vidro da REN;
11 outubro: apoiantes entraram no campo de golf do Paço do Lumiar e inutilizaram vários buracos, cimentando-os. Substituíram ainda as bandeiras destes pela sua mensagem;
13 outubro: dois apoiantes cobriram com tinta vermelha obra de Picasso no Museu CCB em Lisboa;
14 outubro: a Avenida 24 de Julho está bloqueada por uma corrente humana presa à estrada;
18 outubro: Uma ativista colou-se a um avião que ia fazer o voo Lisboa-Porto;
19 outubro: Grupo interrompeu o trânsito na Rua da Escola Politécnica, em frente ao Museu de História Natural e da Ciência;
21 outubro: uma ativista quebrou o vidro de uma montra, enquanto outras duas pintaram em tinta vermelha “Quebrar em caso de emergência climática”. O grupo teve como alvo a loja da Gucci, situada na Avenida da Liberdade, em Lisboa;
22 outubro: interrompem espetáculo no São Luiz para chamar a atenção ao próprio espetáculo.
Dão também nota, se bem que como espécie de injustiça, que a 20 deste mês, três ativistas foram condenadas pelo crime de atentado à segurança de transporte rodoviário e pena de prisão por um ano, reconvertida em coima de 600 euros, por uma ação levada a cabo no dia 10.
Aguardo com alguma curiosidade o que se seguirá. Qual a avaliação feita aos prejuízos causados pelo dano na propriedade de terceiros ou pelo atraso de voos comercias?
Podemos e devemos ser a favor da implementação de medidas que protejam o nosso planeta de tudo quanto tem contribuído para as alterações climáticas. A preservação do ambiente deve estar no topo da agenda política. O incremento da consciencialização, da sensibilidade, da alteração de práticas deve desejavelmente nortear o nosso quotidiano. Bom seria que esse desidrato fosse alcançado com ações cordiais, transparentes, afáveis e empáticas.
Organizações como a Climáximo apresentam-se com uma agenda escondida. Consulte-se o seu sítio. Preconizam a planeiam a sua luta com três eixos: plano de desarmamento: parar a proliferação; plano de desarmamento: desativar todas as armas; plano de Paz.
No primeiro, defendem, entre outras medidas, que se acabe com os despejos e deportações; pôr fim a projetos que aumentem as emissões de gases com efeito de estufa mesmo que não acauteladas fontes que as substituam; no segundo, advogam nacionalizar a habitação; novos postos de trabalho público que denominam empregos para o clima; redução faseada do horário de trabalho para 32 horas; abandono de tratados comercias; no terceiro, pretendem garantir saúde, educação, habitação, alimentação, energia renovável e transportes de forma gratuita e no setor público, para todas as pessoas; participação ativa das crianças a partir dos 6 anos nas decisões sobre educação, autonomia corporal e vida familiar, tal como de outras áreas onde já têm direitos e deveres. Creio que o enunciado é suficiente para percebermos ao que vêm!
Num tempo em que milhares de seres humanos caem perante as atrocidades perpetradas com os conflitos Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas, esta organização utiliza uma linguagem bélica, de confronto e despropositada em comparação com os conflitos citados. Ficam algumas das preciosidades: “não estamos apenas numa emergência global, estamos em guerra”; “no momento em que vivemos, cada tentativa de aumento de emissões corresponde à tentativa, não negociável, de construir um novo campo de concentração”;” cada dia em que não os travamos e destruímos as suas armas de aniquilação, é mais um dia sem paz.”
E completam com aquilo que parece ser uma verdadeira ameaça: “o que a emergência climática exige de nós em 2023 é uma rutura completa com o que foi o Climáximo até hoje e uma transformação total de quem nós somos”. Deve ter siso esta inversão, rumo ao radicalismo, à falta de respeito pela propriedade pública e privada, pelas regras de sã convivência e civilidade que parece ter tomado conta destes proclamados defensores do ambiente e do planeta Terra!
Como se não bastasse esta organização, outra há, a “Greve Climática Estudantil” que se entretém a atacar a despropósito, membros do governo: Duarte Cordeiro e Fernando Medina.
Estas táticas intrusivas e excessivas, criam o efeito oposto ao pretendido pelos manifestantes. Desagregam o que poderia ser fator de união: a emergência climática.
Há em Portugal bons exemplos de quem faz pedagogia ambiental, lutou pelas causas climáticas e que poderiam e deveriam servir de modelo, pesem as idiossincrasias de cada um, a estes jovens e a estas organizações: Luísa Schmidt, Francisco Ferreira, Soromenho Marques, Graça Fonseca, Carlos Pimenta, João Joanaz de Melo; Filipe Duarte Santos, Carlos Antunes, entre outros.
A falta de senso, ponderação e equilíbrio nas ações levadas a cabo, dividem mais do que unem. Os efeitos começam a ser perversos.
Sensatez, ponderação, prudência e juízo, precisam-se!
Nota: Segundo dados da REN, o consumo de energia elétrica em Portugal, nas últimas 48 horas, foi assegurado exclusivamente por fontes renováveis. O excedente foi exportado para Espanha.
________________________________________________________________________
Os artigos de opinião publicados no Notícias de Famalicão são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal.
Comentários