Estima-se que, em Portugal, existam mais de 160 mil pessoas com demência e 35 milhões em todo o mundo.
Associado ao fenómeno do envelhecimento da população, assistimos ao aumento das doenças crónicas e da dependência nomeadamente as demências: Alzheimer, Vascular, Parkinson, Corpos de Lewy, Frontotemporal, Huntington, Korsakoff, Creutzfeldt-Jacob, entre outras.
A demência carateriza-se por distúrbios em várias funções, incluindo a alterações da memória, deterioração progressiva do funcionamento cognitivo, a orientação, a compreensão, a linguagem, a capacidade de aprendizagem. No próximo dia 21 de setembro assinala-se o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer, pretende-se sublinhar em termos mundiais a problemática da doença de alzheimer. Esta doença é o tipo de demência mais comum, sendo responsável por 50 a 75% dos casos de pessoas com demência.
Da mesma forma, é consensual a importância de se cuidar de quem cuida na demência. Cerca de metade dos cuidadores de pessoas com demência apresentam níveis de desgaste psicológico, stress, com sintomas de ansiedade e depressão. Os cuidadores com depressão podem sentir falta de interesse e prazer em atividades diárias, perda ou ganho de peso, insónias, falta de energia, falta de confiança, incapacidade de concentração, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. Ver um familiar, que outrora era um profissional ativo, perder as suas capacidades não é nada fácil.
O cuidar acarreta para quem cuida perda de liberdade, autonomia, envolvimento social, como também a perda do próprio doente. No contexto do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) da Oldcare Famalicão nas avaliações de diagnóstico, quando as famílias, ainda não têm qualquer suporte formal é recorrente termos testemunhos de cuidadores informais que evidenciam cansaço e desgaste físico e psicológico. Estes cuidadores muitas vezes precisam de ajuda psicológica ou recorrer à terapia. Quanto mais cedo procurarem ajuda profissional, mais fácil é a recuperação. Salientar que os hábitos saudáveis, como a prática de exercício físico e uma alimentação saudável, são um tratamento eficaz para o combate da depressão.
Tendo em conta o impacto que o cuidar exerce sobre os cuidadores é fundamental agir em conformidade com as necessidades sentidas pelos cuidadores, tornando-se necessário ouvi-los para se poder dar respostas adequadas às suas dificuldades, apoiando-os nas suas funções e minimizando os efeitos que o cuidar tem no seu dia-a-dia. É necessário discutir ações futuras e disponibilizar informação e serviços de saúde que sejam capazes de providenciar cuidados integrados e cuidados paliativos, nomeadamente a nível domiciliário.
As instituições que acolhem ou apoiam pessoas com demência têm o desafio de se adaptarem às exigências de uma resposta de qualidade para esta realidade. Mas também é nossa responsabilidade fazer pressão junto dos decisores políticos para a criação de medidas e estruturas de apoio que protejam, quer os doentes, quer os seus familiares cuidadores.
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