Nos 50 anos do 25 mais importante da nossa história, alguém se lembrou de também querer comemorar um outro 25. Há escassos três dias, comemorou-se o que não teve festa durante 48 anos. Comemorou-se o 49º aniversário.
Nada daí adviria de mal, não fosse a insistência em querer comparar datas incomparáveis. Desde logo porque uma delas ainda não atingiu o estatuto de cinquentona. Querer fazer de gémeas datas separadas por quase 20 meses, roça o disparate e não deixa nada de pedagógico aos vindouros. Comemorar, estribada em pressupostos errados, não é bonito. As datas complementam-se, mas não se substituem. Foram ambas demasiado importantes para o Portugal que somos hoje, que não fica bem alimentar polémicas estéreis, para dar realce a radicalismos ideológicos.
A direta radical, mal informada e inculta levou a sua avante: conseguiu contrapor uma data à outra. Mau serviço!
O PS alheia-se de uma data em que o seu líder máximo teve papel preponderante.
O Grupo dos Nove (Melo Antunes, Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves, Vítor Alves e Vítor Crespo) foram o cimento e o alicerce do 25 de novembro. Foram o rosto da moderação e do bom-senso. Seriam, pois, estes os heróis que deveriam ser homenageados. Mas não agradam a muito boa gente. Só que os heróis não se escolhem. Aparecem! O que se comemorou segunda-feira passada, acaba por ser uma farsa. Uma fuga à realidade!
Justo recordar Jaime Neves e Ramalho Eanes. O chefe operacional dos Comandos e o militar que no terreno foi um dos rostos da normalização do regime. Permitiu que se continuasse com o que alcançou no “dia inicial inteiro e limpo” de Sophia e não se retrocedesse a um novo regime autoritário, desta vez à esquerda.
O 25 de abril deu-nos a liberdade e a democracia. Foi a ponte para a outra margem.
O 25 de novembro consolidou-as!
Faltam meros nove dias para o centenário do nascimento do pai da democracia portuguesa, Mário Soares. O “bochechas” como era carinhosamente tratado e/ou conhecido por muitos portugueses, teve um papel absolutamente decisivo em vários momentos da recente história nacional. Duas vezes Presidente da República e três vezes Primeiro-Ministro, apadrinhou a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (hoje União Europeia). Na já longínqua noite de 19 de junho de 1975, como líder socialista, realizou o célebre comício da Fonte Luminosa, onde teve a coragem de fazer frente à onda comunista que estava a tomar conta do país.
Em 1986, na Marinha Grande, bastião comunista que tinha, à entrada, uma placa a dizer Moscovo, foi alvo de um incidente que bem poderá ter influenciado e mudado o decorrer da eleição presidencial: um projeto de bofetada ficou para a história, como lhe chamou a jornalista Sónia Sapage. O que fica dessa campanha é o inesquecível slogan “Soares é fixe“.
Para quem gosta e tem curiosidade por estes temas, mas sobretudo por esta personalidade, não deixe no mínimo de consultar o livro “Mário Soares, 100 Anos”, de Alfredo Cunha, Rui Ochôa e Clara Ferreira Alves.
Começam a aquecer as presidenciais. Parecem começar a ficar definidos aqueles que poderão ser os principais candidatos.
No PSD parece indesmentível a candidatura de Luís Marques Mendes. Na área socialista, António José Seguro evidenciou um bom desempenho na (re)entrada na vida pública.
Apareceu calmo, sereno, ponderado e sobretudo com um distanciamento das diatribes socráticas e da gestão do progenitor da geringonça. Limitou-se, ao que disse, a um exercício de cidadania. Habituem-se!
O almirante Gouveia e Melo e Nuno Melo (ministro ou líder partidário?), encontraram-se num bar, curiosamente de nome Cockpit, cabine de pilotagem, que indiciará o início de novos voos para este marinheiro?
Na última crónica deixei algumas notas sobre as eleições americanas. Trump ganhou em toda a linha. Foi uma eleição limpa, clara e inequívoca. A nova administração começa a ser conhecida, embora o processo oficial só se inicie a 20 de janeiro de 2025, dia da tomada de posse do novo Presidente dos EUA.
Vão surgindo nomes, como os de Susie Wiles, para chefe de gabinete, o equivalente a primeiro-ministro, que será a responsável pela abertura de portas a encontros presenciais com Trump; Elon Musk na eficiência governamental (que gastou (investiu?!) 112 milhões para influenciar eleitores indecisos); Tom Homan, o futuro “Czar” das fronteiras, um dos principais defensores da política de separação de famílias como forma de dissuadir a entrada ilegal no país; Lee Zeldi, na agência de proteção ambiental que rejeitou, enquanto congressista, várias medidas que visavam combater as alterações climáticas ; Kristo Noem, na segurança interna, que matou o seu pointer por este não ser obediente e perturbar as suas caçadas aos faisões; Elise Stefanik, como representante na ONU que acusou a organização de antissemitismo; Pete Hegseth, um veterano de guerra e comentador da Fox, responsável pela Defesa; na Saúde, Robert Keneddy Jr., opositor das políticas de combate à pandemia, são alguns dos elementos quase certos na nova administração.
Outros poderiam ser referidos, mas todos eles têm pormenores que suscitam alguma espécie. A este propósito, introduzo um exercício interessante, realizado pelo historiador Pacheco Pereira, que compara estes nomes a uns outros, nacionais, caso Trump se pavoneasse por terras lusas. Este exercício teve como intuito dar a conhecer, em Portugal, o que significa o atual governo americano.
O Governo incorporaria os partidos Chega, ADN e CDS. Distribuição de pastas: Negócios estrangeiros, o embaixador Tanger; Administração Interna, Pedro Pinto; Saúde, Margarida Oliveira (médica anti-vacinas do movimento Médicos pela Verdade) ou Bruno Fialho, do ADN, “Czar “ das fronteiras, André Ventura; Justiça, Rui Fonseca Castro, ex-juiz e presidente da associação de extrema-direita Habeas Corpus; Defesa Nacional, Nuno Melo; Cultura, Joana Amaral Dias; Educação, Paulo Núncio; Economia, Camilo Lourenço ou Ossanda Liber do Partido da Nova Direita; Família, Isabel Galriça Neto.
Aparentemente elucidativo!
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