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Sexta-feira, 22 Novembro 2024

Comerciantes apontam “erros e falhas” no Mercado Municipal de Famalicão

Armazém, cargas e descargas, horários, limpeza, sol, calor... problemas no dia a dia de quem trabalha no Mercado Municipal. Câmara Municipal já está ciente de todas as situações, mas os problemas continuam por resolver.

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Famalicão

O NOTÍCIAS DE FAMALICÃO foi contactado por comerciantes que, insatisfeitos e preocupados com os problemas que têm que lidar diariamente no Mercado Municipal de Vila Nova de Famalicão, contam como é o dia a dia de quem trabalha no espaço recentemente remodelado.

Bernardo Lopes é um dos comerciantes que falaram ao NOTÍCIAS DE FAMALICÃO. É filho de uma comerciante que trabalha no mercado há mais de 40 anos. “Cresci no mercado”, afirma Bernardo, que não coloca em causa que as obras de reabilitação “eram necessárias”, mas lamenta que o mercado recém-remodelado, uma obra que implicou um investimento de cerca de quatro milhões de euros, tenha “erros e falhas que causam problemas e afetam a rotina de quem lá trabalha”.

De acordo com os comerciantes ouvidos pelo NOTÍCIAS DE FAMALICÃO, a Câmara Municipal já foi informada sobre todos os problemas, mas as situações – algumas delas informadas ainda antes da inauguração do espaço – continuam por resolver.

Acusam a Câmara Municipal de estar preocupada com a estética (exigindo, por exemplo, que usem apenas cestos em plástico e de cor preta – regra que, no entanto, comprovou-se ser uma exigência inviável) em vez de ter em atenção a funcionalidade (acesso às lojas, armazém, estacionamento, etc.) para quem frequenta e, principalmente, trabalha no Mercado Municipal.

CARGAS E DESCARGAS

Além disso, queixam-se da falta de informação oficial. É o que aconteceu, por exemplo, com o espaço de cargas e descargas. De um dia para o outro, mudou, sem que tenham sido oficialmente informados por qual razão.

“Comenta-se que uma vistoria detetou que o espaço de cargas e descargas é inseguro, mas isso é o que se fala. Nós só vimos lá os mecos e disseram-nos para descarregar pelo outro lado, que ficou pronto quando veio cá a RTP para o programa das 7 Maravilhas”, relata um comerciante.

A mudança do local de cargas e descargas, embora aparente ser uma solução improvisada, agrada aos comerciantes. É que o sítio oficial de cargas e descargas implicava o uso de uma rampa com inclinação para a rua e fila para o uso do elevador já que os comerciantes descarregam as mercadorias logo no início do dia.

SOL E CALOR

Quem visita o Mercado Municipal vê, em alguns espaços, lonas escuras penduradas junto ao teto. Foram colocadas pelos comerciantes e têm como função amenizar o calor que incomoda as pessoas e deteriora frutas, legumes, peixes, flores, etc.

Esta é mais uma situação que os comerciantes asseguram ter informado a autarquia logo nos primeiros dias. Foi-lhes prometida uma solução, passaram-se meses e nada foi feito.

ACESSO ÀS LOJAS

O acesso dos comerciantes às lojas é outro dos pontos que gera preocupação. Caso um comerciante falte ou chegue atrasado, o comerciante da loja vizinha pode ver-se impedido de entrar no seu espaço. Isso porque as lojas partilham acesso comuns. Ou seja, a cada duas lojas partilham um acesso e apenas um dos comerciantes tem a chave.

“Os funcionários do mercado têm cópias da chave e podem abrir, mas é chato porque as lojas não têm divisão interna e ficamos com acesso à loja do vizinho”, desabafa um comerciante.

Num dos dias em que o NOTÍCIAS DE FAMALICÃO visitou o Mercado Municipal, uma comerciante deixou a loja aberta enquanto ia a uma consulta no Centro de Saúde “para não prejudicar a comerciante da loja vizinha”.

Além disso, de acordo com as regras estabelecidas pela autarquia, os clientes não podem entrar nas lojas. No entanto, os comerciantes relatam que muitos clientes preferem entrar, tal como faziam antes da remodelação do Mercado.

ESTACIONAMENTO

“Perdemos clientes por causa do estacionamento, mas o que mais chateia não é isso. O que chateia é que durante o dia a polícia não deixa os nossos clientes estacionarem aqui em frente, mas à noite os clientes dos bares podem estacionar sem problemas”, desabafa uma comerciante.

“O que nos mantém de portas abertas não é o cliente que compra um quilo de pêssego, é o que compra caixas de frutas para a semana toda. E fazemos de tudo para não perder esse tipo de cliente. Para colmatar a falta de estacionamento, o cliente vai buscar o carro que está distante, avisa-nos pelo telemóvel e nós levamos as caixas de fruta para a rua e metemos no carro”, relata outro comerciante.

ARMAZÉM

“Para vender o mesmo que antes temos muito mais trabalho agora”, afirmam os comerciantes, que explicam que, diferente do mercado antigo, agora não podem ter mais estoque dentro da loja. “Só quando acaba uma caixa de laranjas podemos ir ao armazém buscar outra”, explica um comerciante acrescentando que o problema não é só “deixar clientes à espera”.

“O armazém não foi bem concebido. Temos que chamar o comerciante que tem mercadorias à nossa frente para retirar algumas das suas paletes para conseguirmos aceder às nossas”, explica o comerciante.

Também há queixas de que “o pé direito é baixo e que as pessoas mais altas precisam de ter atenção para evitar bater com a cabeça”.

HORÁRIOS

Além dos problemas relacionados à obra, os comerciantes queixam-se também da regras relativas ao funcionamento e organização do espaço.

Uma das mudanças que desagradou é a alteração no horário de expediente, que foi alargado. “Temos que descansar, não temos funcionários”, desabafa uma comerciante.

Além disso, é exigido ter as lojas abertas no sábado à tarde, o que não acontecia antes da remodelação do Mercado. “Não justifica em termos de venda ficarmos abertos no sábado à tarde”, afirma um comerciante.

“Decidiram isso para usar os comerciantes para atrair público para os restaurantes e bares”, refere outra comerciante, acrescentando que “tudo é feito a pensar neles [bares e restaurantes]”.

LIMPEZA

Também foram feitas mudanças nas regras relativas à limpeza do espaço. No mercado antigo, os funcionários municipais recolhiam o lixo das lojas. Agora é diferente: cada comerciante recolhe o lixo do seu espaço.

No entanto, os comerciantes criticam a diferença no tratamento dado ao espaço da restauração. “Nós temos de tirar o nosso lixo, mas os funcionários do Mercado recolhem o lixo dos restaurantes e bares. Porque é que não é igual para todos?”, questiona uma comerciante.

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