Pode vir a ser expulso do Chega o fundador do núcleo do partido em Famalicão e ex-líder da concelhia. Victor Sousa, que foi candidato à presidência da Câmara de Famalicão no ano passado, é um dos três militantes “castigados” pelo partido no dia 11 de julho.
Dos três militantes suspensos no dia 11, a punição mais severa é a de Victor Sousa, que está a ser suspenso pela segunda vez. Ao ex-líder do partido em Famalicão foi atribuído o maior período de suspensão (180 dias) e é o nome que será proposto ser expulso do partido. Os outros suspensos são Vítor Lopes e Miguel Pita, ex-candidato do Chega a presidente de uma junta de freguesia no Funchal, pelo período de 30 e 90 dias respetivamente.
Três dias antes, a 8 de julho, foi suspenso Fernando Silva, o único vereador que o Chega elegeu na região Norte e que, segundo apurou o NOTÍCIAS DE FAMALICÃO, está em vias de se tornar vereador independente na Câmara Municipal de Vila Verde.
O “SISTEMA” DE ANDRÉ VENTURA
Contactado pelo NOTÍCIAS DE FAMALICÃO, Victor Sousa afirma que “suspensão nao é nada mais nada do que uma forma que o partido encontrou para afastar militantes e dirigentes que tenham algum discurso ou pensamento que não vá de acordo com o que o André Ventura e a direção nacional pensam”.
Victor Sousa diz que a sua primeira suspensão aconteceu após ter, juntamente com outros dirigentes do distrito de Braga, procurado André Ventura para “apresentar documentos e outras provas de que Filipe Melo, líder da distrital e candidato à deputado na Assembleia da República, não tinha condições de ir a eleições em nome do Chega”.
“André Ventura disse que estava orgulhoso de nós por tratarmos do assunto internamente e pediu para guardarmos segredo e não divulgar nada para a comunicação social para não prejudicar o nome do partido”, relata Victor Sousa, acrescenta que o presidente do partido disse que trataria do assunto após as eleições legislativas, “o que não aconteceu”.
O ex-líder da concelhia de Famalicão revela que não demorou a descobrir que o objetivo do Chega “é esconder a porcaria embaixo do tapete”. “Dizem que é um partido que luta contra a corrupção, mas o sistema instaurado por André Ventura é muito pior do que aquele que diz combater”.
Quanto ao novo castigo, Victor Meira refere: “Já respondi a dizer que metam um processo no conselho de jurisdição e me expulsem do partido. A comissão de ética do Chega é ilegal. Não sou eu quem diz, é o Tribunal Constitucional, que já encontrou uma imensidão de erros e ilegalidades”.
“Não sou contra o partido, pelo menos não aquele que cujos princípios me identifiquei em 2019; sou contra o que o Chega é hoje”, acrescenta o antigo líder concelhio.
DESENTENDIMENTOS E CASTIGOS NO CONCELHO, NO DISTRITO E NO PAÍS
Esses quatro nomes fazem parte de uma grande lista de militantes e dirigentes que têm sido alvo de diversas punições no partido por todo o país.
No caso de Victor Sousa, trata-se da segunda suspensão. Antes da atual suspensão por 180 dias, o ex-candidato do Chega à Câmara Municipal de Famalicão recebeu uma outra suspensão, em abril, desta vez de 90 anos. Na altura, Victor Sousa partilhou nas redes sociais a resposta à “nota de culpa coletiva” que enviou ao Presidente da Comissão de Ética sobre o castigo.
Entre outras situações apontadas por Victor Sousa, questionamento ao mandatário financeiro sobre o porquê de ainda não terem sido liquidadas faturas referentes as eleições autárquicas: “Tenham vergonha e paguem o que devem”.
Recorde-se que em fevereiro, na sequência da eleição de Filipe Melo, líder da distrital de Braga, como deputado da Assembleia da República, ocorreram demissões em bloco em diversas concelhias e na distrital, deixando o líder do partido em Braga cada vez mais isolado. [ver aqui Demissões em bloco nas concelhias e distrital do Chega em Braga].
A demissão em bloco aconteceu porque se sentiram “enganados e desiludidos” com Filipe Melo. [ver aqui Dirigentes do Chega sentem-se enganados e desiludidos com deputado eleito por Braga].
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