A vacinação contra a covid-19 já começou em Portugal e em muitos países, mas vai demorar vários meses até que toda a população mundial esteja imunizada contra o SARS-CoV-2.
Por isso, a China continua a investir e a desenvolver novas técnicas para identificar casos de covid-19 e minimizar a propagação do novo coronavírus.
Esta semana, começou a ser feita uma triagem retal a vários contactos de risco e a viajantes vindos do estrangeiro.
O novo método é relativamente semelhante à tradicional zaragatoa, mas envolve a inserção de um cotonete, embebido numa solução salina, em cerca de dois ou três centímetros dentro do ânus.
A notícia já foi confirmada pelas autoridades de saúde chinesas e está a ser divulgada pelas agências de informação internacionais.
Depois de a China ter declarado que tinha travado a progressão do novo coronavírus no país, a 19 de março de 2020, alegando que não tinha mais nenhum caso, começou a registar novos surtos este mês.
O Governo chinês está empenhado em limitar os casos de infeção e acabar, de vez, com a doença, agora com uma nova técnica de triagem.
A informação foi confirmada pelas autoridades chinesas ao canal estatal CCTV, que explicaram que foram colhidas amostras anais de residentes em bairros da capital onde tinham sido confirmados casos de covid-19, na semana passada.
A triagem retal “ajuda a aumentar a taxa de deteção de pessoas infetadas” porque o coronavírus permanece mais tempo no ânus do que no trato respiratório, revelou o médico Li Tongzeng, do You’an Hospital, à CCTV.
Embora não seja a técnica mais comum nem a usada preferencialmente pelas autoridades, já vários indivíduos foram sujeitos aos “cotonetes anais”, muitos sem terem sido previamente avisados da triagem específica.
Para além de milhares de pessoas no norte da China, onde surgiram mais de 1700 casos, também alunos e professores das escolas de Pequim foram testados com as habituais colheitas recolhidas no nariz e na garganta, e ainda com esta nova técnica de testagem retal, depois de ter sido identificado um caso assintomático numa instituição de ensino.
“Os testes em massa [com o novo método] foram iniciados depois de a capital chinesa entrar em quarentena parcial em Daxing e Shunyi”, explicou Li Tongzeng, médico num hospital de Pequim.
E acrescentou: “Isto aconteceu após o sequenciamento genético revelar dois casos da variante mais transmissível do coronavírus descoberta no mês passado no Reino Unido. Desde então, a capital está em alerta máximo. Mais de 1.200 pessoas foram testadas numa escola frequentada por um aluno com um caso assintomático da estirpe britânica”.
A nova técnica, contudo, não parece agradar à maioria. Principalmente a quem viaja para Pequim e é sujeito a colheitas anais.
Na segunda-feira, os passageiros de um voo de Changchun, capital da província de Jilin, para Pequim, também foram instruídos a desembarcar depois de as autoridades descobrirem que alguém de uma área considerada de alto risco estava a bordo.
Os viajantes foram, então, levados para um hotel onde os profissionais de saúde colheram amostras nasais e anais, explicou um desses passageiros ao “Bloomberg”.
Até agora, não há relatos de que esta nova técnica de triagem esteja a ser usada noutros países, mas os media confirmam haver já diversos relatos de pessoas que não vivem em Pequim e passaram pelo novo teste “invasivo”.
Um residente da cidade de Guangzhou relatou que fez os testes anal e nasal. Já uma utilizadora da rede social Weibo disse que se sentiu envergonhada, mas que também passou pelo novo método.
COTONETES ANAIS E COTONETES NASAIS
O novo método é relativamente semelhante à tradicional zaragatoa, mas envolve a inserção de um cotonete, embebido numa solução salina, em cerca de dois ou três centímetros dentro do ânus.
O uso da nova técnica de colheita é baseado em investigações que concluíram que há mais vestígios do vírus na região do ânus e durante mais tempo do que no trato respiratório, explicou Li Tongzeng, vice-diretor do Departamento de Doenças Respiratórias e Infeciosas do Hospital You An de Pequim, numa entrevista ao canal estatal na semana passada.
“O coronavírus sobrevive mais tempo no ânus ou em excrementos do que em amostras colhidas da parte superior do corpo”, disse o investigador.
Esses estudos indicam ainda que o vírus pode estar presente na garganta de pacientes assintomáticos durante três a cinco dias, portanto, o médico considera que devem ser consideradas as colheitas anais em vez das habituais no nariz e na garganta.
As colheitas anais podem, assim, ser mais precisas do que os testes na garganta e no nariz, especialmente na identificação de casos assintomáticos, esclareceu ainda, acrescentando que só está a ser usada esta técnica “controversa” em grupos de risco.
No entanto, Tongzeng admitiu que a técnica “não é tão conveniente quanto o teste na garganta” e sugeriu que devia ser aplicada apenas a “grupos prioritários” em centros de quarentena.
O canal de televisão estatal chinesa informou ainda que a utilização de cotonetes nas vias anais não ia começar a ser usados como método preferencial.
À medida que os casos aumentam em todo o mundo, a China impõe restrições mais rígidos às chegadas internacionais num esforço para limitar a transmissão do vírus no país.
Obs. – Texto baseado numa notícia divulgada pela RTP.
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