Com uma exposição fotográfica, uma conferência e a edição de uma serigrafia, a associação famalicense Casa da Memória Viva (CMV) vai evocar, no próximo mês de abril, os acontecimentos que, na primeira semana de agosto de 1975, ocorreram em Vila Nova de Famalicão, num período que para a História do país ficou marcado como “Verão Quente”.
A exposição fotográfica “Agosto de 1975 – Famalicão no mapa da Revolução”, da autoria do fotojornalista António Pereira de Sousa, estará patente no Museu Bernardino Machado, entre 4 de abril e 4 de maio. Será constituída por 50 fotos inéditas, no tamanho 70×50 cm, escolhidas entre um espólio de mais algumas dezenas que o jornalista, que cobriu, dia e noite, os acontecimentos que nos primeiros dias de agosto de 1975 transfiguraram a vida de toda a gente em Famalicão, para o jornal “A Capital” e a agência noticiosa norte-americana Associated Press. Essas fotografias foram doadas à CMV pelo fotojornalista, que as mostrará em público pela primeira vez.
A inauguração da mostra – que revelará às novas gerações de famalicenses uma paisagem urbana diferente e os acontecimentos que colocaram a então Vila no “mapa da Revolução” – decorrerá às 17 horas do dia 4 de abril, uma sexta-feira, e contará com a presença do autor.
“Hoje, mais de metade dos famalicenses não viveu esses tempos e, porventura, desconhece as motivações e o que foi a maior mobilização da sociedade civil famalicense em Democracia”, faz notar o presidente da direção da associação promotora, Carlos de Sousa. Por isso, e num “investimento de pedagogia cívica a pensar nos jovens”, a CMV organiza, no dia 26 de abril, durante todo o dia, no auditório da Fundação Cupertino de Miranda, a conferência “Famalicão Cidade Aberta”.
“É importante que os famalicenses nascidos depois do 25 de Abril tenham testemunho do que foi o ‘Verão Quente’ em Famalicão. Mas, é fundamental, na atual conjuntura do país, da Europa e do mundo, que, transcorridos 50 anos, voltemos a ensaiar um exercício de mobilização geral da cidadania famalicense”, sublinha Carlos de Sousa, que justifica: “Importa que as novas gerações se manifestem de uma forma prospetiva, à luz do mundo conturbado de hoje, e que nós, todos, saibamos, realmente, quem e o que somos e, sobretudo, o que ambicionamos ser enquanto pessoas, território e comunidade”.
Nesse sentido, a CMV “sente-se muito honrada”, segundo o seu presidente, ao ter assegurado a participação de um “conjunto de conferencista e oradores, todos eles famalicenses, de primeira água”, no evento do dia 26 de abril.
CONFERÊNCIA “FAMALICÃO CIDADE ABERTA” VIRADA PARA O FUTURO
Articulada em três conferências/palestras, três painéis de debate e uma mesa redonda, a Conferência “Famalicão Cidade Aberta” contará com a participação, entre outras, de personalidades como os professores universitários João Cerejeira, Carlos Maurício Barbosa e Helena Freitas; do subsecretário-geral das Nações Unidas e diretor executivo da UNOPS, Jorge Moreira da Silva; do premiado publicitário José Carlos Bomtempo, diretor criativo da sucursal portuguesa da multinacional Ogilvy; do arcebispo emérito de Braga, D. Jorge Ortiga; do engenheiro Carlos Couto, presidente da Construções Gabriel A. S. Couto; do pluricampeão de enduro e todo-o-terreno em motos, Paulo Marques; e do capitão de Abril, coronel Bacelar Ferreira, presidente da Associação “Dar as Mãos”.
Terminará com um a mesa redonda focada nos jovens e nos seus anseios: “E agora, FamalYcão?”, é a interpelação com que estarão confrontados “três referências de liderança entre a juventude famalicense”: os músico e maestro José Eduardo Gomes, o gestor hoteleiro e empresário Yang Qi e o estudante e escritor Gonçalo Forte Lima, filho do vereador Augusto Lima.
A entrada é livre, mas de inscrição obrigatória, que deverá ser feita através do site www.memoriaviva.pt, disponível dentro de dias.
Em complemento, e “para constituir, ao mesmo tempo, fonte de financiamento das iniciativas programadas e um exercício de memória coletiva”, a CMV vai editar uma serigrafia alusiva ao 50.º aniversário dos acontecimentos do “Verão Quente” em Famalicão.
É da autoria do multifacetado artista plástico e cenógrafo Acácio de Carvalho e tem por base uma das 50 fotografias que o fotojornalista António Pereira de Sousa doou à associação.
A obra foi propositadamente produzida para a ocasião e oferecida pelo artista à CMV, que a porá à venda no dia 4 de abril, aquando da inauguração da exposição “Agosto de 1975 – Famalicão no mapa da revolução”.
Nascido há 73 anos em Vila Nova de Gaia, Acácio de Carvalho é licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas-Artes da Universidade do Porto e possui um mestrado em Cenografia pela universidade norte-americana de Boston. É professor jubilado do ensino superior e foi, nos anos de 1970, designer gráfico no “Jornal de Notícias”.
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