A Câmara Municipal quer que a Associação Famalicão em transição desocupe as instalações da antiga escola de Bente, que foi cedida pela autarquia para funcionar como sede da Associação em 2020 pelo período de quatro anos.
“Não fomos informados sobre a decisão da Câmara Municipal”, contou ao NOTÍCIAS DE FAMALICÃO Gil Pereira, um dos membros da direção da associação ambientalista famalicense. A denúncia do contrato de comodato faz parte da agenda da reunião do executivo municipal que será realizada amanhã, dia 9 de novembro. A proposta não menciona uma razão para o fim da cedência do espaço à Associação.
Além do contrato de comodato, que refere que a autarquia tem direito a denunciar o contrato antes do prazo previamente estabelecido, outro documento que acompanha a proposta é um parecer da Junta de Freguesia de Bente dirigido ao vereador da Cultura, Pedro Oliveira. O parecer não apresenta nenhuma justificativa para o fim do contrato entre o Município e a Associação.
Num email curto, assinado por Liliana Ribeiro, presidente da junta, lê-se apenas que o parecer da junta é “desfavorável” quanto à renovação do contrato e que a Associação Famalicão em Transição já foi informada. Gil Pereira refere que a presidente da Junta convocou a Associação para uma reunião a 25 de setembro, onde disse aos dirigentes que era contrária à continuidade da cedência do edifício à Associação.
Gil Pereira destaca ainda que, antes de funcionar como sede da Associação Famalicão em Transição, o edifício não estava a ser ocupado por nenhuma instituição. Anteriormente, o edifício chegou a funcionar como sede de um grupo de escuteiros.
AÇÕES DE MELHORAMENTO
A Famalicão em Transição existe desde 2011 como grupo informal, tendo sido constituída como associação em 2016.
É uma associação que tem sido muito ativa nas questões ambientes no concelho de Vila Nova de Famalicão como, por exemplo, a retirada das hortas urbanas do Parque da Devesa [ver aqui Ambientalistas de Famalicão estão contra a saída das hortas do parque da cidade] e o abate de árvores no Monte do Facho para a construção de uma central fotovoltaica. [ver aqui Mais de mil famalicenses assinam petição para salvar o Monte de Santa Catarina]
Gil Pereira recorda que os contactos com a autarquia para cedência de um espaço que a Famalicão em Transição pudesse usar como sede começaram em 2018. “Em 2020 a Câmara Municipal propôs o edifício da antiga escola de Bente e aceitámos. Fizemos algumas obras de melhoramento no interior, pintamos, mudamos o soalho de uma das salas”, recorda, salientando, inclusive, que contaram o apoio do anterior executivo da junta de Bente para ações de limpeza do edifício”, destaca.
Na altura, entre as atividades destacava-se a “Comunidade de Aprendizagem” um grupo de destinado crianças e que reunia várias vezes por semana. “Entretanto, com o isolamento social decorrente da pandemia as atividades presenciais, naturalmente, cessaram, passando depois para um lento retomar”, refere Gil Pereira.
OUTRAS ATIVIDADES
Na sede, a Famalicão em Transição já realizou ações como cursos, mostra associativa, além de reuniões e assembleias.
A Associação Famalicão em Transição é a responsável pela criação do Eco-Trocas, grupo na rede social Facebook que tem como missão incentivar o aproveitamento de recursos e contribuir para a diminuição de desperdícios. [ver aqui Famalicão. Grupo Eco-Trocas dá vida nova a artigos excedentes e em desuso]
Em setembro de 2020 o grupo Eco-Trocas foi galardoado pela Câmara Municipal com o Selo Famalicão Visão’25 na categoria “B-Smart Famalicão: Ser um território biodiverso!”.
Recentemente o edifício tem sido palco para as atividades do “Pé na Lama”, um projeto que “ambiciona resgatar as infâncias que quase se perdem com o tempo dispensado aos ecrãs”. [ver aqui Associação Famalicão em Transição apoia projeto que incentiva a criatividade infantil]
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