Braga está entre as cidades que concorrem ao título de Capital Verde Europeia em 2026. No total são nove as cidades, com mais de cem mil habitantes, selecionadas para o galardão atribuído pela Comissão Europeia. Além de Braga, Guimarães também faz parte desta lista de cidades que se destacam pelos padrões de sustentabilidade ambiental, social e económica.
“Ser Capital Verde Europeia não é ser uma cidade perfeita, mas sim uma cidade que, apesar dos seus problemas, consegue conjugar a natureza e o ecossistema com a interação humana da forma mais equilibrada possível. Uma Capital Verde tem de refletir o processo de transformação de um território, com o objetivo de ser cada vez mais sustentável e amigo do meio ambiente e é isso que temos vindo a fazer ao longo dos últimos anos, num trabalho que não envolve só o Município, mas também os cidadãos, as instituições e empresas do Concelho”, referiu hoje Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, durante a apresentação da candidatura, que decorreu no Parque da Rodovia.
Segundo o autarca, esta candidatura “é um desafio à participação e envolvimento de todos os Bracarenses na construção da sustentabilidade ambiental e reflete qualidade do trabalho e compromisso contínuo em promover práticas sustentáveis e inovadoras para um futuro mais verde e saudável para todos”. Ricardo Rio lembrou que Braga está “a abraçar a inovação digital e a tirar partido da tecnologia para criar um ambiente urbano mais inteligente e sustentável, com progressos muito significativos em vários domínios, como a mobilidade inteligente, a energia e a participação dos cidadãos”.
Sob o mote ‘Tudo se reduz à natureza’, a candidatura assenta em sete temas. Qualidade do ar; Água; Biodiversidade, zonas verdes e utilização sustentável do solo; Resíduos e economia circular; Ruído, Mitigação e Adaptação às alterações climáticas são os indicadores e boas práticas da Cidade que serão avaliados por um painel de especialistas independentes.
APOSTA NA SUSTENTABILIDADE
Esta candidatura é o reconhecimento dos esforços para transformar Braga numa Cidade mais sustentável e resiliente. Uma das metas já estabelecidas passa por reduzir 55% dos gases com efeito de estufa até 2030 e a criação de um roteiro para a descarbonização que se insere numa visão a longo prazo para alcançar a neutralidade climática até 2050, existindo já trabalho no sentido de alargar os espaços verdes, salvaguardar a qualidade das águas com intervenções nos rios, melhorar a gestão dos resíduos, entre outros.
Braga foi pioneira no desenvolvimento de um Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (que privilegia o peão, a bicicleta e os transportes públicos), para o qual foram desenvolvidas transformações físicas no espaço público. Promoveu o Pacto de Mobilidade Empresarial de Braga, já substituiu 60% da sua frota de transportes públicos por veículos eléctricos e a gás natural (reduzindo 13% de emissões por distância percorrida – um esforço que se prolongará até 2030), está a substituir toda a iluminação pública por lâmpadas LED e a promover a criação de comunidades de energia renovável. A criação do Centro de Sustentabilidade Inteligente.
“Estamos empenhados em implementar políticas que promovam a eficiência energética, a preservação do meio ambiente e estamos muito focados em trabalhar na promoção de uma mobilidade urbana mais sustentável, criando condições de atratividade para a utilização dos transportes públicos, atraindo também utilizadores para os modos suaves como a bicicleta ou modos pedonais”, concluiu Ricardo Rio.
Altino Bessa, vereador do Ambiente, destacou a importância desta nomeação para a Cidade, sublinhando “só o facto de Braga constar nesta lista é motivo de orgulho e a demonstração estamos no caminho certo no trabalho que tem sido feito por todos. Esta é uma oportunidade única para demonstrar as nossas boas práticas e dar continuidade à nossa estratégia ambiental que nos últimos quatro anos nos colocou como um dos melhores municípios no galardão ECOXXI”, referiu.
Abordagem inovadora à gestão ambiental urbana
Uma das medidas que consta nesta candidatura, é a criação de uma nova plataforma – Braga Green AI – Centro de Sustentabilidade Inteligente (BGAi), que representa uma abordagem inovadora à gestão ambiental urbana. Ao tirar partido da inteligência artificial e dos sistemas de dados integrados, a BGAi estabelece um novo padrão para a forma como as cidades podem melhorar as suas práticas de sustentabilidade e envolver-se com as suas comunidades.
A plataforma desenvolverá uma base de dados ambientais a partir de várias fontes e o modelo de inteligência artificial será treinado com conjuntos de dados específicos de Braga. O GBAi funcionará como um polo centralizador das iniciativas em curso nos vários domínios e reforçará o empenho da comunidade local em tornar Braga uma cidade mais verde.
“O objetivo para esta candidatura passa por valorizar os esforços alcançados pelo Município e pelos cidadãos em áreas como a eficiência energética, as áreas verdes, os serviços ambientais, a mobilidade sustentável e a qualidade de vida”, sublinhou Altino Bessa.
Como explicou vereador, Braga possui uma grande variedade de espaços verdes, incluindo parques, jardins e praças no centro urbano, santuários naturais na periferia da cidade e zonas fluviais, agrícolas e florestais. 55% da população urbana vive a menos de 300 metros de um espaço verde público.
O Município tem desenvolvido um conjunto de iniciativas neste domínio, como a regularização, naturalização e repovoamento de massas de água e da sua biodiversidade, a plantação de vegetação autóctone em áreas florestais e nas margens dos rios – foram plantadas mais de 38 500 árvores desde 2014, a recuperação ou criação de novos espaços verdes (Monte Picoto, Ecovia do Rio Este, Rodovia, Parque da Ponte, Parque das Camélias, entre outros) e hortas urbanas (mais de 3 hectares e 5.000 utentes).
Brasov (Roménia), Córdoba (Espanha), Heilbronn (Alemanha), Klagenfurt on Lake Wörthersee (Austria), Linz (Austria), Riga (Letónia) e Rybnik (Polónia), são as restantes cidades na corrida ao título europeu. Até ao momento, Lisboa foi a única cidade portuguesa a arrecadar o galardão, no ano de 2020.
Um painel de sete especialistas independentes irá realizar uma avaliação técnica de cada candidatura, onde serão elaborados relatórios individuais de avaliação. Em Julho serão anunciadas as três cidades finalistas. A cidade vencedora recebe um prémio financeiro no valor de 600 mil euros e irá suceder a Valência, actual Capital Verde Europeia, e a Vilnius, na Lituânia, já eleita para o ano de 2025.
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