A ampliação da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, a renovação e restauro da envolvente à Casa-Museu de Camilo Castelo Branco e a reconstrução do Teatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave são três obras de infraestruturas da cultura que a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão tem em curso.
As três empreitadas significam um investimento total na ordem dos 5,5 milhões de euros, sem contar com os equipamentos.
É o regresso da Câmara Municipal de Famalicão às grandes obras na área da cultura, depois de vários anos de inação. E estas três empreitadas, curiosamente, estão com anos de atraso.
NOVAS VALÊNCIAS NA BIBLIOTECA
As obras de ampliação da Biblioteca Municipal de Vila Nova de Famalicão, que deverão começar em maio deste ano, têm um prazo de execução de um ano e custam à autarquia 1,6 milhões de euros. A empreitada foi adjudicada à Costeira – Engenharia e Construção.
A biblioteca vai ganhar novos espaços, com a criação de uma sala para audiovisuais, uma sala de leitura informal para estudo de grupos, uma nova área para albergar o espólio de Eduardo Prado Coelho e a ampliação da sala de leitura e outros serviços.
As obras de ampliação serão realizadas através da construção de um prolongamento do edifício em pleno Parque de Sinçães, com ligações para circulação em vidro tratado do ponto de vista acústico e térmico.
Para além das obras de ampliação, todo o edifício, que conta 30 anos de existência, será remodelado, modernizado e adaptado às novas exigências tecnológicas.
O presidente da Câmara, Paulo Cunha, lembra que a necessidade mais urgente da obra tem a ver “com o estado de degradação do edifício que apresenta infiltrações e fissuras em diversos locais”.
Procurando adaptar o edifício às atuais necessidades do público, nesta intervenção será valorizada a receção no primeiro piso, será revista a localização do fundo local e aumentada a sala de leitura de adultos.
Também serão criados novos espaços de leitura de audiovisuais, de depósitos de livros, de cafetaria e de garagem, nomeadamente para o bibliomóvel, entre outros melhoramentos.
A autoria do projeto de remodelação pertence ao arquiteto João Eduardo Marta, o mesmo que projetou o edifício, no início da década de 1990. Há cerca de 10 anos, a Câmara Municipal encomendou a esse arquiteto um outro projeto de ampliação da biblioteca, que contemplava a recuparação de uma casa abandonada nas proximidades, onde na década de 1990 funcionou o gabinete municipal de arqueologia, mas a obra ficou adiada e como a autarquia não comprou a referida casa o projeto foi abandonado.
A empreitada foi adjudicada à Costeira – Engenharia e Construção, por 1,6 milhões de euros e um prazo de execução de um ano.
TEATRO REGRESSA A RIBA DE AVE
Com sede em Braga, a Costeira – Engenharia e Construção é também a empresa que está a reconstruir e reabilitar o Teatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave, por 3,5 milhões de euros.
A recuperação do Teatro Narciso Ferreira – um espaço cultural icónico em Riba de Ave – era um projeto que também marcava passo na Câmara Municipal há mais de 10 anos.
Em setembro de 2019, Paulo Cunha entregou a obra à construtora, mas a promessa de a obra ficar concluída “no final de 2020”, como o autarca apontou, não será cumprida.
Com verbas aprovadas no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), assinado entre a autarquia e o Programa Operacional Norte 2020, o município tem garantido um cofinanciamento europeu, no valor de 2,9 milhões de euros, comparticipando o restante.
Para a presidente da Junta de Freguesia de Riba de Ave, Susana Pereira, a recuperação do teatro “é um momento simbólico que traz uma nova esperança à freguesia”.
O Teatro Narciso Ferreira foi inaugurado em 1944 e batizado em honra do empresário têxtil responsável pela construção das fábricas mais importantes de Riba de Ave no século XX.
A requalificação, projetada pelo arquiteto famalicense Noé Dinis, vai preservar os traços exteriores, desenhados pelo arquiteto portuense Manuel Amoroso Lopes, mas remodelar todo o interior.
“Trata-se de um belo exemplar da arquitetura modernista que importa manter”, referiu Noé Dinis, salientando que “a obra deverá homenagear a inovação e caráter empreendedor de Narciso Ferreira e levar a bom porto o desígnio de desenvolvimento que Riba de Ave merece”.
O Teatro Narciso Ferreira vai-se tornar num espaço multifacetado, preparado para espetáculos de teatro, de dança ou de música e para sessões de cinema e capaz de responder às necessidades da própria comunidade, mas também de albergar alguns espetáculos de âmbito mais profissional.
A sala de espetáculos apresentará uma tipologia contemporânea multifuncional, de cota única, contemplando uma bancada telescópica motorizada e um teto técnico integral praticável, características que lhe permitirão configurações cénicas variáveis, capazes de responder tanto a desafios criativos específicos quer a montagens mais tradicionais, e ainda a utilizações de carácter lúdico e de atividades do âmbito da formação e da vida comunitária.
O futuro Teatro Narciso Ferreira também terá todas as condições técnicas necessárias à realização de assembleias, reuniões magnas, atos públicos e sessões solenes; conferências, palestras e apresentações, diversos espetáculos de dança e musicais, teatro, etc.
OBRAS À VOLTA DA CASA DE CAMILO
Entretanto, a Câmara Municipal de Famalicão anunciou o arranque das obras de renovação e restauro da quinta e da casa dos caseiros que viviam na propriedade da Casa de Camilo nos tempos em que o escritor viveu nas terras de Ceide.
Trata-se de outro projeto de valorização da Casa de Camilo que há muito não via a luz do dia e que, segundo Paulo Cunha, “espelha bem a aposta cultural do município na preservação e valorização do património camiliano”.
No entanto, ainda fica por criar a prometida quinta pedagógica, cujos terrenos agrícolas foram adquiridos pela Câmara Municipal há mais de 10 anos.
A empreitada que arrancou em 18 de janeiro, insere-se na candidatura “Rota Camilo: Valorização da Casa-Museu e Cemitério da Lapa”, recentemente aprovada no âmbito do programa operacional Norte 2020, sendo cofinanciada através Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Com um investimento de cerca de 320 mil euros e um prazo de execução de um ano, a obra do restauro da casa dos caseiros e a renovação da quinta permitirão oferecer aos visitantes um cenário tão semelhante quanto o que Camilo experienciou. Além disso, permitirá diversificar a oferta pedagógica, cultural e científica da Casa de Camilo.
Para além deste projeto, a candidatura apresentada em conjunto com a Venerável Irmandade da Lapa, no Porto, prevê ainda a qualificação do Cemitério da Lapa, um monumento de interesse público, onde se encontra o jazigo que guarda os restos mortais de Camilo Castelo Branco.
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