Nas últimas semanas já faleceram nas estradas portuguesas cinco ciclistas. Esta terça-feira ocorreu na Estrada Nacional 309, em Portela, mais um acidente que vitimou um jovem ciclista. Esta situação deverá chamar atenção de todos nós para a gravidade deste problema: a segurança rodoviária dos velocípedes.
Cada vez mais na nossa sociedade, as bicicletas e trotinetes estão presentes e têm de viver em harmonia com os restantes veículos nas estradas. É por demais evidente, que tal veículo é “o elo mais fraco”, dado que qualquer toque pode levar a pessoa a cair e a ferir-se gravemente, ou até provocar a morte.
Sobre isto, temos de abordar o problema das ultrapassagens em Portugal. O nosso código da estrada não permite que em qualquer circunstância, o condutor transgrida a linha contínua para fazer uma ultrapassagem a um velocípede. Logo, o condutor deve aguardar para que se reúnam as condições para ultrapassar em segurança, mantendo uma distância de pelo menos 1,5 metros de distância entre o seu carro e o ciclista. Se o ciclista prosseguir pela berma, será até possível que o condutor ultrapasse sem pisar o traço contínuo.
A verdade é que a realidade na estrada é bem diferente, porque os condutores andam sempre cheios de pressa e têm por hábito passar quase “colados” às bicicletas, por forma a não colidir com os carros em sentido contrário. Logo, esta falta de uns segundos para abrandar e depois prosseguir em segurança, faz com que possa haver uma tragédia, pois como já referi, um ligeiro toque é o suficiente para fazer desequilibrar o ciclista que irá ser projetado para o asfalto.
Para além das “razias” que os automobilistas passam aos ciclistas, umas das causas comuns para vários acidentes que tem ocorrido, é o excesso de velocidade. Por vezes, os condutores nem sequer abrandam, perante a presença de um ciclista, preocupando-se somente em prosseguir o seu caminho.
Logo, uma das causas destes atropelamentos é a falta de civismo dos condutores, sendo causa aliada com a fraca qualidade das estradas, que pode provocar quedas aos velocípedes.
Assim, parece claro que tem havido uma inação para este problema. Repare-se que até agora ainda não houve nenhuma autoridade a pronunciar-se sobre esta situação e não há sequer campanhas de sensibilização dos condutores, para que haja mais zelo e precaução na passagem por um ciclista.
Cabe então ao Parlamento, ao Governo e até há Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária tomarem medidas para mitigar este problema. Desde logo, pela fiscalização aos condutores, que não respeitam a distância de segurança e passam um “fininho” aos ciclistas, e aqueles que ultrapassam em excesso de velocidade. Só com a punição destas condutas é possível mudar estes hábitos enraizados.
Além disto, poderíamos alterar o Código da Estrada no que diz respeito às ultrapassagens a velocípedes, permitindo-se que os condutores possam pisar o traço contínuo para ultrapassar, desde que não haja veículos no sentido oposto.
Outra alteração seria criar um novo sinal de trânsito que avisasse os condutores que aquela via é vulgarmente utilizada por ciclistas e que relembrasse a distância de segurança a manter (1,5 metros). Tal não é impossível e é utilizado de forma eficaz no país vizinho.
Por último, será que faz sentido que o uso de capacete seja apenas recomendado e não obrigatório, sendo que é certo que tal ajuda a prevenir lesões na cabeça em caso de queda?
Claro que estas pequenas alterações não vão mudar a cultura portuguesa do aceleramento. Mas será que o tempo dos condutores é mais valioso do que a vida dos ciclistas? Da próxima vez que se fizer à estrada e se cruzar com um velocípede tenha mais paciência e precaução, afinal vai lá uma vida.
Quantas mais vítimas existirão até que se tome medidas?
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