Aproxima-se o fim de um ano e o início de outro e, apesar de alguma evolução positiva, fica uma sensação de déjà-vu em relação a 2020. Afinal o que (não) aprendemos com a Covid-19?
Durante praticamente 2 anos saltitamos entre põe a máscara, tira a máscara, desinfeta tudo, desinfeta nada. De 2 metros de distância passamos a estar ombro com ombro. Afinal, não aprendemos ainda que a máscara é para manter e que desinfetar espaços é essencial para diminuir o risco de transmissão deste vírus que teima em não nos abandonar.
São universidades que insistem em manter aulas 100% presenciais, negando a possibilidade de quem não quer estar exposto ao risco de contaminação de assistir online, ao invés de manter o regime híbrido na lecionação. Salas não arejadas, não desinfetadas, com mais de 100 alunos e alunas a partilharem o espaço.
Enquanto se emanam orientações para todos e mais alguns, a autonomia do ensino superior parece passar entre os pingos da necessidade de se adaptar à nova realidade. E esta é a nossa realidade. Temos novos cenários de vida e enquanto nos negarmos a aceitar isso, continuaremos a ter confinamentos atrás de confinamentos.
O choque “ocidental” perante novas variantes, não fosse a gravidade da situação, daria para soltar rasgados risos. Continuamos a assistir indiferentes perante as graves carências em países como o Sudão e a Etiópia e, enquanto isso, debatemo-nos com o ranking da “Liga dos Vacinados”, como se o primeiro lugar tivesse algum valor perante a calamidade nos países mais pobres. E de que adianta vacinar 100% um país, se em tantos outros não existem os cuidados mais básicos de saúde? Iremos fechar fronteiras e viver isolados do mundo?
Há 2 anos que falamos da Covid-19. Há muitos mais que a comunidade científica alerta para aquilo que ninguém quer ouvir. Enquanto continuarmos a interferir com os habitats de todos os outros seres vivos, de todos os ecossistemas, novas pandemias irão surgir, novas doenças, mais ou menos fáceis de controlar, irão colocar-se como desafios à sociedade.
Se é certo que são as nossas escolhas que nos definem, é igualmente certo que não existem motivos de orgulho na escolha de deixar para trás quem mais precisa.
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