Ainda a propósito da 2ª. Revisão do PDM de Vila Nova de Famalicão…
A 16 de Setembro, assim que tive conhecimento da proposta monstruosa, vertida na 2ª. Revisão do PDM, para implementação da Unidade de Execução 1 da UOPG 1.3 – Parque Biológico de Brufe (“biológico” só por ironia e/ou para aplacar a consciência de alguns), por um imperativo de consciência procurei denunciar o erro, diria mesmo crime ambiental, que se cometerá se assim vier a acontecer. Denúncia esta que intitulei “Um Banana me Confesso”, publicada no Notícias de Famalicão [ler aqui].
Pela mesma ordem de razão efectuei uma Participação Pública na 2ª Revisão do Plano Director Municipal (registo número FDOC 54279 /2024,FDOC 53714/2024 e FDOC 53687/2024) – colocando a questão: O futuro de Brufe joga-se na sua destruição?
Por ironia do destino, lamentavelmente, não tardaram em registar-se episódios no país vizinho e mesmo no nosso, com consequências graves e muito graves por erros ambientes cometidos. Aqui, aproveito para invocar e homenagear o Prof. Arq. Ribeiro Telles que tanto se empenhou para que este tipo de situações fossem evitadas. Foi o responsável pela criação das Reservas Agrícolas e Ecológicas, com o propósito de limitar erros desta natureza [ver aqui vídeo].
A 7 de Novembro, no seguimento destes episódios, artigo no jornal “Expresso” tem por título “Mais de 100 mil pessoas vivem em áreas de risco de cheias em Portugal continental”.
“Há 63 zonas em Portugal onde existe perigo significativo de inundações fluviais e marítimas. Especialista diz que o número de edifícios e de residentes em risco aumentou cinco vezes em dez anos”.
“Especialista diz que o número de edifícios e de residentes em risco aumentou cinco vezes em dez anos” – mas como é que isto pode acontecer? E quem responde por isto?
Entretanto, dou conta de uma Petição Pública que corre [assinar aqui]. Denuncia a implementação de uma rede viária, na mesma revisão do PDM, prevista para os campos que sucedem a Sul da Urbanização do Vinhal até à avenida, território este, que tem servido de bolsa de retenção das águas das cheias da Ribeira de Bargos.
Lamentavelmente, Vila Nova de Famalicão não foge à regra e não são de agora diversos erros já cometidos nesta matéria, que a seu tempo poderão trazer as suas consequências.
Mas, agora, ficarão responsáveis todos aqueles que, com poderes para isso e/ou por outras razões, decidirem avançar com o “Parque ‘Biológico’ de Brufe” e a implementação da rede viária prevista para os campos que sucedem a Sul da Urbanização do Vinhal, que no seu conjunto têm servido de sistema de retenção das águas da Ribeira de Bargos e por isso evitam as cheias, uma vez que a conduta de escoamento destas águas que atravessa a cidade, da Avenida até ao rio Pelhe, seguramente não comportará o volume de água resultante da impermeabilização destes territórios em consequência dos planos a desenvolver.
A isto acresce o consequente dano na biodiversidade, afectando irremediavelmente o ecossistema existente, que prejudicará a qualidade de vida das zonas envolventes.
Espero nunca ver a Praça 9 de Abril alagada, ora por ter imperado o bom senso, ora porque afinal eu estava enganado.
Parece que estamos a querer construir o futuro sem olhar para os erros cometidos no passado e a ignorar as boas práticas que a experiência tem demonstrado. Pior ainda, estamos a desperdiçar o que estas estruturas ecológicas têm para nos oferecer.
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