Se tudo acontecer como o previsto, e politicamente falando, 2021, será mais um ano, como foi 2020, 2010 e…. 1980. E não vou referir uma década mais atrás, porque desde o 25 de novembro de 1975, vivemos em democracia e mais, importante, com Liberdade.
Como alguém disse, “Não esperes resultados diferentes, se continuares a fazer as coisas da mesma maneira”, mais ou menos isto. E é exatamente neste ponto, que eu gostaria de desenvolver o meu raciocínio.
Os portugueses, são muito avessos a mudanças! Nesses portugueses, incluo também famalicenses, obviamente. A nossa cultura social, que se manifesta na forma de agir, enquanto povo, do Minho, ao Algarve, de Trás-os-Montes ao Alentejo, ou da Madeira aos Açores, não diverge muito.
Temos algumas diferenças, obviamente, sobretudo no que toca à religião e costumes regionais, mas no essencial, somos conservadores. E o que defino como essencial? – Por exemplo, o modo como olhamos a sociedade, do ponto de vista político. Continuamos a votar maioritariamente nos mesmos partidos, desde o 25 de abril de 1975, dia das primeiras eleições livres, pós 25 de abril de 1974: – PS, PPD/PSD, PCP, CDS e UDP (hoje BE).
Poderão dizer-me que, entretanto, surgiu o PAN, a Iniciativa Liberal e o Chega, por ordem do seu surgimento e com deputados eleitos. É verdade, que hoje temos mais alternativas! Contudo, também é verdade que ao nível da Presidência da República, o lugar tem sido ocupado, ora por socialistas ora por social-democratas.
Nas Câmaras Municipais, no Sul, incluindo a zona metropolitana de Lisboa e Vale do Tejo, o poder tem-se alternando entre socialistas, comunistas e social-democratas. No centro, e nas ilhas, entre socialistas e social-democratas e no norte, aparece também o CDS, com alguma expressão.
Dificilmente, nas próximas autárquicas, a realidade será muito diferente. A explicação que tenho para esta situação da política não se renovar, não é a que aparece muitas vezes nas redes sociais, nos cafés ou a apresentada por políticos populistas.
Nós, portugueses, temos um défice muito grande de literacia política, económica e financeira. Nós, portugueses, temos um grande interesse pelo futebol, somos quase todos treinadores de bancada, mas não temos o mesmo interesse pela política, o que torna a mudança mais improvável de acontecer.
Lembro-me que após o 25 de abril, toda a gente discutia política, novos e velhos, com uma grande ânsia de participar na construção de uma sociedade democrática, mas também uma sociedade livre e desenvolvida.
Ainda alguém se lembra dos três D? Dos três D, o de Democratizar, apesar de tudo foi o que correu melhor, já que a Descolonização deixou os países descolonizados em grande instabilidade política, económica e social, já que todos eles ficaram sob domínio comunista. O resultado não poderia ser outro que não a pobreza generalizada e a gestão corrupta dos bens públicos. Aqui há uma feliz exceção, que é Cabo Verde, porque conseguiu democratizar-se e ver-se livre de governos totalitários.
Em termos de Desenvolvimento, Portugal está muito aquém de países que saíram de ditaduras de leste, há muito menos tempo, apenas há 30 anos. No IDH, Indice de Desenvolvimento Humano de 2020, que compara o desenvolvimento geral de um país, Portugal apenas surge, de facto, apenas à frente de dois países de Leste, Bulgária e Roménia, já que o nosso país está com a Eslováquia e Hungria logo a seguir, o que, com o maior crescimento económico destes países, em 2021 ou 2022, seremos facilmente ultrapassados.
Para concluir esta minha crónica, direi que o maior obstáculo que o país enfrenta em 2021, é o seu desenvolvimento económico e social. A educação é a chave do desenvolvimento das sociedades. Em Portugal, preferimos investir em Academias de Futebol (Famalicão também tem uma), em vez de investirmos a sério na educação, exigente e inclusiva, que não deixe ninguém para trás, nem agarrada a dogmas do passado do “ensino público”, como a única receita para a qualidade e a universalidade do ensino. Apenas, uma idiotice.
Após este desabafo, sobre a Educação de qualidade que o país não tem, gostaria muito que o Ano Novo, não tivesse políticas velhas. A começar pela próxima Presidência da República e a acabar na Presidência da Câmara Municipal de Famalicão. Não há nenhum indício que o ano de 2021 e seguintes, sejam muito diferentes dos anos anteriores. As mesmas políticas com os mesmos protagonistas, não darão resultados diferentes!
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