Nesta terça-feira, 12 de julho de 2022, o dia mais quente do ano, com temperaturas acima dos 40 graus centígrados, passei pela pequenina Alameda de Luís de Camões – que faz a ligação pedonal entre a antiga igreja matriz de Vila Nova de Famalicão e o Parque da Juventude –, para confirmar com os meus olhos os sinais de degradação da via e do abandono a que está votada pela Câmara Municipal.
Não estou a falar de uma artéria da periferia urbana, mas de uma via localizada bem no centro da cidade e muito frequentada.
Enquanto os seus comerciantes fazem o que podem pelos seus negócios, na via pública o cenário é pouco atrativo com ervas daninhas no lugar de árvores frondosas e bancos que só não torram ao sol porque são feitos de betão ou coisa parecida.
Por mera curiosidade, e porque a força dos números é sempre incontestável, estive a contar os canteiros destinados a árvores que foram abatidas e que agora estão ocupados por ervas daninhas. E contabilizei 13 árvores em falta, relativamente ao projeto paisagístico inicial, numa rua de apenas 100 metros de comprimento! É muita árvore abatida!…
O mesmo cenário acontece na contígua e histórica Praça 9 de Abril. Ali, duas árvores caíram durante um temporal, em 2015, e nunca mais foram plantadas árvores da mesma espécie. Nem sequer plantaram arbustos daqueles que agora foram espalhados pela Praça D. Maria II e na Praça Mouzinho de Albuquerque, no âmbito da empreitada de milhões que nunca mais acaba. Mais recentemente, abateram outra árvore, deixando o tronco à vista, talvez para mostrarem “a linda obra feita”.
Como tem sido regra na cidade de Vila Nova de Famalicão, por cada árvore que é abatida não é plantada uma árvore nova da mesma espécie. Em vez disso, nascem as ervas daninhas. E esse é o problema.
É caso para perguntar o que andará a fazer o pelouro da Manutenção do Espaço e Equipamentos Públicos, cujo trabalho se nota pelo crescimento de ervas daninhas onde antes cresciam árvores.
O desrespeito pela natureza e pela qualidade de vida urbana, e por consequência, pelos famalicenses, é gritante. Às vezes, não sei onde é que os decisores municipais pensam que vão buscar o ar puro que precisam para respirar.
Outro problema reside na notória falta de brio pelo trabalho de embelezamento da cidade, o que indicia laxismo e desinteresse pelo serviço público à comunidade.
É fundamental inverter este caminho. A cidade de Vila Nova de Famalicão tem de recuperar rapidamente a capacidade de se renovar diariamente como um espaço amigo do ambiente e da qualidade de vida humana.
É fundamental que a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão lance no terreno um verdadeiro plano de rearborização da cidade, começando pelas árvores abatidas e não replantadas. Sob pena de ficarmos com o ar cada vez mais bafiento e irrespirável. Começando por aí, já não seria nada mau.
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