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Quarta-feira, 2 Abril 2025
Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Acidente Vascular Cerebral: a emergência silenciosa

Anualmente, 25 mil portugueses sofrem um AVC dos quais cerca de 10 mil não sobrevivem.

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Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Famalicão

No dia 29 de Outubro celebra-se o Dia Mundial do AVC. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua a ser uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal. Em média, cerca de 25 mil portugueses sofrem um AVC anualmente, dos quais cerca de 10 mil não sobrevivem. Este número alarmante reflete a importância da consciencialização sobre os fatores de risco, sintomas e a necessidade de uma resposta rápida e eficaz.

O AVC ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, causando a morte das células cerebrais em minutos e levando a consequências que podem ser devastadoras.

Os AVCs dividem-se em dois tipos principais: o isquémico, causado pela obstrução de uma artéria cerebral, e o hemorrágico, decorrente da ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro. Ambos os tipos podem causar sintomas que variam desde fraqueza num lado do corpo até dificuldades de fala, visão e coordenação motora.

Portugal enfrenta o desafio do AVC com uma população cada vez mais envelhecida e que, muitas vezes, apresenta condições de saúde que agravam o risco de sofrer um acidente vascular cerebral. A hipertensão arterial, o tabagismo, a diabetes e o sedentarismo são fatores de risco que permanecem elevados. Apesar dos esforços das entidades de saúde para promover estilos de vida saudáveis. Por outro lado, muitos portugueses ainda desconhecem os sinais de alerta de um AVC e a importância de procurar ajuda médica.

A urgência na resposta é crucial para reduzir os danos provocados pelo AVC. A frase “tempo é cérebro” sintetiza bem esta realidade: quanto mais rápido for o tratamento, maiores são as hipóteses de recuperação. É por isso que é fundamental reconhecer os sinais de alerta que habitualmente se designa “os três F”:

  • fala (alteração do discurso, voz arrastada);
  • face (a chamada “boca ao lado”)
  • força (falar de força num dos braços).

Contudo, a rapidez com que a vítima chega ao hospital também é crucial, e Portugal tem apostado na criação de “vias verdes” que priorizam o atendimento a doentes com sintomas de AVC.

Independentemente se a pessoa se desloca pelos seus próprios meios, deve ligar sempre para o 112 que vai preparar os procedimentos e as equipas da Via Verde AVC.

Ainda assim, os desafios persistem, especialmente nas zonas mais rurais, onde o acesso rápido a cuidados especializados pode ser difícil. É importante garantir que as equipas de socorro estejam equipadas e preparadas para uma resposta mais rápida, promovendo a criação de mais unidades de AVC no interior do país, de forma a reduzir o tempo de resposta.

Além dos desafios físicos, o AVC traz também desafios emocionais e sociais, tanto para os sobreviventes quanto para as suas famílias. A recuperação pode envolver meses de fisioterapia, terapia ocupacional e apoio psicológico, exigindo resiliência e adaptação à nova realidade. Neste sentido, o apoio às famílias e aos doentes é essencial, mas muitas vezes insuficiente.

Prevenir, identificar e agir rapidamente são os três pilares para combater o AVC. Portugal tem feito progressos na prevenção e tratamento do AVC, mas é preciso continuar a investir na educação da população sobre os riscos e sinais da doença. Este é um problema de saúde pública que exige ação coletiva, desde políticas de prevenção até ao reforço de estruturas de reabilitação. É essencial que todos estejam atentos e saibam que, em caso de suspeita de AVC, o tempo é o maior aliado na luta contra esta emergência silenciosa.

 

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