Ainda devemos estar todos a pensar como foi possível o primeiro-ministro Luís Montenegro, ter um ato de autossabotagem política levando consigo o PSD e o País.
Nem os melhores argumentistas conseguiam escrever um capítulo da política portuguesa com tanto drama.
Não entendo como Luís Montenegro, primeiro-ministro, escolheu o caminho da vitimização como estratégia para desviar atenções de um problema que, ironicamente, foi ele próprio a criar.
Quem tudo quer, tudo perde.
Cabe na cabeça de alguém que o primeiro-ministro receba avenças de grandes grupos?
Mais importante que a forma é a intenção, claramente havia interesses desses grandes grupos em serem clientes da empresa de Luís Montenegro.
Certamente não eram os serviços de RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) que os grandes grupos estavam interessados, mas sim no poder de um primeiro-ministro.
Chamo a atenção que tudo isto foi descoberto pelo Jornal Expresso e até à data nada se sabia sobre esta trapalhada.
Claro que depressa o “incêndio” tomou proporções incontroláveis, com o primeiro-ministro a fugir das questões dos jornalistas, da oposição e de todos os portugueses.
Mas explicar o que não tem explicação é difícil e a decisão de provocar novas eleições, em vez de enfrentar as questões que pairam no ar, revela uma tentativa clara a todo o custo de fugir das respostas.
Desde o início, o Partido Socialista (PS) demonstrou responsabilidade para viabilizar o governo de Montenegro.
Sim, vamos a factos.
O PS viabilizou o Orçamento de Estado e ainda salvou o governo de Luís Montenegro de duas moções de censura.
No entanto, não se pode pedir ao PS que ignore a necessidade de transparência e responsabilidade e todos sabemos que a exigência de uma comissão de inquérito para clarificar as suspeitas que envolvem o primeiro-ministro foi um pedido legítimo.
Não esperava que a estratégia de vitimização e chantagem de Montenegro, fosse tão longe e tão vergonhosa.
É ponto assente que o PSD está sequestrado por forças de poder e prova disso é o silêncio apesar da discórdia.
O primeiro-ministro prefere lançar o país num novo ciclo eleitoral, com todos os custos e incertezas que isso implica.
Esta decisão não só desestabiliza a política nacional, como também revela uma falta de compromisso com os Portugueses.
Minha culpa, minha tão grande culpa, devem pensar aqueles que confiaram o voto a Luis Montenegro.
Este é um caso claro de um político que se serviu do País. Nós precisamos de políticos que sirvam o País e não que se sirvam do País.
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