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Sábado, 21 Dezembro 2024
Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

À sombra da memória: A vida dos cuidadores na doença de Alzheimer

O apoio para cuidadores é escasso. Sentem-se exaustos, sozinhos e frequentemente esquecidos pela sociedade que parece não ver o custo invisível desse trabalho.

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Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Famalicão

No próximo dia 21 de setembro assinala-se o dia mundial da doença de Alzheimer. A doença de Alzheimer, com sua lenta erosão das memórias e capacidades cognitivas, não afeta apenas o doente. Ao seu redor, há uma rede muitas vezes invisível de cuidadores, cujas vidas são transformadas por essa jornada silenciosa de amor e sacrifício.

Imaginemos um dia comum para essas pessoas: ao amanhecer, começam as suas rotinas com a mesma esperança de qualquer outro dia, mas com a preocupação de que cada momento pode trazer novos desafios. Estes cuidadores, muitas vezes familiares próximos, dedicam-se a um trabalho que exige paciência e uma força emocional que poucos conseguem compreender totalmente.

A cada dia, enfrentam a repetição de histórias esquecidas, a dificuldade de reconhecer rostos familiares e a necessidade de orientar uma pessoa que, em muitos aspectos, se torna uma criança dependente. A memória, que antes era uma fonte de conexão e identidade, torna-se um terreno incerto e instável. E é nesse terreno que os cuidadores caminham, tentando manter o equilíbrio entre o passado e o presente.

A função de cuidador é exigente tanto a nível físico como mental. A luta para manter a dignidade e a qualidade de vida do doente muitas vezes resulta numa batalha interna para os cuidadores. Sacrificam-se à custa da própria saúde, para garantir que os seus entes queridos recebam os melhores cuidados de saúde possíveis.

O apoio para estes cuidadores é escasso. Sentem-se exaustos, sozinhos e frequentemente esquecidos pela sociedade que parece não ver o custo invisível desse trabalho.

O descanso do cuidador e o apoio psicológico são cruciais, mas muitas vezes inadequados ou de difícil acesso. A realidade é que muitas destas pessoas enfrentam esta carga em silêncio, com pouca ajuda externa. O dia a dia dos cuidadores de doentes de Alzheimer é um testamento de amor e resiliência. É um lembrete de que, por trás de cada doente, há uma pessoa cuja vida foi moldada pela compaixão e pela dedicação. O reconhecimento e o apoio aos cuidadores não é apenas um ato de justiça, mas uma necessidade urgente, pois sem eles, o impacto da doença seria ainda mais devastador.

Devemos por isso, prestar atenção às histórias que se desenrolam nas sombras da memória, oferecer apoio e reconhecimento a estes cuidadores e lembrar que a dignidade está em reconhecer e valorizar o sacrifício dos que caminham ao lado dos seus familiares na luta contra a doença.

 

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Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.
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