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Vila Nova de Famalicão
Sábado, 21 Dezembro 2024
José Carvalho
José Carvalho
José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.

A saga do transporte coletivo em Famalicão e a ameaça de ficar tudo na mesma

Em 2021, o Município de Famalicão anunciou um investimento de 54 milhões de euros numa nova rede de transportes públicos rodoviários, a aplicar num intervalo de tempo de 8 anos. Ou seja, 7 milhões por ano, num valor aproximado de 50 euros por famalicense, independentemente da sua idade ou condição.

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José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.

Famalicão

“Algo deve mudar para que tudo continue como está.”
Giuseppe Tomasi di Lampedusa

Há tempos comentavam-me que para fazer a viagem de autocarro de Arnoso Santa Maria para Famalicão tinha um custo de 2,60 euros (só ida), com “cartão” 2,30 euros. Ou seja, a viagem de ida e volta custa cerca de 5 euros. O tempo de viagem é de 23 minutos, mas com uma grande limitação de horários [ver imagem 1]. Claro que esta não é a solução para a grande maioria das pessoas.

Imagem 1 disponível em https://avemobilidade.pt/plan-route

Para uma consulta para quinta-feira, dia 15, o site devolve a informação que a partida mais próxima é às 09h22.

Reconheço que o tema dos transportes coletivos ocupa uma parte importante dos recursos do Município. Por exemplo, em setembro de 2021 o município anunciava um investimento de 54 milhões de euros numa nova rede de transportes públicos rodoviários, a aplicar num intervalo de tempo de 8 anos. Isto dá perto de 7 milhões por ano, num valor aproximado de 50 euros por famalicense (independentemente da sua idade ou condição).

Parece-me um valor considerável, mas se o mesmo permitir poupar no uso do transporte individual (carro), poderemos ter um retorno muito interessante, tanto no rendimento das famílias, que podem poupar no orçamento do carro, mas também para o Município pela redução da fatura de construção e manutenção da rede viária. Isso para não falarmos nos ganhos ambientais, de segurança e de qualidade de vida de um território mais liberto de trânsito automóvel.

Ora bem… mas para resolver um problema não basta atirar dinheiro para cima dele (uma estratégia clássica em Portugal). É preciso algo mais. Reconhecendo não ter os elementos todos para avaliar a bondade do projeto, fico preocupado quando no mesmo texto se diz: “uma melhoria indiscutível no uso, cobertura e eficiência do transporte público rodoviário em Famalicão, permitindo um aumento significativo do número de quilómetros percorridos pelos autocarros em Famalicão, passando de 1,5 milhões kms/ano para cerca de 3,5 milhões kms/ano.”

No entanto, a eficiência não é percorrer mais quilómetros. A eficiência é percorrer os mesmos quilómetros, mas com mais utentes. Para além disso, mais importante que a eficiência é a eficácia. Ou seja, a capacidade de aumentar o número de utilizadores deste tipo de transportes maximizando o seu nível de satisfação (disponibilidade horários, tempo de viagem, interligação com outras soluções de transporte,…) e, sobre isso, nada fiquei a saber.

Por exemplo, alguém já tentou perceber porquê que o Voltas (transporte circular da cidade) só leva um ou duas pessoas por percurso? É o preço (1 euro)? A rota está bem desenhada? O tempo da viagem é adequado? Quais são os incentivos à comunidade escolar, nomeadamente a residente no centro para usar o Voltas? Há preços especiais para estudantes? Etc.

Por outro lado, vejo uma expansão urbana que ocupa irracionalmente o território. Os técnicos do Município usam muitas vezes o conceito de densificação. A ideia é onde já temos espaços construídos tentar aproveitar aquele espaço ao máximo, devidamente equilibrado com as zonas verde e rede de transportes.

Estranhamente, pelo menos duas das últimas novas Unidade de Execução do Município (plano de urbanização) localizam-se longe do centro da cidade em áreas de transição para o espaço rural – ver imagem abaixo 1) Unidade de Execução 1 da UOPG 1.8 – Pelhe (U.F. de Vila Nova de Famalicão e Calendário e U.F. de Esmeriz e Cabeçudos)  2) Unidade de Execução de Sobrado (Requião).

Localização das Unidades de Execução

Quanto mais espalharmos habitação, mais difícil será criar uma rede de transportes coletivos acessível a todos os famalicenses.

Imagem disponível em https://famalicao.city-platform.com/app/?a=transportes_publicosInformação adicional: rede de autocarros do Concelho, uma malha incompleta. Fonte: http://b-smart.famalicao.pt/

 

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José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.
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